Abriu o livro na Assembléia
Iniciamos
o Tempo Comum. Iniciamos esse tempo litúrgico com o magnífico discurso de Jesus
na sinagoga de Nazaré apresentando seu programa de ação e de vida. Ele, sempre
movido pelo Espírito Santo, como nos narra Lucas, está presente na oração da
Sinagoga. É a assembléia do povo. Vemos pela Escritura como Deus privilegia o
povo reunido. A Palavra de Deus tem seu habitat, seu lugar de se manifestar com
plenitude, na assembléia da comunidade. Como lemos na carta de Paulo aos
Coríntios “Vós todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois
membros desse corpo” (1Cor 12,20). Abrir o livro é o gesto sagrado da comunicação
de Deus pela Palavra. Assim temos diversos momentos marcantes das assembleias
do povo como no Sinai (Ex 24,1-8), na renovação
da aliança com Josué 24,1-33, com Josias
2,23,
com Neemias 8,2-10 e agora, na sinagoga de Nazaré (Lc
1.14-21).
O povo em assembléia ouve a Palavra de Deus e se compromete. Em Nazaré Jesus
apresenta o código da nova aliança. Esses textos nos ensinam a importância da
assembléia que ouve e se compromete. Toda celebração liturgia é uma assembléia.
A abertura do livro, como iremos ver no Apocalipse no capítulo V, é um momento
solene da celebração. A Palavra de Deus volta a seu lugar onde foi vivida e
escrita, isto é, na comunidade onde ela foi vivida e escrita. Ali ela se torna
viva e eficaz (Hb 4,12). Somos um único corpo de Cristo
no qual estamos unidos pelo mesmo Espírito.
Palavra que dá vida
A Palavra de Deus orienta o modo
de viver. No projeto de vida que Jesus se faz naquele momento tão solene, não é
um momento “espiritualizado”, mas espiritual, isto é, cheio da ação do Espírito
(Lc
1,4,14).
Sua ação evangelizadora não se reduz a discursos, mas a gestos concretos:
“Anunciar a boa nova aos pobres, proclamar a libertação dos cativos, aos cegos
a recuperação da vista e para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça
do Senhor” (Lc 4,18,19). Coloca a mão
na ferida de todo homem. Vemos que são, em outras palavras, os termos do grande
julgamento (Mt 25,31-46). O Rei julgará
não boas idéias, mas os gestos concretos. É o que podemos ver no correr da vida
de Jesus, como diz Pedro: “Ele andou fazendo o bem e curando os oprimidos do
demônio” (At 10,38). A comunidade deve sentir o
resultado da presença do Espírito em cada pessoa. Notamos que há uma falta de
consciência sobre essa exigência do Espírito em nós. A fé de tantos de nós acaba
por ser algo a ser aceito sem ligação com a vida. Não me comprometa é sua
profissão de fé.
Hoje de Deus
Jesus, ao terminar a proclamação
de sua missão, diz: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes
de ouvir” (Lc 4,21). O hoje de Deus se realiza em Jesus que realiza Sua palavra. Com Jesus
se torna realidade a profecia de Isaias (61,1-2). Jesus é o
prometido e implanta no mundo esse modo de vida que é o d’Ele próprio. Não
basta dizer que tem fé em Jesus se não segue seu caminho. A fé sem obras é
morta por si mesma (Tg 2,17). Cada vez que realizamos as
obras da fé, tornamos presente o hoje de Deus. Como a reflexão de hoje se
inicia com a assembléia, tomamos consciência que nossas celebrações são as
convocações de Deus para ouvir a Palavra e levá-la à prática. As pessoas não
dão valor à comunidade e abandonam por comodismo. A carta aos Hebreus alerta
sobre isso: “Não abandonemos a nossa assembléia (comunidade) como é costume de
alguns” (Hb 10,25).
Leituras: Neemias 8,2-4ª.5-6.8-10; Salmo 18B; 1ª
Coríntios 1º2,12-14.27; Lucas 1,1-4;4,14-21.
1. Jesus, na
sinagoga, apresenta o fundamento de seu projeto de vida
2.
Suas palavras levam a viver a fé na prática da vida, como Ele fez.
3.
Quando realizamos a obra de Jesus, temos o hoje de Deus.
Em
poucas palavras, um grande discurso. Jesus parece que tinha pouco espaço no
Céu, pois tudo é bem sintetizado, com poucas palavras, poucos gestos e tudo se
esclarecia. Como a gente pode aprender. No muito falar, pouco se tem a dizer.
É
bonito o povo reunido. A oração feita em comum tem mais força espiritual, pois
ajunta todos na mesma direção. Tanto é que vemos que os grandes momentos foram
realizados nas grandes assembleias. Não há individualismo em Deus. Mais ainda,
o que Jesus oferece não é a chave do céu, mas a estrada para chegar com
garantia. Há muitas rezas fortes, mas forte é o Espírito que ora em nós, como
orava em Jesus e como lhe mandava para a frente em sua missão.
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