PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Provai e
vede como o Senhor é bom!
Felizes os convidados para a ceia
do Senhor! Na Escritura sempre encontramos o acontecimento de um banquete
ligado à disposição de Deus de estar conosco e nos encontrar em um convívio. A
intimidade de um convívio com Deus vai mais longe e passa à união mística que
chamamos impropriamente de experiência de Deus. Não podemos expressar o que
seja a experiência, porque é um fato individual e indecifrável. Pelo fato de
ser difícil a explicação, acabamos por dizer que é algo que não se refere a
mim. Apesar desta opinião, a experiência de Deus na liturgia é aberta a todos e
perfeitamente acessível. Precisamos compreender como se faz esta experiência.
Ela tem diversas fontes e conduz sempre a provar como é bom o Senhor!
Fontes
da experiência de Deus na liturgia.
Falar de experiência de Deus não é
imaginar algo completamente fora do alcance humano. A partir da Encarnação do
Filho de Deus, tudo ficou muito à mão. Na liturgia, continuada encarnação,
temos diversos aspectos: primeiro a experiência de Deus que é proporcionada
pelos ritos sacramentais com suas palavras e sua sacramentalidade que realiza
aquilo que simboliza. Temos a seguir a experiência que nasce dos sinais
materiais da celebração. O toque dos sentidos na matéria do sacramento tem sua
reação espiritual, pois são o que era a carne física de Jesus que nos colocava
em contato direto com a divindade. Temos o aspecto do irmão que, ao meu lado,
forma a assembléia, pois “onde dois ou três estão reunidos em meu nome eu estou
no meio deles”. Celebrar ao lado do outro, mesmo desconhecido é uma fonte de
encontro com Deus. Temos a experiência da presença do Espírito em cada um de
nós. Ele reza em nós, mesmo quando não sabemos o que dizer. É necessário estar
aberto e feliz com a presença deste Dom do Pai pedido pelo Filho. Ele nos
instrui quanto à Palavra e nos fornece a graça do Sacramento. Podemos dizer que
temos uma fonte no local físico onde estamos celebrando. Jacó já dizia: “Este
lugar é terrível, é casa de Deus e porta do Céu” (Gn 28,17). Como as pedras
celebram conosco, são elementos de experiência. Não são também vazios os
gestos, os cantos e os movimentos. A pessoa inteira é que celebra. Nenhum
sentido está ausente. Assim, com corpo e mente participamos da celebração.
Ninguém passa pela liturgia sem ser “tocado” por Deus
Experiência
que Deus faz de nós.
A experiência não depende
somente de uma vontade de experimentar, mas também da vontade de Deus que quer
nos experimentar e saborear para poder dizer quanto Lhe somos agradáveis. É um
mistério, isto é, realidades que aprofundamos sempre mais. Não nos esqueçamos
de que Deus sente grande alegria em estar conosco, como nos relata o livro dos
Provérbios: “Minhas delícias são estar com os filhos dos homens” (Prov 8,31).
Por isso Santo Afonso afirma no seu livro Falando familiarmente com Deus: “O
coração do homem é o paraíso de Deus” . Podemos assim compreender que a
celebração litúrgica, que tem tanta riqueza de experiência, tem como ponto de
encontro também o Deus que nos experimenta, nos prova e nos anima a provar
quanto Ele é bom.
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