segunda-feira, 20 de novembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Amizade é um dom”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1966. Ser amigo
Gostamos de ter amigos e de receber amigos. O que vale mais ser amigo ou ter amigos? É bonito ver as crianças dizerem: Meu amigo, referindo-se a um colega. Sabemos que temos muitos conhecidos, mas poucos amigos. Há muitas descrições de amigos, muitas afirmações, como por exemplo: Amigo é aquele que é capaz de mostrar quando estou errado. Ou chega sempre nos momentos difíceis. Outra afirmação: Só se conhece um amigo depois de comer muito sal com ele. A amizade não exclui e nem domina as pessoas. Amigo é nome de liberdade. Amigos que se veem raramente quando se encontram, parece que se viram ontem. Amigo vai além daquele que está junto sempre. Esses passam. O amigo fica. Na verdade, temos poucos amigos. Ou nenhum. Há muita reflexão e palavras bonitas sobre a amizade. O que vale não é ter amigos, mas ser amigo. “Amigo” é uma palavra que está muito ligada à realidade do amor como Jesus ensina: por-se a serviço. Amigo não cobra presença, não exige atitudes nem impõe modelo. Não admite exclusão. É uma atração para construir juntos um modo de vida de liberdade que se dedica.  É amigo, quando os amigos são amigos do amigo. Amizade é liberdade. Ser amigo como Jesus era amigo. Era capaz de exigir vida, sem impor modelo. Cada apóstolo era diferente do outro. Jesus não exigiu que fossem iguais, não impôs. Ele era o amigo. Quando Judas o trai, chama-o de amigo. Não deixou de ser amigo, quando ele não foi amigo.
1967. Amizade espiritual
            É de se perguntar o quanto sou amigo. Além da amizade humana, cheia de riquezas e maravilhas, temos a amizade espiritual. Esse é o desafio. O que é um amigo espiritual? Aquele que divide comigo o caminho espiritual. Crescemos juntos em Deus e na Igreja. É aquele com quem partilho minhas experiências de Deus. Buscamos juntos o espiritual. Amamos o mesmo Deus e nos dedicamos à Igreja e seus ministérios com o mesmo entusiasmo. Somos capazes de partilhar as fragilidades e pecados. Não é um ente fora de outro mundo, invisível, que nos acompanha, protege e abençoa. Mesmo aqui continuamos amigos de nós mesmos procurando quem nos cuide. Não é um que passa a mão na cabeça, mas que se estimulam ao crescimento. É triste sermos isolados, solitários no caminho espiritual. Pior ainda quando na vida de Igreja, como sacerdotes e religiosos, religiosas, vivemos a solidão espiritual. É um sinal claro de que não aprendemos o amor de Jesus. Ele é o amigo que vamos amar juntos. Não dispensa que tenhamos amigos. Assim cresce nosso vigor espiritual. Temos um Amigo em comum. Os redentoristas têm dois santos que eram amigos espirituais: São João Neumann e Beato Francisco Seelos. Faziam juntos o caminho de dedicação a Deus.
1968. Amigo dos inimigos
            Somos ainda marcados, no campo da amizade, com a figura dos inimigos. Esses são aqueles que nos amam de modo diferente. É doloroso quando temos essa cruz na vida. Não amar não é bom, não ser amado não pode nos perturbar. Acaba provando dor e mesmo levando ao pecado por causa de nossa fragilidade. Vemos essa chaga dentro das famílias. O melhor remédio é não levar aos outros o que sentimos e prejudicar a pessoa. Quando se abrir a porta à amizade, ao bom relacionamento, não se deve fugir. Não se pode deixar que o mal nos faça mal. É muito bom não entrar na briga dos outros e não tomar partido. Ficamos em dúvida quando comungamos com esses problemas de “raivas”. O importante é rezar por esses “inimigos”. Onde não chegamos, chega nossa oração. A comunhão cura nosso coração.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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