PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Escolha dos companheiros
Jesus escolheu os doze apóstolos depois de uma noite de oração (Lc 6,12). Por que rezar tanto, se conhecia os doze? Ele mesmo ensina que devemos pedir ao Pai, operários para a colheita (Mt 9,37-38). Conversava com o Pai para saber quais eram os mais apropriados para o trabalho. Essa Palavra nos ensina que o Pai conhece a situação da obra e por isso sabe qual é o melhor para esse ou aquele trabalho. Assim, no campo vocacional não dependemos somente de uma vontade pessoal, mas da vontade de Deus. É preciso estar aberto ao anúncio do Reino para conhecer o que vamos levar. Jesus chama, assim, homens diferentes para os diferentes. Podemos ver no grupo dos apóstolos como são diferentes! Escolhe o homem certo para a situação concreta. Aqui não se deve contar com milagre, dizendo que a graça de Deus supre. Por isso a necessidade da diferença entre as pessoas. O que a coordena é o amor. Nós vemos em nossos meios que por séculos fez os operários da fé, ordens religiosas, sacerdotes, bispos todos cantando a mesma música. Chegam a mínimos detalhes. Tudo igual. Podemos questionar porque pessoas não entendem o anúncio. Há necessidade dos diferentes para os diferentes. Com isso prejudicamos a própria evangelização. O que era diferente era excluído por ser estranho ou não perfazia o perfil da “empresa”, como dizemos. Vejamos, por exemplo, da língua: por dois mil anos se usou o latim. Não era problema que o povo não entendesse. No corpo temos membros todos diferentes. S. Paulo explica sobre a unidade e a diversidade do corpo (1Cor 12,1-31).
Certeza de um caminho
Qual o caminho que Jesus usou para escolher os apóstolos? O Pai diz claramente: “Este é meu Filho Amado, ouvi o que Ele diz” (Mc 9,7). Jesus nos ensina por palavras e exemplos. Sua preocupação era com os sofredores: “Vendo Ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9:36). Quer gente que trabalhe como Ele e se preocupe com os sofredores. E os que já estão bem se preocupem com os que sofrem. A certeza de estar no caminho de Jesus é entender a dor do povo e se comprometer e termos seus sentimentos. Todos imitam Jesus, cada um de seu modo. Não é desordem. Há gente que vive em tal situação que necessita um diferente que o entenda. É por isso que há essa debandada da Igreja. Não há quem vá até eles. A uniformidade não é um bom método. A mitologia ensina esse conceito com a lenda sobre o leito de Procusto. Esse era dono de uma pensão. Tinha uma cama. Se o hospede era comprido, cortava um pedaço da perna, se era pequeno, esticava para dar o tamanho do leito. O critério fundamental para a escolha dos operários do Reino é ter compaixão de Jesus. Sem esse sentimento, não conseguimos levar adiante a missão. Esse critério não é levado em conta na formação dos ministros e do povo de Deus. Então, não funciona.
Coragem de mudar.
E a coragem de mudar? Tratar os diferentes de modo igual é fazê-los mais desiguais. Quanta estrutura teremos que mudar para atender bem a todos, cada um de acordo com sua necessidade! Uma evangelização que não penetre a vida e a transforme não serve. Percebemos o esvaziamento da fé. A questão é perguntar se a causa não está em nós que queremos um mundo a nosso modo e não ao modo de Jesus. Ele disse que pobres sempre tereis entre vós (Jo 12,8). Quer dizer que serviço evangélico nunca terminará. A mudança deve estar em nós e respeitar as diferenças das pessoas. Não sem o Evangelho.
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