Quem foi São José? Ele entra em cena nos Evangelhos quase desapercebidamente. Mas o que se afirma sobre ele é que era justo, filho de Davi, esposo de Maria, pai de Jesus e carpinteiro. São poucas informações, mas de importância fundamental. “Era um homem justo” (Mt 1.9). Justo com Deus, nele confiando profundamente; justo com o próximo, vivendo com Jesus e Maria na mais perfeita caridade; justo consigo mesmo, sendo fiel à vocação que recebeu. De fato, falava pouco, mas vivia intensamente o dia-a-dia da vida, não se subtraindo de nenhuma responsabilidade a ele confiada. O carpinteiro de Nazaré, com espírito de oração e virtuoso trabalho, tirava o sustento para si e sua família com o suor do seu rosto. Essa é a razão pela qual São José vive na alma do nosso povo.
2º O exemplo de São José Operário na família
São José “foi dado à humanidade para exprimir visivelmente as adoráveis perfeições do Pai, para ser a sua imagem aos olhos do Filho de Deus”. Então, como deve ser excelsa a sua santidade, a beleza desse grande santo que Deus Pai criou com suas mãos para representar a si mesmo ao Filho unigênito. O Evangelho especifica o tipo de trabalho, pelo qual José garantia a sustentação da família: o trabalho de carpinteiro. No desenvolvimento humano de Jesus «em sabedoria, em estatura e em graça» a virtude da laboriosidade era notável, e neste sentido “São José tem uma grande importância para Jesus, se verdadeiramente o Filho de Deus feito homem o escolheu para revestir a si mesmo de sua aparente filiação... Jesus, o Cristo, quis assumir a sua qualificação humana e social deste operário (Paulo VI – Alocução 19/3/1964).
3º O sentido do trabalho
Com São José aprendemos que o trabalho é um bem do ser humano, que transforma a natureza e torna o ser humano, em certo sentido, mais humano (Redemptoris Custos, nº23). O trabalho é um dado antropológico e se insere na relação entre ser humano e natureza. Toda atividade mediante a qual o ser humano, no exercício de suas capacidades físicas, espirituais e mentais, direta ou indiretamente, transforma a natureza a fim de colocá-la ao seu serviço confere um caráter de trabalho.
Porque o trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência humana, e por ele Jesus qualifica o seu estado social. Desse modo, o trabalho humano é uma chave fundamental e decisiva para a questão social, do ponto de vista da dignidade pessoal e do bem comum (Colom, 2006, p. 155).
4º Doutrina Social da Igreja e o trabalho
A doutrina social da Igreja ensina que o trabalho possui um significado particular para o ser humano e a humanidade como um todo, que determina sua dimensão ativa e criativa como característica intrínseca à sua natureza. O trabalho é a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação. A moral social atenta para a necessidade de considerar no mundo do trabalho os direitos e deveres configurados a ele, como a remuneração do trabalho realizado e as devidas prestações sociais. Ou seja, o salário justo e as condições de trabalho devem ocorrer sem prejuízo da saúde, sem afetar a integridade moral, a higiene e a segurança das pessoas. O limite dos horários de trabalho e o descanso devem ser assegurados também pelos poderes públicos e pelos empregadores.
5º O lugar do trabalho na vida de um cristão
É preciso compreender o verdadeiro lugar do trabalho na vida cristã, de modo que ele contribua para o crescimento humano e espiritual das pessoas. Cumprir com diligência as atividades necessárias que nos são incumbidas profissionalmente ou no cumprimento dos nossos deveres civis, familiares e religiosos, podem contribuir no progresso da própria maturidade. O Concílio Vaticano II nos ensina que “os homens e as mulheres, ao ganhar o sustento para si e suas famílias, de tal modo exercem a própria atividade que prestam conveniente serviço à sociedade, com razão podem considerar que prolongam com o seu trabalho a obra do Criador, ajudam os seus irmãos e dão uma contribuição pessoal para a realização dos desígnios de Deus na história” (GS, n.34). Por isso, é importante discernir quando o trabalho perde essa dimensão e ocupa o lugar de Deus que não lhe é devido. Esse descontrole não é saudável, é consequência do pecado e acaba por prejudicar a vida familiar e social.
6º A evangelização no mundo do trabalho
O ambiente de trabalho é também um lugar propício para que a evangelização aconteça. Nem sempre explicitamente, mas pelo testemunho de vida dos cristãos no mundo. O Papa Francisco na exortação apostólica Evangelii Gaudium exorta para que sejamos “evangelizadores que rezam e trabalham. Do ponto de vista da evangelização, não servem as propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e missionário, nem os discursos e ações sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração” (EG, n.262). É com esse equilíbrio sapiencial que devemos viver a evangelização no mundo do trabalho.
São José Operário, rogai por nós!
Amém!
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