domingo, 28 de fevereiro de 2021

Homilia do 2º Quaresma (28.02.21)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
“Deus é por nós” 
 Transfigurou-se 
Na Transfiguração de Jesus manifestou-se a maravilha de Deus em Jesus: Brilhante como o sol e branco como a neve. Ninguém poderia alvejar tanto suas vestes. Os discípulos contemplaram a beleza de Jesus como Deus. Essa visão é para contrapor à visão do homem das dores. Ali estava o que seria o Cristo Ressuscitado. Rezamos no prefácio: “Jesus, na montanha sagrada lhes mostra todo o seu esplendor... Ele nos ensina que, pela Paixão e Cruz chegará à glória da Ressurreição”. Iniciando a Quaresma com o clima da tentação, temos a certeza da glorificação. Já na terra pregustamos a glória futura. Pela pós-comunhão rezamos: “Nós nos empenhamos em render-Vos graças porque nos concedeis, ainda na terra, participar das coisas do céu”. A glorificação de Cristo é sinal de nossa glorificação. Essa luz deve iluminar o sentido de nossa Quaresma e fazer brilhar em nós a luz da Páscoa. Na aliança de Deus com Abraão, diante do mistério da vontade de Deus, o homem escolhido sente o peso do desconhecido, mas confia no Deus que não falha. Quando Isaac pergunta pela vítima do sacrifício, na escuridão de sua dor tem a força de dizer: “Deus providenciará” (Gn 22,8). A fidelidade de Abraão abre caminho para uma promessa de Deus: a descendência eterna. Na obediência são abençoadas todas as nações da terra (Gn 22,18). A maior bênção é a vinda do Filho ao mundo. É o sacrifício do Pai que dá o Filho. Deus não sente a dor de Abraão, mas o Filho é sacrificado em sua obediência.
Guardei a fé 
Cantamos no salmo: “Guardei a fé, mesmo dizendo: é demais o sofrimento em minha vida” (Sl 115). Mesmo no sofrimento o fiel tem a certeza de que “Deus quebra as cadeias da escravidão” (Id). Deus é por nós. Paulo garante esse socorro: “Cristo que morreu, mais ainda, que ressuscitou e está à direita de Deus, intercedendo por nós” (Rm 8,34). Deus está sempre em aliança conosco. Nós podemos nos esquecer, mas Ele não Se esquece. A aliança com Abraão permanece e dela surgirão outras alianças, até chegar a Jesus. Com seu sangue Ele sela a aliança, nova e eterna. Ele é a garantia da fidelidade de Deus e nossa. Nele somos fiéis. Ele dá razão e conteúdo à fé. A fidelidade de Abraão foi a mesma de Jesus. Foram ao extremo. Por Ele temos tudo: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com Ele?” (Rm 8,31-32). Abraão não poupou o Filho. Foi Deus quem o poupou em vista de sua fé. Numa caminhada espiritual, nós também temos que sacrificar nosso Isaac, aquilo que tanto amamos. Isaac seria um fracasso se Abraão negasse a obedecer. Nós temos nosso Isaac que não fará falta se o sacrificarmos. Só falta isso para nós. 
Visão da glória 
Com essa liturgia quaresmal da Transfiguração, somos convocados a nos voltarmos para a Páscoa que é nossa meta. E assim, vencido o pecado, possamos brilhar como novas criaturas renovadas pelo Batismo. Alimentados pela Palavra e pela oração, vivamos esse momento de graça como renovação de nossa aliança que já estava no seio de Abraão. A Eucaristia é sempre o momento de renovar e re-significar nossa vida. Rezamos: “Estas oferendas lavem nossos pecados e nos santifiquem para celebrarmos a Páscoa” (Oferendas). Levados pelo Espírito percorremos o caminho quaresmal como um dom da Graça do Cristo que se entrega por nós em cada Eucaristia. Os dois primeiros domingos não dão a direção. Os domingos que se seguem nos colocam em direção à Páscoa. 
Leituras Gênesis 22,1-2.9ª.10-13.15-18;
Romanos 8,31b-34; Marcos 9,2-10. 
1. Essa luz deve iluminar o sentido da Quaresma e fazer brilhar em nós a luz da Páscoa. 
2. Na caminhada espiritual, nós também temos que sacrificar nosso Isaac.
3. Levados pelo Espírito percorremos o caminho quaresmal como um dom da Graça. 
Férias na montanha 
Pedro e os outros dois discípulos bem que imaginaram um passeio gratificante na bela montanha. Mas andaram se atrapalhando, pois já encontraram duas figuras do Antigo Testamento: Moisés e Elias, a lei e a profecia. E Jesus todo glorioso. Pedro quis logo armar umas tendas para que continuasse a maravilha que viam. Mas a maravilha maior foi a palavra do Pai: “Este é meu Filho amado, escutai o que Ele diz”. E a seguir entram na nuvem, que significa a presença de Deus. Os caminhos de Deus eram outros. De férias na montanha, encontraram uma montanha de mistérios que os deixaram apertados. Dali podem entender o sofrimento de Cristo e sua glorificação na Ressurreição. Pedro vai se lembrar disso por toda a vida, pois o narra na sua segunda carta: “Ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando uma voz vinda da sua glória lhe disse: ‘Este é meu Filho amado, em quem me comprazo’. Esta voz, nós a ouvimos quando Lhe foi dirigida do céu, ao estarmos com ele no monte santo” (2Pd 1,17-18).

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