quarta-feira, 26 de setembro de 2018

REFLETINDO APALAVRA - “Profetas para um mundo novo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
Não fecheis o coração
                Marcos relata em seu evangelho o ensinamento de Jesus em Cafarnaum. De Nazaré, Ele e sua família tinham ido morar nesta cidade, à beira do lago (Mt 4,13). Era um centro importante e de fácil acesso e irradiação. Dali a notícia corria melhor. Jesus ensina na sinagoga, lugar importante de reunião do povo. “Todos ficavam admirados com seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da lei” (Mc 1,22).  No livro do Deuteronômio havia a promessa de um profeta como Moisés. Como o Messias e Elias, ele era esperado, pois os fariseus perguntaram a João se ele era o Profeta (Jo 1,21). Assim lemos: “Farei surgir para eles, do meio de seus irmãos, um profeta semelhante a ti (Moisés). Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar. Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras que ele pronunciar em meu nome” (Dt 18,18-19). Jesus é o profeta esperado. Havia gente fazendo-se mestres. Jesus é identificado como o Profeta por seu ensinamento e autoridade e não era como os mestres da lei. Estes ficavam repetindo as normas da lei. Jesus transmitia o conteúdo da Palavra de Deus. Falava de Deus e de seu amor ao povo. Por isso, o convite do salmo é forte: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba... aquele dia em que outrora vossos pais me provocaram, apesar de terem visto as minhas obras”. Não fecheis hoje o coração. Ouvi hoje a voz de Deus. Jesus comprova sua autoridade sobre o mal: “Cala-te e sai dele”, diz ao demônio (Mc 1,25) que O combate.
Anunciar a Palavra de Deus
               A temática desse domingo chama a refletir sobre a profecia. Quem anuncia a Palavra de Deus deve ter a autoridade de Jesus. Esta lhe vem da adesão à Palavra de Deus e da coerência de vida. Na base deve estar a experiência de Deus. Temos medo de Deus. Podemos até perguntar: Por que Deus não fala diretamente com as pessoas? Foi o povo que pediu um intermediário, pois tinha medo. Moisés realizou essa missão. O esplendor de Deus nos assusta. É preciso a penumbra. É o Espírito quem desfaz o medo. No amor não há temor (1Jo 4,18). Para não ter medo diante da grandeza de Deus é preciso saber acolher e por-se a serviço. Os que são profetas de Deus, isto é, os que falam sobre Deus, precisam dessa experiência para ter um ensinamento dado com autoridade. Nossa situação de carência espiritual e de pecados nos fazem fechados ao mistério de Deus. Encontraremos a recusa. As palavras colocadas na boca do endemoniado são a expressão de todos os que recusam a Palavra de Deus, mesmo sabendo que Cristo é o enviado de Deus, é a Palavra viva de Deus. Os que falam com autenticidade se comunicam em nome de Deus. O profeta também tem que de ser fiel a Deus. Não se deve ter medo da recusa, pois é um sinal da autenticidade.
A vida é ensinamento
               Há outro tipo de profecia e ensinamento: o testemunho da vida. Por isso rezamos na oração: “Concedei-nos amar com verdadeira caridade” (oração). Na segunda leitura encontramos a visão que Paulo tem sobre o matrimônio. Não é contra o matrimônio. Quer que todos sejam como ele, disponíveis para a pregação (1Cor 7,7). Não desvia as pessoas do casamento. Está ensinando que é necessária disponibilidade total para ser profeta. Por isso, o casamento não é somente um estado social, mas uma profecia se vivido em sua intensidade de amor humano e espiritual. A família é o profeta para o mundo novo.

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