PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Todos são chamados à santidade! Nenhuma pessoa está excluída deste chamado e, muito menos, da possibilidade de chegar à santidade. Cada um deve fazer um caminho espiritual que realize essa possibilidade. A isso chamamos de espiritualidade. É importante ter consciência de que somos chamados, de que podemos viver a santidade em nossa vida e de que nós o fazemos num modo pessoal. Como cada pessoa é diferente da outra, os modos de percorrer este caminho serão também diferentes. Será de acordo com o temperamento, a história pessoal, as condições, o estado de vida e as fragilidades. Santo Afonso escreveu em seu livro, A prática de Amar Jesus Cristo, que “Deus quer todos santos, cada um em seu estado de vida: o religioso como religioso, o leigo como leigo, o sacerdote como sacerdote, o casado como casado, o negociante como negociante, o soldado como soldado e assim em todos os estados de vida” (Pratica, 91). A meta é a mesma, mas diferentes são os caminhos, como somos diferentes uns dos outros, mesmo tendo tantas coisas em comum. Por isso falamos de modelos diferentes de espiritualidade. Nenhum é melhor do que o outro. É o mesmo Espírito que age em todos. Nem tudo é para todos.
Todos os caminhos são bons
Houve, desde tempos imemoriais, a mentalidade de que para viver o caminho da santidade era preciso viver como viviam os monges, os religiosos. No mundo (coitados!), não era possível ser santo. Assim, lendo a lista dos santos, os casados são uns poucos (consegui enumerar 9 casais – todos desconhecidos). Não se pensou a espiritualidade matrimonial. O casamento é o ninho da espiritualidade. Todos os caminhos são bons para se construir uma espiritualidade que dê espaço a uma grande santidade. Quando o Papa João Paulo II beatificou os pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta (Lúcia ainda vive,com quase 100 anos), colocaram em dúvida se uma criança poderia ser considerada santa. Eram crianças santas, na condição de criança. Alguns fazem estradas heróicas, que não diferem do heroísmo do cotidiano de um operário, mesmo de uma pessoa que vive sob a cruz de um defeito, ou mesmo de uma doença que chamamos de vício. Por exemplo, Mateus Talbot, da Irlanda, que era mendigo alcoólatra. Ele dava seus trocados para outros pobres só para não ter dinheiro para beber. E quando morreu descobriram a grande santidade de vida que possuía. Todos os caminhos são bons para a espiritualidade.
Fazendo a própria estrada
Se todos os caminhos são bons, qual é o meu, o seu? Temos diversos movimentos de espiritualidade na Igreja em todos os tempos. O importante é que cada um tenha o seu, aquele que mais lhe é condizente. Espiritualidade envolve toda nossa vida nas suas mais diversas dimensões de relacionamento com Deus, na Igreja, com os outros, conosco mesmo e com os meios que encontramos para construí-la. Não basta saber. É preciso deixar que essas dinâmicas atuem em nosso cotidiano. Correspondemos com nossa vida. Qual é a melhor estrada da espiritualidade? A sua! Por isso devemos evitar em nossas comunidades de querer impor espiritualidade e mesmo desfazer dos outros caminhos como piores. Não é só prejudicial, como de pouca inteligência espiritual.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM NOVEMBRO DE 2004
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