domingo, 27 de janeiro de 2019

Homilia do 3º Domingo Comum (27.01.19)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
“Na força da Palavra” 
Abriu o livro na Assembléia
           Iniciamos o Tempo Comum. Iniciamos esse tempo litúrgico com o magnífico discurso de Jesus na sinagoga de Nazaré apresentando seu programa de ação e de vida. Ele, sempre movido pelo Espírito Santo, como nos narra Lucas, está presente na oração da Sinagoga. É a assembléia do povo. Vemos pela Escritura como Deus privilegia o povo reunido. A Palavra de Deus tem seu habitat, seu lugar de se manifestar com plenitude, na assembléia da comunidade. Como lemos na carta de Paulo aos Coríntios “Vós todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo” (1Cor 12,20).  Abrir o livro é o gesto sagrado da comunicação de Deus pela Palavra. Assim temos diversos momentos marcantes das assembleias do povo como no Sinai (Ex 24,1-8), na renovação da aliança com Josué 24,1-33, com Josias 2,23, com Neemias 8,2-10 e agora, na sinagoga de Nazaré (Lc 1.14-21). O povo em assembléia ouve a Palavra de Deus e se compromete. Em Nazaré Jesus apresenta o código da nova aliança. Esses textos nos ensinam a importância da assembléia que ouve e se compromete. Toda celebração liturgia é uma assembléia. A abertura do livro, como iremos ver no Apocalipse no capítulo V, é um momento solene da celebração. A Palavra de Deus volta a seu lugar onde foi vivida e escrita, isto é, na comunidade onde ela foi vivida e escrita. Ali ela se torna viva e eficaz (Hb 4,12). Somos um único corpo de Cristo no qual estamos unidos pelo mesmo Espírito.
Palavra que dá vida
           A Palavra de Deus orienta o modo de viver. No projeto de vida que Jesus se faz naquele momento tão solene, não é um momento “espiritualizado”, mas espiritual, isto é, cheio da ação do Espírito (Lc 1,4,14). Sua ação evangelizadora não se reduz a discursos, mas a gestos concretos: “Anunciar a boa nova aos pobres, proclamar a libertação dos cativos, aos cegos a recuperação da vista e para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor” (Lc 4,18,19). Coloca a mão na ferida de todo homem. Vemos que são, em outras palavras, os termos do grande julgamento (Mt 25,31-46). O Rei julgará não boas idéias, mas os gestos concretos. É o que podemos ver no correr da vida de Jesus, como diz Pedro: “Ele andou fazendo o bem e curando os oprimidos do demônio” (At 10,38). A comunidade deve sentir o resultado da presença do Espírito em cada pessoa. Notamos que há uma falta de consciência sobre essa exigência do Espírito em nós. A fé de tantos de nós acaba por ser algo a ser aceito sem ligação com a vida. Não me comprometa é sua profissão de fé.
Hoje de Deus
           Jesus, ao terminar a proclamação de sua missão, diz: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21). O hoje de Deus se realiza em Jesus que realiza Sua palavra. Com Jesus se torna realidade a profecia de Isaias (61,1-2). Jesus é o prometido e implanta no mundo esse modo de vida que é o d’Ele próprio. Não basta dizer que tem fé em Jesus se não segue seu caminho. A fé sem obras é morta por si mesma (Tg 2,17). Cada vez que realizamos as obras da fé, tornamos presente o hoje de Deus. Como a reflexão de hoje se inicia com a assembléia, tomamos consciência que nossas celebrações são as convocações de Deus para ouvir a Palavra e levá-la à prática. As pessoas não dão valor à comunidade e abandonam por comodismo. A carta aos Hebreus alerta sobre isso: “Não abandonemos a nossa assembléia (comunidade) como é costume de alguns” (Hb 10,25).
Leituras: Neemias 8,2-4ª.5-6.8-10; Salmo 18B; 1ª Coríntios 1º2,12-14.27; Lucas 1,1-4;4,14-21. 
              1. Jesus, na sinagoga, apresenta o fundamento de seu projeto de vida
           2. Suas palavras levam a viver a fé na prática da vida, como Ele fez.
           3. Quando realizamos a obra de Jesus, temos o hoje de Deus.   
                        Pegando pela raiz 
           Em poucas palavras, um grande discurso. Jesus parece que tinha pouco espaço no Céu, pois tudo é bem sintetizado, com poucas palavras, poucos gestos e tudo se esclarecia. Como a gente pode aprender. No muito falar, pouco se tem a dizer.
           É bonito o povo reunido. A oração feita em comum tem mais força espiritual, pois ajunta todos na mesma direção. Tanto é que vemos que os grandes momentos foram realizados nas grandes assembleias. Não há individualismo em Deus. Mais ainda, o que Jesus oferece não é a chave do céu, mas a estrada para chegar com garantia. Há muitas rezas fortes, mas forte é o Espírito que ora em nós, como orava em Jesus e como lhe mandava para a frente em sua missão.
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