PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Avança para as águas mais profundas
Depois de sua manifestação na sinagoga de Nazaré como enviado de Deus, Jesus começa a chamar os discípulos para participarem de sua missão. O Hoje de Deus será realizado também por homens que Jesus escolheu pessoalmente. O chamamento se dá no local simbólico da pescaria no mar profundo. Não mais em uma sinagoga cheia de tradições e embaraços, mas no mar profundo. Como o profeta Isaias que tem uma experiência magnífica no templo (Is 6,1-8), os discípulos experimentam a força de seu Senhor, cuja palavra conduz a uma pesca abundante. Esse paralelo é importante, pois é o mesmo Senhor que dá vigor ao anúncio dos discípulos. Isaias se dispõe e os discípulos deixam tudo e seguem Jesus. É na força de sua palavra que vão novamente à pesca. É na força da palavra de Jesus que vão anunciar. É preciso arriscar tudo para ter tudo. Vemos que foi depois que falou ao povo da barca que os discípulos Lhe prepararam, que Jesus escolhe e chama os apóstolos. A barca é símbolo da Igreja que anuncia através da palavra simbolizada nas redes. O mar profundo é o mundo que recebe a pregação. Os peixes são os que acolhem a pregação. A força da palavra é tão forte que eles vêm em grande quantidade. Os pescadores são os anunciadores da palavra. A ajuda dos outros barcos é o símbolo da comunidade que trabalha unida, todos no mesmo sentido. A palavra de Jesus é a força de Deus que sustenta a pregação. Sem uma experiência significativa de Deus não poderemos frutificar em nosso ministério. Pregar o vazio nos leva ao vazio.
Trabalhamos a noite toda
Há um paralelo entre a visão de Isaias e a pescaria dos discípulos: A grandiosidade de Deus assusta a ponto de Isaias clamar: “Ai de mim, estou perdido! Sou apenas um homem de lábios impuros, mas eu vi com meus olhos o rei, o Senhor dos exércitos” (Is 6,5). Para o judeu, ver Deus significava morrer. Pedro tem o mesmo sentimento diante da pesca maravilhosa: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um homem pecador” (Lc 5,9). Há uma ponta de desânimo nos discípulos que voltam de uma noite sem resultados. O reconhecimento de sua própria fraqueza por ser pecador é condição para a abertura ao novo que é o ministério com Jesus. O anúncio da Palavra se torna para eles a nova maneira de pescar: “Diz Jesus: ‘Não tenhas medo! De hoje em diante serás pescador de homens’” (Id 10). Vivemos um processo doloroso de evangelização, pois estamos sem forças e num mar muito revolto e profundo. Parece que perdemos a força evangelizadora. E isto se deve ao vazio de nossa experiência com Deus e nossa busca seja muito rasa. O que falta? Ouvir a palavra de Jesus? Ficamos confiando só nos lambaris que caem na rede? Não está nos faltando aquela experiência de Jesus como pecadores? Ou precisamos de algo mais profundo e forte? Falta Jesus e a experiência da força de sua palavra.
O que recebi, transmiti a vós
A fé que temos foi-nos transmitida pelo anúncio evangélico. Paulo nos dá esse testemunho. A Sagrada Tradição vem junto com a Sagrada Escritura. A Tradição nos passou o conhecimento da Ressurreição de Jesus. Assim acolhemos o Vivo e deixamos de lado o que é morto, o que não aceita a Vida. Essa é a experiência fundamental que temos para construir nossa vida de fé. As aparições de Jesus aos discípulos continuam para nós que o acolhemos em sua Palavra. Ela é tão sublime quanto a visão de Isaias. A grandeza está no acolhimento que estimula a dizer como o profeta: “Aqui estou, envia-me” (Is 6,8).
Hoje tem lambari
Diante da experiência dos apóstolos na pesca maravilhosa, fruto das palavras de Jesus, nós devemos examinar nossos processos de evangelização. Há momentos em que falta tudo. A evangelização a partir da experiência de Jesus é garantida. Sem essa, quando muito pegamos uns lambarizinhos.
O profeta teve a ousadia de se reconhecer pecador e ao mesmo tempo de se oferecer para a missão depois que o Serafim tocou seus lábios com uma brasa do altar. Os apóstolos foram tocados pela palavra de Jesus. A missão foi forte e frutuosa. O vigor dos apóstolos depois de Pentecostes nos mostra quanto é possível fazer quando se crê de fato na ressurreição de Jesus.
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