PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Nomes
da caridade.
São Paulo, falando
da fé, afirma que é ela que salva (Rm 5,1). Não está dizendo que bastar dizer eu
creio e já está salvo e Jesus cobre nossos pecados. Paulo está
fazendo a relação entre as obras da lei e a fé em Jesus. São Tiago completa a
interpretação de Paulo: “mostra-me tua fé sem obras, que te mostrarei a fé
através de minhas obras” (Tg 2,18).
Paulo, descrevendo a caridade, explicita que ela é superior. A fé está
em relação à caridade. “Se eu tiver a fé a ponto de transportar montanha e não
tiver a caridade, não seria nada” conforme Paulo escreve no seu hino à caridade
(Rm 13,2). A fé existe na aceitação de Jesus no coração e nas mãos. É uma opção
de um modo de viver que orienta a vida. A caridade, que também tem nome de
amor, deve impregnar toda a vida e tudo o que fazemos. Paulo tem 4 versículos
mostrando como nos educa ao relacionamento com os outros: “A caridade é
paciente, prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho.
Nada faz de inconveniente, não procura o próprio interesse, não se irrita, não
guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera , tudo suporta” (1 Cor 13,4-6). Este
relacionamento parte do interior do coração e envolve todo o ser e atitudes. Na
realidade, é uma virtude e rara. Ela é a única religião. O testemunho da
caridade é o único que pode mover o coração. Algumas atitudes, como milagres,
causam admiração, mas não movem à conversão. A caridade sim.
Cultura do amor.
O documento de
Puebla proclama a “civilização do Amor”. Podemos ver pela história que
as pessoas que verdadeiramente deixaram um caminho a ser seguido, foram os que
mais expressaram a caridade. Belo é ver S. Francisco de Sales educando-se para
se tornar um homem extremamente gentil e bom, ele que era um homem muito
nervoso e irritadiço. A caridade o fez um homem tratável. Santo Afonso tirava
os sapatos de noite para não incomodar os confrades. Dos primeiros cristãos se
dizia: “Vede como se amam”. Criar uma cultura do amor é implantar em nós o
gesto de Jesus lavando os pés dos discípulos. Suas Palavras são claras: “Se eu,
o Mestre e o Senhor vos lavei os pés, também deveis lavar os pés uns dos
outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo
13.14-15). Jesus fez este gesto na instituição da Eucaristia que é o repartir o
pão e não um rito a ser lido às presas e com ritualismos. Jesus, com a
Eucaristia dá o sentido de sua morte: “Todas as vezes que comeis desse pão e
bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha” (1 Cor
11,25-26). O amor de serviço é a interpretação de sua morte. A caridade vai
além da curva de nossos pensamentos miúdos.
Caridade a ser ensinada.
É fundamental, para a criação da civilização do amor, a
formação na caridade cristã. Se não temos oblatividade e gratuidade em nosso
amor, não saberemos jamais o que é o amor cristão. Servir é viver o amor. E
isso faz falta em nossa sociedade que se diz cristã. Maria é o exemplo acabado:
serviu Isabel em lugar de ficar fazendo fantasias porque estava carregando em
seu seio o Filho do Altíssimo. Por isso, ela foi grande. “Quem ama a Deus, ame
também seu irmão” (1 Jo 4,21). Servir o irmão é a melhor forma de amar.
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