terça-feira, 14 de agosto de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Alegria de evangelizar”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
1481. O bem se comunica
            Sabemos pela filosofia que é próprio do bem difundir-se (Bonum diffusivum est sui). O que é bom tende sempre a se comunicar. Através do evangelho recebemos o melhor Bem. É curioso ver que certas novidades no mundo das idéias, das práticas de saúde mental e outras, provocam um endeusamento. O que trazem? Bom conforto, relaxamento, sensação de bem estar. Tantas coisas boas, mas que não movem o coração a uma mudança de vida para o bem. Não se trata de impor uma religião, mas de mostrar que há um Bem Superior que vai além da superfície da sensibilidade e da comunicação com o ser humano através do fundamental que é o amor. O maior sinal de que amadurecemos no bem é a capacidade de viver para os outros, pois é tremendamente rico em si a ponto de enxergar o outro. O Papa Francisco comenta “Qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros” (EG 9). Quem tem esse tudo não precisa de nada. Nada é perfeito, mas cresce para a perfeição. Quem ensina o bem, o belo e o verdadeiro é completo e sai de si pelo outro. O bem, o belo e o verdadeiro são um só. Onde está um, está o outro. A evangelização é um dever para quem encontrou este Bem, pois faz parte de sua vida e é razão de sua existência. Paulo afirma: “Ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9,16). Por que esconder um bem a quem tem direito dele? Não ter saúde não é uma opção.  Ela é um bem que queremos. A saúde é total e atinge o ser humano completo. Do contrário é um prejuízo e faz crescer o egoísmo e diminui a capacidade de ser humano. Retomando o Documento de Aparecida 360, o Papa afirma que “os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais. A vida se alcança e amadurece na medida em que é entregue para dar vida aos outros”. Por isso vemos a alegria dos comunicadores dos evangelizadores que oferecem Vida. Eles têm a Vida.
1482. Força de renovação
            Renovar o anúncio evangelizador proporciona uma nova alegria na fé e na ação evangelizadora. As pessoas que se dedicam a comunicar aos outros a alegria da fé têm uma profunda alegria que anima a maior dedicação. Deus não é pesado. O Evangelho é um peso suave e um fardo leve, como disse Jesus. Esta força do alegre anúncio se justifica porque tem em seu centro o próprio Deus que manifesta seu amor em Cristo morto e ressuscitado (EG 11). Somente essa força de renovação e alegria pode explicar como os apóstolos e os primeiros cristãos evangelizaram com tanto entusiasmo enfrentado um império violento e absolutista, um paganismo cruel e vazio, um mundo grande e perigoso. A força era o que eles tinham de precioso: a presença de Jesus: “Eu estarei convosco” (Mt 28,20). Isso acontece hoje com a mesma força em nossa sociedade. A fé bem vivida é um grande benefício para a sociedade. Como o túmulo não pôde reter Jesus, não são as novas mortes do mundo que O deterão. Onde estão os grandes inimigos da fé? Temos um exemplo. Havia um marasmo na fé antes do Concílio. De um momento ao outro brotou um mundo novo. Há quem prefira o antigo. Todos morreremos. É o momento de caminhos novos para a fé.
1483.Jesus, o primeiro evangelizador
            Na renovada evangelização não podemos pensar que tudo depende de nós. Certo que devemos fazer como se tudo dependesse de nós. Mas a força é Jesus. Ele é o primeiro evangelizador, como nos diz Paulo VI em Evangelii Nuntiandi, 68. Ele nos chama a cooperar e dá o Espírito Santo para nos animar. A Igreja tem consciência que Deus é quem toma a iniciativa, pois nos “amou primeiro” (1Jo 4,19). Não se deve esquecer, diz o Papa que “Deus nos pede tudo, mas ao mesmo tempo dá-nos tudo”. A evangelização não nega o passado nem a história, pois, como o povo judeu, sabemos continuar a memória. Ninguém pega a Bíblia e começa a ler como se partisse do zero. Há já um caminho feito e batido pela fé dos fiéis durante séculos. Mas é urgente algo novo, sempre desbravando. Temos a memória da fé que nos foi transmitida pelos nossos pais e comunidades.
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