sábado, 26 de janeiro de 2019

Princesa Amélia de Leuchtenberg – 26 de janeiro

EM MEMÓRIA DE NOSSA TERCEIRA IMPERATRIZ    
     Há exatos cento e quarenta e seis anos, faleceu a nossa terceira Imperatriz do Brasil, nascida Princesa Amélie de Leuchtenberg.
     A Princesa Amélie Auguste Eugénie Napoléone de Leuchtenberg, Princesa Eichstätt, Duquesa de Leuchtenberg, nasceu no dia 31 de julho de 1812, em Milão, capital do então Reino da Itália (sob domínio napoleônico), sendo a terceira dos sete filhos do Príncipe Eugène de Beauharnais, Duque de Leuchtenberg (1781-1824), então Vice-Rei da Itália, e de sua augusta esposa, a Duquesa de Leuchtenberg, nascida Princesa Augusta da Baviera (1788-1851).
     Seu pai era filho adotivo do general usurpador e pretenso Imperador dos Franceses Napoléon Bonaparte (1769-1821), sendo filho biológico de sua primeira esposa, nascida Senhorita Joséphine Tascher de la Pagerie (1763-1814), com o primeiro marido desta, Alexandre de Beauharnais, Visconde de Beauharnais (1760-1794). Com a derrota de Bonaparte, em 1814, a família do Duque de Leuchtenberg seu mudou para a Munique, capital do Reino da Baviera, onde reinava seu sogro, Maximilian I (1756-1825). Contudo, após o falecimento do Duque, em 1824, o futuro de sua viúva e filhos se tornou incerto.
CONTINUA EM MAIS INFORMAÇÕES
     O fato de seu pai ser oriundo da Nobreza Napoleônica, cuja autenticidade não era tão respeitada em muitas Cortes da Europa, era largamente compensado pelo fato de a Princesa Amélie, através de sua mãe, descender da prestigiosa e antiguíssima Casa de Wittelsbach. Alta, muito bonita e com um rosto delicado e bem proporcionado, com olhos azuis e cabelo castanho-escuro, Sua Alteza era senhora de grande cultura e sensibilidade, sendo considerada a Princesa mais bem-educada e preparada do mundo germânico.
     Após o falecimento prematuro de sua primeira esposa, a Imperatriz Dona Leopoldina (nascida Arquiduquesa da Áustria; 1797-1826), nosso Imperador Dom Pedro I (1798-1834) passou a procurar por uma nova Consorte, e não foi surpresa alguma Sua Majestade Imperial – que havia estipulado que a nova Imperatriz deveria vir de boa família, ter beleza, virtudes e cultura – ter escolhido a Princesa Amélie de Leuchtenberg.
     O contrato nupcial foi assinado em Londres, no dia 29 de maio de 1829, e ratificado em Munique, em 30 de junho, pela mãe e tutora da noiva, a Duquesa Viúva de Leuchtenberg. A cerimônia de casamento, bastante singela, foi celebrada em 2 de agosto, por procuração, na Capela do Palácio Leuchtenberg, em Munique, com o Imperador sendo representado por Felisberto Caldeira Brant, Marquês de Barbacena (1772-1842). Sua Majestade Imperial havia enviado uma grande soma de dinheiro, para que fosse feito um casamento à altura, mas a Princesa Amélie – que passaria a assinar Amélia – preferiu doar tudo para um orfanato local
     A nova Imperatriz do Brasil embarcou na Bélgica, rumo ao seu novo lar. Para garantir que Sua Majestade Imperial estivesse pronta para desempenhar seu papel, sua mãe incumbiu o renomado cientista alemão Carl Friedrich von Martius (1794-1868) de instruí-la acerca de tudo quanto dizia respeito ao Brasil e a Dama Ana Maria Romana de Aragão Calmon, 1º Condessa e Baronesa de Itapajibe (1784-1862), de introduzi-la no conhecimento da personalidade de seu esposo, da língua portuguesa e dos costumes da Corte Brasileira.
Casamento na Igreja Na Sra do Carmo, Rio
     No dia 15 de outubro de 1829, a Imperatriz chegou ao Rio de Janeiro. O Imperador subiu ao navio receber sua esposa e, encantado com sua beleza, desmaiou. Logo depois, Sua Majestade Imperial instituiu a Ordem da Rosa – tomando como inspiração o vestido cor-de-rosa que a Imperatriz usava ao chegar ao Brasil –, cujo lema é “Amor e Fidelidade”. No dia seguinte, a Imperatriz desembarcou do navio, sendo aclamada entusiasticamente pelo povo da capital do Império, que a recebia de braços abertos, e seguiu em procissão solene, junto ao Imperador, para a Capela Imperial, onde foi celebrado um Te-Déum, seguido por um espetáculo de fogos de artifício e um banquete de Estado.
     A Imperatriz também assumiu o papel de mãe para os cinco filhos de seu esposo, assegurando que os Imperiais infantes recebessem uma boa educação, à altura de herdeiros do Império do Brasil, e tivessem um ambiente familiar amoroso onde crescer. As crianças rapidamente se encantaram com sua madrasta, passando a chamá-la de mamãe.
     Em janeiro de 1830, a Imperatriz foi formalmente apresentada à Corte, em um baile onde todas as damas estavam vestidas de rosa, sua cor favorita. No dia seguinte, Suas Majestades Imperiais partiram em lua de mel, que passaram na Fazenda do Padre Correa – local onde, anos mais tarde, seria construída a Imperial Cidade de Petrópolis, na Serra Fluminense. Tão logo retornou ao Rio de Janeiro, a Imperatriz tratou de realizar uma série de reformas na Corte e na decoração do Palácio de São Cristóvão. Sua Majestade Imperial logo se tornou imensamente popular, pois o povo a via com uma esposa e mãe dedicada, sempre ao lado do Imperador, nos bons e nos maus momentos.
     Muito compreensivamente, o Imperador se sentia dividido entre Portugal e o Brasil – a terra onde nascera e a terra que havia adotado e aprendido a amar. Sua Majestade Imperial queria se dedicar às suas duas Nações, seus dois povos, o que muito incomodava a certos setores da sociedade brasileira. Esses agitadores subversivos e desonestos fizeram de tudo para infectar a opinião pública, virando-a contra o Soberano, o Pai Fundador da Pátria. Infelizmente, esses homens terríveis, verdadeiras pústulas, obtiveram sucesso.
A Imperatriz e sua filha
     No dia 7 de abril de 1831, com muita dor no coração, o Imperador abdicou, sendo sucedido por seu filho de cinco anos, o pequeno Príncipe Imperial, que se tornou nosso Imperador Dom Pedro II. Nas primeiras horas daquele dia, os antigos Imperador e Imperatriz, agora intitulados Suas Majestades Imperiais e Reais o Duque e a Duquesa de Bragança, embarcaram rumo à Europa, acompanhados pela Rainha Dona Maria II de Portugal (1819-1853), a primogênita do Duque. Antes de partir, a Duquesa deixou uma carta emocionada, despedindo-se do pequeno Imperador e pedindo às mães brasileiras que cuidassem do novo Soberano, o Órfão da Nação
     Tão logo chegaram ao Velho Continente, o Duque partiu para lutar contra seu irmão, o usurpador Rei Dom Miguel I de Portugal (1802-1866), para devolver o Trono de sua filha e restaurar a democracia em Portugal. A Duquesa, que já se encontrava grávida quando deixou o Brasil, deu à luz no dia 1º de dezembro, em Paris, à Princesa Dona Maria Amélia do Brasil, nascida no 9º aniversário da Coroação de seu pai como Imperador do Brasil.
      Com a derrota e o subsequente exílio do Rei Dom Miguel, a Duquesa, a Rainha de Portugal e a Princesa Dona Maria Amélia foram se juntar ao Duque, indo viver em Portugal. No entanto, a felicidade durou pouco, pois nosso primeiro Imperador sucumbiu à tuberculose no dia 24 de setembro de 1834, com apenas trinta e seis anos de idade incompletos. A Duquesa, viúva aos vinte e dois anos, jamais se casou novamente, passando a morar, com sua filha, no Palácio das Janelas Verdes, em Lisboa, e mantendo extensa correspondência com seu enteado, o Imperador do Brasil, que reviu apenas em 1871, em um encontro cheio de abraços e lágrimas.
Princesa Maria Amélia, 1849
     Em 1852, a Princesa Dona Maria Amélia ficou noiva do Arquiduque Maximilian da Áustria (1832-1867), sobrinho da Imperatriz Dona Leopoldina, e que mais tarde reinaria como Imperador do México. Contudo, Sua Alteza contraiu tuberculose, tendo de ir se tratar em Funchal, na Ilha da Madeira. Infelizmente, no dia 4 de fevereiro de 1853, a Princesa Dona Maria Amélia sucumbiu à mesma doença que havia matado seu pai. A morte de sua filha abalou profundamente a Duquesa, que visitou seu túmulo todos os anos, enquanto viveu, e financiou a construção do Hospital Princesa Dona Maria Amélia, que existe até hoje em Funchal.
Falecimento de Da. Ma. Amélia
     A Imperatriz Dona Amélia do Brasil, Duquesa de Bragança, faleceu em 26 de janeiro de 1873, aos sessenta anos de idade, no Palácio das Janelas Verdes. Seu corpo foi sepultado no Panteão dos Bragança, próximo a Lisboa, mas seus restos mortais foram transferidos para o Brasil, em 1982, e sepultados no Mausoléu do Monumento do Ipiranga, em São Paulo, junto aos despojos do Imperador Dom Pedro I e da Imperatriz Dona Leopoldina, aguardando pela Ressurreição dos Mortos, quando da volta de Nosso Senhor Jesus Cristo.


A Imperatriz ao lado do retrato da filha 
SUA MAJESTADE IMPERIAL E REAL
SENHORA DONA AMÉLIA
IMPERATRIZ CONSTITUCIONAL DO BRASIL
DUQUESA DE BRAGANÇA
PRINCESA DE LEUCHTENBERG
PRINCESA DE EICHSTÄTT
DUQUESA DE LEUCHTENBERG

Nenhum comentário:

Postar um comentário