quarta-feira, 22 de setembro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “O Espírito falará por vós”.

PADRE LUIZ CARLOS DEOLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Um mundo pegando fogo.
 
A história do mundo foi sempre uma fogueira. Diante dos inúmeros problemas que o mundo vive, o fiel cristão é convidado a estar firme: “Permanecendo firmes ireis ganhar a vida” (Lc 21.19). Por que tanto sofrimento no mundo? Os séculos tiveram uma história marcada pela guerra, pela dor e pelas lágrimas. Quanto sangue derramado inutilmente! A ciência não foi capaz passa de mudar este esquema. Pela loucura de poucos, o mundo se banha de sangue. É notícia de jornal por uns dias, depois se esquece e de uma notícia se para outra. O Papa não deixa de lembrar as guerras esquecidas que duram há anos. Quando trabalhava na Angola, havia uma guerra civil que durava ha mais de 30 anos. Ali via passar as colunas de tanques e tantos soldados jovens. Iam para a região de combate e quem voltava? Quase ninguém. Com a guerra vem a falta de tudo, sem falar dos mortos e mutilados. Eu atendia o hospital e, passando na secção dos feridos, via cena horríveis: gente sem braço, sem perna. Não havia recurso. O senhor da guerra ao está ao alcance dos tiros. Serafim, meu amigo, foi morto ao socorrer um amigo ferido. O Evangelho pede que estejamos firmes. E Serafim era firme na fé. Belo é ouvir que o Espírito vai dar palavras acertadas que os inimigos não poderão resistir ou rebater (Lc 21,14). A vida cristã tem uma resposta concreta e consistente para esta situação. O fogo do mundo se apaga com o fogo do Espírito. Somente com esta chama na mão poderemos conquistar a paz. 
Não vos deixeis enganar. 
Jesus dá uma ordem clara: ‘Não vos deixeis enganar’. O que mais me chocava na guerra é como ela é fascinante e leva a gente a tomar partido e ficar feliz quando o inimigo está sendo massacrado. Não vos deixei enganar! Há muita doutrina que conduz à morte, não falando só de guerra convencional ou guerra boa (se se pode dizer que haja uma guerra boa). Falamos da guerra que se instaura em nossas sociedades no trânsito, na violência, na exploração, nos atentados à vida fundados em idéias e ideologias que justificam a morte de alguém e a violência contra os inocente e pobres. Isso passa batido e o mal se instaura como um bem. O cristão deve ser simples como a pomba, mas esperto como a serpente. Se estivermos firmes, como diz o profeta, “para vos que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça trazendo a salvação” (Ml 3,20). 
Trabalhar para viver. 
Paulo escreve: “para não ser pesado a ninguém, trabalhando comam na tranqüilidade o próprio pão” ( 2 Ts 3,10-12). Podemos retirar destas palavras um caminho de vida para transformar este mundo em chamas em um jardim florido de paz e harmonia: não ceder à tentação da violência e prepotência. A justa ordem das coisas, o justo equilíbrio dos desejos e pretensões poderão dar uma resposta convincente. A Igreja tem por missão implantar a paz e o respeito a partir de suas próprias estruturas e pessoas. S.Tiago já alertava que nossas guerras vêm de nossos desejo e cobiças ( Tg 4,12) vivendo o projeto de Jesus, o Espírito falará através de nossas vida. Leituras: Malaquias 3,19-20; Salmo 97; 2 Tessalonicenses 3,7-12; Lucas 21,5-19. 
Ficha: 1. A história do mundo foi feita costurando a vida com as guerras, sofrimentos e lágrimas. Queremos sempre justificar a violência. É uma pena. A loucura de alguns leva milhões a uma situação de sofrimento incompreensível. Apagamos estas chamas com o fogo do Espírito que nos dá uma linguagem que supera todas estas situações. É preciso permanecer firmes na fé. 
2. Para isso não devemos nos deixar enganar por doutrinas que destroem a vida. Dentro deste clima o cristão deve permanecer firme na fé, simples como a pomba, mas espero como a serpente. Passamos por agruras, mas, os que temem o Senhor, alcançam a salvação, como diz o profeta Malaquias (Ml 3,20) 
3. Paulo dá o exemplo de como se vive neste mundo em chamas: trabalhar com serenidade, na justa sabedoria, para dar ao mundo uma resposta convincente. A Igreja tem por missão implantar a paz e o respeito a partir das próprias estruturas e pessoas. Vivendo o projeto de Jesus o Espírito falará através de nossas vidas. 
Homilia do 33º Domingo do Tempo Comum
EM NOVEMBRO DE 2004

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