O
segundo domingo do Tempo Comum é especial. É como uma ponte entre o Tempo do
Natal e o Tempo Comum, pois está na perspectiva da Manifestação do Senhor e na
Manifestação de Jesus em sua Missão. É o momento de chamar para o Reino e
reunir discípulos. Samuel recebeu o chamado de Deus para a missão profética.
Sua resposta “Fala, Senhor, que vosso servo escuta”, discernida na simplicidade
de um adolescente, ensina-nos a estar atentos aos chamados de Deus. Jesus chama
os primeiros discípulos, convidando-os a estar com Ele, onde mora. Disseram:
“Mestre, onde moras?”. “Vinde e vede”, disse Jesus. Eles foram e permaneceram com
Ele. Estar com Jesus é o caminho para o discernimento da vontade de Deus e para
darmos a resposta positiva. Vocação, seja para o que for, se não partir do
encontro com Jesus, não tem autenticidade. A resposta, nós a vivemos em um
corpo que é santuário de Deus como nos escreve Paulo. Deus não dispensa nossa
condição humana. É nela que nos encontramos com Ele, realizamos sua vontade e
seu projeto e comunicamos aos outros o que ouvimos do Senhor. A Eucaristia que celebramos é um
momento de chamada e de resposta às propostas de Deus para nossa vida. Ele nos
chama pelo nome. O discernimento se faz dentro de uma comunidade, pois é nela
que entramos pelo batismo. Por isso, nesse corpo eclesial é que podemos dar as
respostas, pois os dons que Deus nos dá são em vista de todo o Corpo de Cristo,
a comunidade. Vocação não é satisfazer um desejo, mas dispor-se a uma entrega.
Responder prontamente
O modelo de resposta é Jesus, como rezamos no
salmo: “Com prazer faço a vossa vontade” (Sl 39,9). Samuel e os discípulos ouviram
o chamado e seguiram. Este é o sacrifício pelo qual agradamos a Deus. Fazer
nossa vontade é muito bom, desde que esteja unida à vontade de Deus. Responder
prontamente é sinal claro de estar em sintonia com a vontade de Deus e tê-Lo
como a razão de nossa vida. A vontade de Deus não é uma imposição que cria em
nós uma marca. Ela, respeitando nossas condições pessoais, nos encaminha à
experiência com Jesus, pois só Nele podemos conhecer o Pai. Estando unidos a
Jesus realizamos esse projeto mesmo com riscos. Desse modo poderemos discernir
e responder prontamente. Não impomos condições a Deus, mas aceitamos as
condições que Jesus aceitou. Dela decorre ir até o extremo da doação. Assim
entendemos a força dos mártires, a ousadia dos missionários e a força dedicação
dos misericordiosos.
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“Samuel
não deixava cair por terra nenhuma das palavras do Senhor” (1Sm 3,9). Os discípulos seguiram Jesus e
logo foram comunicar a Simão Pedro: “Encontramos o Messias. Então André
conduziu Simão a Jesus” (Jo 1,41-42). O sinal de que encontramos e seguimos a Palavra
de Deus é comunicá-la. “Toda a vez que celebramos o esta sacrifício da
Eucaristia, torna-se presente a nossa redenção” (Oferendas). A celebração não é só uma
memória do passado. Por isso ela é uma chamada constante ao seguimento de Jesus
em sua missão. A liturgia da Palavra espera de nós a atitude de Samuel: “Fala,
Senhor, que teu servo escuta” (1 Sm 3,10). Iniciando o Tempo Comum, recebemos a missão de
conhecer o Senhor e fazê-Lo conhecido. Não é só no silêncio que ouvimos o
Senhor. É também no mundo em chamas que o Senhor fala.
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