PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Riscos da
acomodação cristã.
Estamos
felizes com nossa fé, tanto católicos como evangélicos que temos no evangelho a
fonte de inspiração. As igrejas estão cheias e os “negócios” vão bem. A
consciência está apaziguada. Belo! Mas tristemente belo. Temos uma fé que nos
satisfaz, dá-nos um ar de “santos” pelas longas rezas que fazemos, jejuns,
devoções, freqüências à Igreja, cultos maravilhosos etc... Estamos deitados em
berço esplêndido, de boa realização humana, espiritual e psicológica. É bom.
Graças a Deus. O que é a satisfação humana e o que é a satisfação cristã?
Quando podemos nos sentir cristãmente realizados? A maior tentação do “diabo” é
a acomodação, pois com ela pode-se cometer um bom pecado de ver o irmão
sofredor, com fome, sede, prisioneiro de tantos males e doente e não fazer nada
nem se preocupar. É como diz S. Tiago: “Se vemos o irmão necessitado e alguém
lhe disser: ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos e não lhes der o necessário
para sua manutenção, que proveito haverá nisso?” (Tg 2,15-16). Traímos a fé em
Jesus. Basta perguntar a alguns “piedosos”, o que fez pelos necessitados, que
veremos a desculpa esfarrapada. Digo isso porque também passo por este
problema. Alguns fazem uma feroz cata aos adeptos e não fazem absolutamente
nada nem por seus fiéis. Nossos dízimos melhoram, mas a pobreza aumenta sempre
mais.
O sonho de Jesus.
Quando
Jesus vai a sua cidade, conforme seu costume, vai à sinagoga. Era um homem que
participava e era um bom leitor e comentarista da Palavra, pois lhe deram o
livro para ler e explicar. Abre o livro do profeta Isaias e proclama, a partir
da Palavra de Deus, seu programa de vida e sua missão: “O Senhor está sobre
mim, porque me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar a
remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a
liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,16-24
– Is 61, 1-2). Este programa que quis para si, queria para seus seguidores,
seus discípulos, nós. O sonho de Jesus não era fora do alcance nem era uma
utopia. Este sonho Ele o realiza com suas palavras, suas atitudes e com sua
própria vida e morte. Seu sonho despertou outros corações. Mas foi causador de
forte reação.
Não falsifiquemos o
Evangelho.
Há 5
evangelhos, dizia um pastor argentino: os quatro conhecidos e o 5º. Este é
aquele que nós sublinhamos e escolhemos para nós, feito de frases selecionadas.
Às vêzes nem são frases do Evangelho. Pregamos doutrinas, criamos estruturas,
cerimônias e tradições que podem chegar a ser contra o evangélico. É preciso
comparar nosso projeto de vida com o de Jesus. Nós nos satisfazemos com uma
doutrina de frases decoradas ou citações do evangelho que são ótimas, sobretudo
porque não nos comprometem. Na realidade estamos traindo a maneira de Jesus
compreender sua vida e missão. Há muito que se renovar em nossas igrejas.
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