PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
Redentorista
Um batismo no Espírito
A celebração do Batismo de Jesus faz parte da
Manifestação do Senhor que, juntamente com as Bodas de Caná introduz no ciclo
do Tempo Comum para ouvir o Filho e crer Nele. Ele é o Vinho Novo da festa do
Reino. Neste momento é a primeira vez que se ouve a voz do Pai que unge o Filho
com o Espírito para a missão como rezamos na oração: “Sendo o Cristo batizado
no Jordão, e pairando sobre Ele o Espírito Santo, Vós o declarastes solenemente
Vosso Filho”. Lucas insiste que Jesus agia movido pelo Espírito. Jesus dará o
Espírito a seus discípulos para que permaneça com eles (Jo 14,16). O Filho é o
Predileto, como lemos sobre Isaac (Gn 22,2) e sobre o Servo de Javé, que lemos em Isaías. Esta
figura, um tanto misteriosa, é uma profecia sobre Jesus, o Filho, cuja missão é
estabelecer a justiça na terra, e ser aliança do povo, luz das nações para
abrir os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão e livrar do cárcere os que
vivem nas trevas (Is 42,6-7)
Estas palavras que Jesus diz de Si mesmo
em Nazaré. (Lc 4,118-19 – Is. 61,1-2). Diante da manifestação de Deus no Jordão,
somos chamados a dar glória, reconhecendo Sua Divindade e acolhendo suas
palavras e a Palavra Viva que é Jesus. Ouvir e viver o Evangelho é dar glória.
Uma fé que liberta
Pedro, na casa de Cornélio, pagão justo,
demonstra o que significa ser novo povo de Deus aberto a todos. Diz: “Deus não
faz acepção de pessoa e aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que
seja a nação a que pertença” (At 10,34-35). A libertação que Jesus veio trazer, como lemos na primeira leitura,
não se refere só a pessoas, mas deverá ser uma libertação da estrutura de fé
judaica que era fechada. Agora, faz parte do povo de Deus todo aquele que faz o
bem, por isso tem fé em Jesus que ungido pelo Espírito Santo, “passou entre nós
fazendo o bem” (At 10,38).
Recebemos o dom de ouvir sempre o Filho (Pós-comunhão), por isso continuamos Sua missão de fazer o
bem. Vejamos que a noção de religião não é intimista, mas salvadora e curativa
para toda humanidade através de atitudes de libertação. Essa libertação não só
convida todos a entrarem no povo de Deus, mas também, como Jesus, encarna-se na
realidade dos povos, assumindo deles o que é bom para proclamar a graça da
salvação e formar as comunidades cristãs.
Uma missão a partilhar
A
celebração de hoje é como um documento de nosso Batismo: Se Deus declarou Jesus
o Filho amado, amados são todos os seus irmãos batizados. Suplicamos a
perseverança: “Concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do
Espírito Santo, perseverar constantemente no vosso amor” (oração). A oração pós-comunhão insiste na coerência de
fé e vida: ser chamado de filho é para ser filho de fato. Poucas palavras disse
o Pai. O Filho amado, nosso irmão amado, quer que o amor que é faz o bem esteja
presente nos filhos. Se estivermos libertos do Mal, Deus estará conosco e poderemos
fazer todo o bem, libertar de todos os males, pois para isso fomos batizados. O
testemunho de vida dos cristãos será nosso maior anúncio do evangelho. Jesus
nos deixa o exemplo da oração. É seu grande testemunho. Para receber o Espírito
é preciso estar aberto ao Pai que vai abrir seu peito e dá-Lo a nós. Renovemos
nosso amor a nosso batismo.
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