Jesus inicia a
pregação do Evangelho para a salvação integral do corpo e da alma como uma
unidade. Outra dimensão clara da missão de Jesus é a transformação do coração
para servir tanto ao anúncio como à cura dos males que afligem o ser humano. A
leitura do livro de Jó reflete a condição humana à qual Jesus se dirige.
Assumiu essa condição, por isso sabia onde estava a dor das pessoas. Jó
descreve essa angústia existencial de sofrimento, de cansaço, de dor, de
carência e de desencanto. Diz “os meus dias correm mais rápido do que a
lançadeira do tear” (Jo 7,6). A lançadeira
ou canoinha é o instrumento que, no tear, trabalha com a linha que faz o
trançado do tecido. Além do mais, Jó não vislumbrava futuro. Jesus, tendo essa
situação diante dos olhos e no coração, veio como médico para sanar todas as
dores. Sua pregação se faz através das palavras que curam os corações e seus
gestos que curam os corpos. É bonito imaginar esta cena: “À tarde, depois do
por do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio...
Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios” (Mc
1,32.34).
As pessoas atribuíam as doenças à possessão diabólica. É diferente da possessão
diabólica que entendemos. Por estar desligada da vida do povo, podemos perceber
como a pregação que fazemos não tem o efeito que pretendemos. Privilegia
somente o intelectual. Por isso não cala nos corações. Jesus falava mais
através dos gestos concretos. Não se trata de fazer milagres ou expulsar demônios,
mas criar situações nas quais as pessoas possam se libertar dos males que
sofrem. O carinho de Jesus pelas populações vem do conhecimento que tem de sua
vida, pois a vivia. Sabemos que a Igreja corre o risco de descuidar-se do o
povo, deixando-o a sua sorte. Depois reclamamos das saídas das pessoas para
outras igrejas.
Pelo Evangelho,
faço tudo
Paulo, seguidor
apaixonado de Jesus, tinha o anúncio do Evangelho como sua missão e sua vida.
Se não tivermos essa loucura pelo Evangelho, seremos inócuos no anúncio. Ele
descreve que pregar o evangelho se tornou para ele uma segunda natureza:
“Pregar o Evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade
para mim, uma imposição. Ai de mim se eu ao pregar o Evangelho” (16). Sente-o como
um encargo que lhe foi confiado. O salário de Paulo é o direito de anunciar sem
receber paga sem usar os direitos que o evangelho lhe dá (1Cor
9,18).
Paulo acompanha o modo de ser e viver de Jesus, vivendo no meio do povo,
tornando-se escravo de todos... com os fracos, eu me fiz fraco para ganhar os
fracos, Com todos eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. Por causa do
Evangelho eu faço tudo, para ter parte nele (18). E Jesus andava
por toda a Galiléia pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
A serviço do
Evangelho
A cura da sogra
de Pedro é uma explicação do resultado da obra apostólica: Jesus saiu da
sinagoga e foi para a casa de Pedro. A sogra estava doente e contaram a Jesus.
Ele a tomou pela mão e ela começou a servi-los. É a transformação radical da
pessoa, sair de si e servir. Paulo se põe a serviço, fazendo-se escravo de
todos. Outro grande serviço é a oração, como Jesus que sempre se encontrava com
o Pai. Sem o relacionamento com o Pai se perde a dimensão maior da
evangelização. Por isso a importância da oração, sobretudo na comunidade.
Pregador sem Deus prega a si mesmo e não toca os corações. O grande drama da
pregação é a falta de coerência, isto é, santidade.
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