quinta-feira, 23 de novembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Eis que venho”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Bem-aventurada a que acreditou
               Próximos do Natal, celebração da Manifestação de Deus à humanidade, lemos a visita de Maria a Isabel. Não é uma historinha de família. É Deus que visita o seu povo. “Luz do alto que nos veio visitar”, canta Zacarias (Lc 1,78). Maria, como nova arca da Aliança, traz em si o Eterno e vai ao encontro da abandonada que foi visitada por Deus; E lhe dá o Espírito Santo que enche de júbilo também o filho que tem no seio, João Batista. A oração da missa nos leva a compreender o mistério de Cristo como um todo: “Conhecendo a Encarnação, cheguemos, por sua Paixão e Cruz, á glória da Ressurreição”. A profecia de Miquéias revela que a pequenez de Belém dará o dominador de Israel. Deus não deixará seu povo no abandono (Mq 5,1-4ª). O povo, no sofrimento clama para que o Senhor volte e visite seu povo (Sl 79). Deus ouve a oração de Isabel e lhe dá um filho. Maria, virgem, recebe de Deus um filho. A visita de Maria é revelação da presença de Deus que visita seu povo. Isabel proclama que a fé de Maria lhe garante a realização das promessas. Ela é símbolo do povo que crê e é visitado por Deus que cumpre suas promessas. Isabel proclama a bem-aventurança de Maria e sua maior prerrogativa: “A Mãe de meu Senhor”. Esta palavra significa Senhor Deus. Maria está no mistério da Salvação como a discípula que crê e como a Mãe que dá a humanidade ao Filho de Deus. Rezamos no prefácio da missa: “Em Maria nos é dada a Graça que por Eva tínhamos perdido”. A Graça é Jesus. Maria, que fora tocada pelo Espírito de Deus O dá a Isabel. Dá o Espírito a João que salta de alegria. Perguntamos: “Quem se aproxima de nós sente a força do Espírito que temos no coração?”. Nossa missão no tempo do Natal é oferecer o Espírito como Dom.
Sacrifício da vontade
               A unidade do Mistério Pascal de Cristo está em sua vontade redentora, pois em cada etapa de Sua vida, todo seu Ser estava voltado para o Pai em sua permanente entrega: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade Daquele que me enviou” (Jo,6,38). Seu sacrifício começou na Encarnação. Lemos na carta aos Hebreus: “Eis que venho. No livro está escrito a meu respeito: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade”.  (Hb 10,7). Maria, após receber o anúncio do Anjo, corre com grande caridade à casa de Isabel. Está unida à Caridade de nosso Deus em Cristo que é comunicar a Palavra. Essa Palavra que traz em seu seio Virginal comunica o Espírito Santo a Isabel e lhe dá a fé para reconhecer o Filho de Deus. Realiza em João neste momento a vontade redentora. Maria é a arca da divina presença, como foi a Arca da Aliança pelos montes de Israel (1 Cr 13,14).
Tempos de restauração
            Profeta Miquéias anuncia a paz:Os homens viverão em paz” (Mq 5,3). Mundo sem violência. O próprio nascimento de Jesus é uma lição de convivência, amor e respeito à vida. Todos tiveram espaço perto do Menino. Quem sabe a gente pudesse restaurar um mundo para os pobres e pequeninos. Não haverá renovação sem o Espírito Santo. É preciso deixar que o Espírito irrompa em nossa vida, e que esta se faça dócil à Palavra que traz a vinda do Senhor. As palavras de Maria “Eis a serva do Senhor” valem hoje para nós. É necessário crer que o mundo é possível e que a Igreja se restaure. Por isso somos chamados a ver o valor do desapego e da pobreza do Natal. É necessária uma Igreja voltada para o povo e não para ideologias e ritos. Vamos celebrar bem a festa da salvação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário