No final do Ano Litúrgico e
início do Advento, refletimos sobre o fim dos tempos. Essa reflexão é chamada
de escatologia. Quanto ao fim, a vinda de Cristo e a hora em que se dará, há
sempre gente marcando datas. Jesus é claro: “Quanto àquele dia e hora, ninguém
sabe, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai” (Mc 13,32). Parece que Jesus quer dizer; vamos cuidar de viver bem. Então não
interessa a hora. O texto é difícil por ser uma literatura diferente. Era muito
usada naquele tempo, como vemos no livro de Daniel. Os primeiros cristãos,
diferentemente de nós, viviam fortemente o sentido da vigília e da espera. Não
podemos interpretar esses sinais a partir dos acontecimentos que vemos em nossa
sociedade. Muitas vezes aconteceu a mesma coisa que ocorre agora e se dizia que
era o fim e a vinda do Senhor. E não foi. Não é por aí que vamos interpretar. O
Senhor que deve vir sobre as nuvens é o que vem sempre ao nosso encontro. Aquele Que Vem (ο ερχόμενος) é um nome de Jesus como, por exemplo,
Cordeiro de Deus. Vir sobre as nuvens significa a glória de Deus. Estamos
sempre clamando por sua vinda. Rezamos em cada Missa chamando Jesus para vir:
“Anunciamos, Senhor, a vossa Morte e proclamamos a vossa Ressurreição, Vinde
Senhor Jesus!” Por que ter medo se estamos chamando? Não há o que temer, pois
“Ele enviará seus anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de
Deus, de uma extremidade à outra da terra” (Mc 13,27). O fim não é para o castigo, mas
para o prêmio. Há sempre um desejo profundo desse encontro com o Bom Pastor
glorificado. O Senhor virá para nos levar com Ele. Não se trata de medo, mas de
viver para que Deus seja glorificado por nossa vida. Ele: “O Céu e a terra
passarão, mas minhas palavras não passarão” (Mc 13,31).
Aprendei
da figueira
O
salmo 15 nos dá confiança e segurança: “Meu destino está seguro em vossas mãos”
(Sl 15,5). A
segurança é dinâmica e nos envolve em atitudes de responsabilidade com o Reino.
Por isso Jesus manda que olhemos os sinais dos tempos. Como nós sabemos
discernir o que há na natureza (nisso os antigos eram mestres), saibamos também
discernir a presença do Reino de Deus e sua vinda para o meio de nós no que
acontece pelo mundo. Hoje não é mais a figueira, mas o conjunto dos
acontecimentos. Não se trata de apressar o fim, mas de levar o Reino a penetrar
todas as estruturas sociais. A imagem da figueira é de vida nova, com os novos
ramos cheios de vitalidade. Por isso o profeta Daniel escreve: “Os que tiverem
sido sábios e os que tiverem ensinado a muitos homens o caminho da virtude
brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3). O compromisso de fé é atual. O
Reino está entre nós. É necessário criar uma espiritualidade para o tempo de
espera no momento atual. Vivemos espiritualidades do passado. Temos que responder para o mundo da descrença,
do desrespeito à vida, dos problemas atuais.
Único
sacrifício
Imortalidade
está unida a Cristo que venceu. Ao contrário dos sacrifícios do Antigo
Testamento que eram sempre repetidos e sem o efeito desejado, o sacrifício
único de Cristo perdoou o pecado. Foi assim glorificado e está à direita do
Pai. “Não lhe resta mais senão esperar até que seus inimigos sejam postos
debaixo de seus pés” (Hb
10,13). Agora é a hora da implantação do Reino e a destruição do mal que
penetra as estruturas do mundo. O Reino
precisa de nossa dedicação. Jesus não está concorrendo com outros poderes.
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