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| PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) SACERDOTE REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR |
A espiritualidade a partir da vida da comunidade é estar em Cristo como um modo normal de se viver. Espiritualidade não são momentos, mas uma vida, um estilo de vida, um projeto de vida. Ser em Cristo não é uma idéia, é uma vida, como Jesus nos explica com a parábola dos ramos unidos à árvore, como Paulo nos fala dos membros do corpo. “Permanecei em mim e Eu permanecerei em vós” (Jo 15,4). Ser em Cristo, estar unido a Ele é estar unido a seu ser e seu agir. O que Cristo fazia nós o fazemos. Continuamos sua missão. A missão de Cristo é anunciar a presença do Reino de Deus. Jesus anuncia esse Reino, e nós, por estarmos unidos a Ele, somos também seus anunciadores. Por isso, a dimensão apostólica é necessária, como o ar para se viver. Ser missionário não é uma opção feita na Igreja. Não é um gosto pessoal ou uma vocação recebida. Podemos optar quanto ao modo de realizar essa dimensão de nosso ser cristão. Anunciar parte do ser em Cristo. Na Igreja cada um assume essa missão que é de todos. Cada um vai anunciar como sabe e como pode. Desde a oração, a participação, até os empreendimentos mais carismáticos, são meios de atuar na missão. Isso é espiritualidade. Podemos perceber na Igreja o quanto as pessoas que realmente foram unidas a Cristo se dedicaram de todos os modos e com tanta criatividade para anunciá-lo. Maria Celeste Crostarosa, a fundadora da família redentorista, diz que quem conhece o Amado faz de tudo para torná-lo conhecido. Por aí podemos nos perguntar se nossa falta de apostolado não é um sintoma de nosso distanciamento de Jesus. É bom sinal o interesse pela salvação dos outros.
Uma missão que continua
Há uma única missão em Cristo que continua no mundo. Jesus pregou através das palavras, dos milagres, das atividades e através de sua presença. Essa missão de anúncio através da palavra continua em todos os que, de um modo ou de outro, anunciam Jesus. Temos tantos meios atualmente, que nem Jesus tinha. Multiplicamos as palavras de Jesus através dos belos e potentes meios de comunicação. Imaginemos Jesus com um canal de TV nas mãos... Ele continua sua missão através de nossa criatividade. Jesus não deixou nada escrito. Sua missão de escrever (uma vez escreveu no chão – não sabemos o quê) continua em nossos escritos. Jesus curava para indicar o cuidado de Deus por todos. Nós a continuamos quando cuidamos em dar vida às pessoas. Jesus era missão quando estava com as pessoas, amando-as, acolhendo-as, tocando-as e deixando ser tocado. Cada gesto nosso continua seu toque amoroso. Essa missão preciosa continua através de nossa presença. A Igreja é consciente de sua missão, mesmo em suas fragilidades.
Jesus continua em seus discípulos
O discípulo continua Jesus. “Eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20). Não se trata de um estar junto, mas de estar em. Primeiramente os discípulos estiveram com Jesus e depois foram enviados a anunciar (Mc 3,14). Entre o Mestre e o discípulo há uma união. Essa união de missão da Igreja de anunciar não é distribuir os bens de Cristo, mas ser mediadora da presença de Cristo no mundo. A missão é prolongar e difundir no mundo o único mistério da salvação. Missão e espiritualidade são uma só coisa porque se trata de uma união de pessoa em ação. Cada cristão é testemunha de Jesus Ressuscitado. Não só proclama, mas é mediador de sua ressurreição no mundo, um ponto de encontro entre Deus e todas as pessoas. Nessa união de pessoas e missão nós nos santificamos. A comunidade apostólica continua Jesus, sua pessoa, presença e missão.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM OUTUBRO DE 2007
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