Evangelho segundo São Lucas 10,1-12.
Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.
E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Ide. Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos.
Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho.
Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: "Paz a esta casa".
E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco.
Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa.
Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem,
curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: "Está perto de vós o Reino de Deus"».
Mas quando entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei:
"Até o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés sacudimos para vós. No entanto, ficai sabendo: Está perto o reino de Deus".
Eu vos digo: Haverá mais tolerância, naquele dia, para Sodoma do que para essa cidade».
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Milão,doutor da Igreja
Comentário sobre o
Evangelho de Lucas 7, 45.59
«Como cordeiros para o meio de lobos»
Enviando discípulos para a messe que tinha sido bem semeada pelo Verbo do Pai, mas que precisava de ser trabalhada, cultivada, cuidada com solicitude para que os pássaros não roubassem a semente, Jesus declara-lhes: «Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos». O Bom Pastor não teme que os lobos Lhe ataquem o rebanho; não enviou os seus discípulos para se tornarem presas deles, mas para difundirem a graça. A solicitude do Bom Pastor impede os lobos de atentarem contra os cordeiros que Ele envia. E envia-os para que se realize a profecia de Isaías: «O lobo e o cordeiro pastarão juntos» (Is 65,25). Além do mais, os discípulos têm ordem de nem sequer levar um cajado na mão. Portanto, aquilo que o humilde Senhor prescreveu, também os discípulos o realizam através da prática da humildade. Porque Ele não os enviou a semear a fé pela coação, mas pelo ensino; não através da ostentação da força do seu poder, mas pela exaltação da doutrina da humildade. E considerou que era bom juntar a paciência à humildade, conforme o testemunho de Pedro: «Ao ser insultado, não respondia com insultos; ao ser maltratado, não ameaçava» (1Pe 2,23). Que é o mesmo que dizer: «Sede meus imitadores: abandonai o desejo de vingança, não respondais aos ataques da arrogância com o mal, mas com a paciência que perdoa. Que ninguém imite aquilo que recebe dos outros; a mansidão é muito mais forte como resposta aos insolentes».
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