PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
O mandamento de Jesus
Na
Quaresma contemplamos os passos da formação do novo povo de Deus através do
anúncio, do batismo, da atividade dos apóstolos e mesmo da perseguição. Nos
próximos domingos refletiremos os capítulos 13 a 17 do Evangelho de João, nos
quais Jesus mostra o núcleo do Evangelho. Ali está o sentido de Sua Vida, a
finalidade da Paixão e da Ressurreição que culminarão na Ascensão e na
Glorificação como Senhor do Universo. Este núcleo é o Amor. Tudo em Jesus
partia e conduzia ao amor, pois Deus amou de tal modo o mundo que enviou seu
Filho para o perdão de nossos pecados, para viver a Vida de comunhão de amor
com o Pai. No texto do Evangelho de João (13,31-35), ouvimos: “Filhinhos, “Eu vos dou
um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como vos amei, assim também vós
deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão que sois meus discípulos se
tiverdes amor uns aos outros”. Temos aí a direção da vida cristã: amai-vos. E ensina
a maneira de amar: “Como Eu vos amei”. É seu mandamento. Isso vai ocorrer quando
estivermos unidos entre nós e com Ele (Jo 17,21). A Ceia de Jesus está sob a luz do amor. Jesus já
manifestara Seu amor e queria levá-lo ao extremo (Jo 13,1) isto é, até à Cruz. Este amor é Dom
misterioso que Jesus implora sobre os seus. O Dom é o Espírito que é o Amor. O
amor de Cristo é o tema central da salvação no Novo Testamento e também será
desenvolvido nas cartas de Paulo (Rom 8,37). O amor para que se amem. Ele será a garantia da
missão: “Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos
outros”. Será esta a preocupação da Igreja e das comunidades e dos indivíduos.
O novo mandamento é a síntese de todo ensinamento de Jesus. É a vida da
comunidade. É a garantia de vida eterna. Este mandamento deve ser a primeira
norma da vida da Igreja.
Novo céu e nova terra
O livro do
Apocalipse foi escrito para orientar a vida da comunidade em meio às
perseguições. Nele João mostra a comunidade glorificada que é a comunidade dos
seguidores que se reúnem para que o Evangelho seja vivo. Ela é o primeiro
anúncio que se faz de Cristo. Os novos céus começam aqui na terra onde se vive
o amor. Mesmo tendo já a vida eterna, ela passa, como Jesus, pelos sofrimentos.
“É preciso passar por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus” (At 14,22), diz Paulo
aos novos cristãos. Para anunciar, a comunidade, envia Paulo e Barnabé em missão. Ao voltarem,
narram os frutos de sua missão. A missão é de toda a comunidade e a ela se
devem prestar contas. Ninguém vai em próprio nome. A fé cristã propicia o
individualismo.
A comunidade dos ressuscitados
Jesus
ensina o modo de amar como Ele amou, como aprendeu de seu Pai, como reza o salmo
144: “Misericórdia e piedade é o Senhor. Ele é paciência, é compaixão. O Senhor
é bom para com todos. O Senhor é muito bom para com todos, Sua ternura abraça
toda criatura”. É um amor universal. O amor se realiza no concreto, como nos
cobrará o Juízo Final (Mt
25,31-46). Tem um direcionamento exato como Jesus o fez:
amou os pobres, os doentes os excluídos, os pecadores. Conservar tradições de
orações e ritos que não comprometem a vida, não corresponde à novidade de
Jesus. A comunidade é o novo céu, a nova terra. Ser espiritual não retira o
dever de ser concreto, como vimos no testemunho do Papa Francisco. Celebrando a
Eucaristia realizamos nossa comunhão com Deus: “pelo diálogo deste sacrifício
nos fazeis participar de vossa única e suprema Divindade”
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