Marcos relata em
seu evangelho o ensinamento de Jesus em Cafarnaum. De Nazaré, Ele e sua família
tinham ido morar nesta cidade, à beira do lago (Mt
4,13).
Era um centro importante e de fácil acesso e irradiação. Dali a notícia corria
melhor. Jesus ensina na sinagoga, lugar importante de reunião do povo. “Todos
ficavam admirados com seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade e
não como os mestres da lei” (Mc 1,22). No livro do Deuteronômio havia a promessa de
um profeta como Moisés. Como o Messias e Elias, ele era esperado, pois os
fariseus perguntaram a João se ele era o Profeta (Jo
1,21).
Assim lemos: “Farei surgir para eles, do meio de seus irmãos, um profeta
semelhante a ti (Moisés). Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes
comunicará tudo o que eu lhe mandar. Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar
as minhas palavras que ele pronunciar em meu nome” (Dt
18,18-19).
Jesus é o profeta esperado. Havia gente fazendo-se mestres. Jesus é
identificado como o Profeta por seu ensinamento e autoridade e não era como os
mestres da lei. Estes ficavam repetindo as normas da lei. Jesus transmitia o
conteúdo da Palavra de Deus. Falava de Deus e de seu amor ao povo. Por isso, o
convite do salmo é forte: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os
corações como em Meriba... aquele dia em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras”. Não fecheis hoje o coração. Ouvi hoje a
voz de Deus. Jesus comprova sua autoridade sobre o mal: “Cala-te e sai dele”,
diz ao demônio (Mc 1,25) que O combate.
Anunciar a
Palavra de Deus
A temática desse domingo chama a
refletir sobre a profecia. Quem anuncia a Palavra de Deus deve ter a autoridade
de Jesus. Esta lhe vem da adesão à Palavra de Deus e da coerência de vida. Na
base deve estar a experiência de Deus. Temos medo de Deus. Podemos até perguntar:
Por que Deus não fala diretamente com as pessoas? Foi o povo que pediu um
intermediário, pois tinha medo. Moisés realizou essa missão. O esplendor de
Deus nos assusta. É preciso a penumbra. É o Espírito quem desfaz o medo. No amor
não há temor (1Jo 4,18). Para não ter medo diante da
grandeza de Deus é preciso saber acolher e por-se a serviço. Os que são
profetas de Deus, isto é, os que falam sobre Deus, precisam dessa experiência
para ter um ensinamento dado com autoridade. Nossa situação de carência
espiritual e de pecados nos fazem fechados ao mistério de Deus. Encontraremos a
recusa. As palavras colocadas na boca do endemoniado são a expressão de todos os
que recusam a Palavra de Deus, mesmo sabendo que Cristo é o enviado de Deus, é
a Palavra viva de Deus. Os que falam com autenticidade se comunicam em nome de
Deus. O profeta também tem que de ser fiel a Deus. Não se deve ter medo da
recusa, pois é um sinal da autenticidade.
A vida é
ensinamento
Há outro tipo de
profecia e ensinamento: o testemunho da vida. Por isso rezamos na oração:
“Concedei-nos amar com verdadeira caridade” (oração). Na segunda
leitura encontramos a visão que Paulo tem sobre o matrimônio. Não é contra o
matrimônio. Quer que todos sejam como ele, disponíveis para a pregação (1Cor
7,7).
Não desvia as pessoas do casamento. Está ensinando que é necessária
disponibilidade total para ser profeta. Por isso, o casamento não é somente um
estado social, mas uma profecia se vivido em sua intensidade de amor humano e
espiritual. A família é o profeta para o mundo novo.
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