Ao escrever sobre S. José, sinto o quão pouco conheço de sua pessoa. É o grande risco que temos de passar por cima dos assuntos sem procurar penetrar sua realidade. Ao menos conhecer o que dele disseram. Vemos no livro de oração da Igreja, o Ofício Divino, que o oficio das leituras é de um sermão de S. Bernardino de Semana (séc. XV). A liturgia da Missa e do Oficio nos dão o que a Igreja pensa de S. José. A posição de José na História da Salvação está um tanto vaga, ou por não haver necessidade, porque estava clara ou porque não se sente necessidade de uma busca mais aprofundada dessa pessoa fundamental na infância de Jesus, ao lado de Maria. Um primeiro elemento que pode nos iluminar é o termo “patriarca”. Está na linha dos patriarcas do Antigo Testamento. Recebeu uma missão e recebe as comunicações de Deus como os patriarcas: “José é o último patriarca bíblico que recebeu o dom dos sonhos”. Tem-se a impressão que cada patriarca resume em si, tanto as promessas de Deus como a resposta humana. Guiava-se por Deus. Diz a Carta aos Hebreus que “eles caminhavam como se vissem o invisível” (Hb 11,27). Eram sempre pais de um povo, condutores e canais de encontro com Deus. Eram instrumentos nas mãos de Deus e por outro lado estavam diante de Deus pelo seu povo. Deus conduzia o povo na segurança da fé e na resposta obediente. Vemos Abraão. Ordens concisas que resumiam uma vida. Em Jesus se completa essa missão. José faz a passagem...
Justo de Deus
No Evangelho da infância, ao falar do momento da decisão tão difícil, o evangelista vê nele um homem justo que vai levar avante a missão do Filho de Deus. Não é possível ver Jesus só como o Salvador glorificado. Mas há todo um caminho. Ele passa por um homem a quem Deus confiou seu Filho. Lemos no prefácio da missa: “Sendo ele um homem Justo, vós o destes por esposo à Virgem Mãe, e, servo fiel e prudente, o fizestes chefe da vossa família para que guardasse como Pai, o vosso Filho único, concebido do Espírito Santo. Vemos assim como a História da Salvação se repete e se realiza de acordo com cada etapa, através de homens e mulheres justos. O termo justo é riquíssimo, mas simplíssimo também. Como a Encarnação foi o orvalho sobre a terra. Sereno e completo. O termo “justo” se refere a Deus. Não tem o sentido da justiça aplicada aos outros, mas da justiça que é um dos atributos de Deus. Deus escolhe homens justos que têm essa opção por Ele como Justiça, diríamos: Santidade. Só um justo, mesmo sendo jovem, como é seu caso, tem as condições de realizar os planos de Deus. Deus não tem medo do jovem. Eles também podem ser instrumentos de Deus na salvação. E são.
José, Pai!
A paternidade de José está também na linha da descendência de Davi. A Mãe dava a raça e o pai assumia a paternidade de Deus. O prometido Messias seria da família de Davi. Por isso é chamado de Filho de Davi: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (Mt 1,20). Lembramos: “O evangelho o apresenta como uma figura fundamental no desígnio do amor do Pai, com uma função de ser sinal privilegiado da paternidade de Deus” (Missal Dominical. Ed.Paulinas). José será conhecido como o pai de Jesus. Não porque não soubessem, mas assim era apresentado por Deus: “Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo” (Id 17).
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