Evangelho
segundo S. Lucas 19,1-10.
Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a
atravessar a cidade. Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver quem era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque
era de pequena estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus, que havia de
passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce
depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum
pecador». Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos
pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém,
restituirei quatro vezes mais». Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é
filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Boaventura (1221-1274), franciscano, doutor da Igreja
Exercícios espirituais da alma, cap. 2
Deus, anfitrião da nossa
alma
Escuta, ó alma, qual é a tua dignidade. Tão
grande é a tua simplicidade que nada pode habitar a morada do teu espírito,
nada pode aí morar exceto a pureza e a simplicidade da eterna Trindade. Escuta
as palavras do teu Esposo: «Se alguém Me ama guardará a minha Palavra; Meu Pai
amá-lo-á e viremos a ele e faremos nele morada» (Jo 14,23); e noutra passagem:
«Desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa.» Apenas Deus que te criou
pode, com efeito, descer ao teu espírito, pois, segundo o testemunho de Santo
Agostinho, pretende ser mais íntimo a ti do que tu próprio. Regozija-te, pois, ó alma feliz, por poderes ser a anfitriã de tal visitante.
«Ó alma feliz, que cada dia purificas o teu coração para receber o Deus que te
acolhe, este Deus cujo anfitrião não tem necessidade de coisa alguma, uma vez
que possui em si mesmo o Autor de todo o bem.» Que feliz é a alma em quem Deus encontra o seu repouso, pois pode dizer: Aquele
que me criou repousa debaixo do meu teto. Ele não poderá, pois, recusar o
repouso do céu àquela que Lhe ofereceu o repouso nesta vida. És demasiado ambiciosa, ó minha alma, se a presença deste visitante não te
basta. Fica a saber que Ele é tão generoso que te enriquecerá com os seus dons.
Não seria indigno de tal monarca deixar a sua anfitriã na indigência?
Ornamenta, pois, a tua câmara nupcial e recebe Cristo, teu Rei, cuja presença
deleitará e alegrará toda a família. Ó palavra verdadeiramente surpreendente e mui admirável! O Rei cujo esplendor é
admirado pelo sol e pela lua, cuja majestade é reverenciada pelo céu e pela
terra, cuja sabedoria ilumina as legiões dos espíritos celestes e cuja
misericórdia sacia a assembleia de todos os bem-aventurados, é este Rei que te
pede hospitalidade. Ele deseja e cobiça a tua morada mais do que o seu palácio
celeste, pois compraz-Se em habitar com os filhos dos homens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário