Deram as primícias da fé
Pedro, homem de pouca instrução, Paulo homem
bem formado. Pedro pobre e Paulo tecelão de qualidade. Cada um deles contribuiu,
a seu modo, para o desabrochar da Igreja. Jesus confiou-lhes ministérios
diferentes na mesma fé. “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, e fundou a Igreja
primitiva sobre a herança de Israel” (Prefácio). A ele foi confiada a evangelização dos judeus
mantendo assim a promessa feita aos patriarcas para o futuro do povo. Pedro se
dedicou de coração aos judeus, mas soube usar as chaves do Reino para abrir o
evangelho aos pagãos, como foi no caso do batismo de Cornélio (At 10, 1-48), dando
uma interpretação completamente diferente e nova ao relacionamento dos judeus e
pagãos que eram considerados impuros. A visão era uma ordem para comer animais
impuros. Havia uma proibição de comer animais impuros como lemos em Levítico
11. A visão de Pedro insiste que Deus não considera ninguém impuro. Assim as
chaves de Pedro abrem as portas do Reino de Deus a todos os povos. Há uma
comparação entre os pagãos e os animais impuros. Paulo, superando tudo que
aprendera do judaísmo foi capaz de continuar judeu e unir-se aos pagãos com sua
evangelização. Desse modo esses dois homens são as bases da fé para o mundo
gentio – pagão e para os judeus. Jesus é uma novidade total. E por isso arriscam
suas vidas. Rezamos no salmo: “E de todos os temores me livrou”. A fé que os
fundamentou na missão tem fragilidades, mas foi suficiente para dar bases ao
edifício da Igreja de Cristo. “Os ensinamentos desses dois apóstolos nos deram
as primícias da fé” (Oração).
Esta abertura que lhes proporciona a fé torna-se a garantia do futuro. Paulo
diz que depois das batalhas lhe está reservada a coroa da justiça (2Tm 4,8).
A união dos dois apóstolos
Pedro e Paulo são diferentes em
sua experiência de Jesus. Pedro viveu com Jesus, Paulo O conheceu de modo
diferente recebendo dele a missão para o mundo pagão. Às vezes até se
contrapondo puderam discernir não a partir de suas idéias, mas a partir da fé
em Cristo na Igreja. Nas discussões do grande tema da conversão dos pagãos,
buscam o bem da Igreja e não suas próprias idéias. A união dos dois apóstolos
vai ao extremo de darem a vida por Cristo em Roma, centro do mundo. Jerusalém
foi lavada com o sangue de Cristo. Roma, com o sangue dos dois apóstolos. Ela
tornou-se propulsora de evangelização. Não pode faltar o testemunho.. Os dois
têm o mesmo sentimento da presença de Cristo: Paulo diz: “O Senhor esteve ao
meu lado e me deu forças” (2Tm4,17).
Pedro diz com confiança: “Agora sei que o Senhor enviou seu anjo para me
libertar do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava” (At 12,11).
Mestres da Igreja
Podemos
aprender desses dois homens como discutir para discernir, não para ganhar. As
tensões que a Igreja vive são, às vezes, insolúveis
por não se buscar o bem de Cristo. Puderam abrir a porta aos pagãos sem fechar
aos judeus. Paulo foi sempre mestre porque foi sempre aprendiz, procurava
conferir com os mestres de Jerusalém, os apóstolos e anciãos, se ele estava
caminhando certo (Gl
2,2). Essa sabedoria humilde é capaz de construir. “A sabedoria incha, a
caridade edifica (1Cor
8,1). Lembremos também que o Papa Francisco, com carinho e força, dirige
a Igreja agitada pelas ondas de tantas maldades e pecados. Deus lhe dê força. A
nós cabe a ousadia de ouvir esses dois monumentos de fé e assumir suas atitudes
na Igreja hoje. Atitude de fé e fortaleza contra os males do mundo.
Leituras: Atos 12,1-11;Salmo
33; 2 Timóteo 4,6-8.17-18;Mateus 16,13-19.
1.
O ensinamento
dos dois apóstolos nos deram as primícias da fé.
2.
Os dois apóstolos são diferentes, trabalham de modo
diferente, mas unidos.
3.
Podemos aprender desses dois homens como discutir para
discernir, não para ganhar.
Abrindo
o cofre
Estamos acostumados a
ver a segurança de lugares onde estão valores altos e coisas preciosas. Há
chaves, senhas, segredos para garantir o local. Jesus também confiou a um homem
simples, mas esperto, a segurança dos bens espirituais. Ele se chama Pedro, o
homem pedra, fortaleza, garantia.
Num momento de sua
vida Jesus precisou de uma prova para ter certeza de poder confiar: “Quem sou
eu para vocês?” Pedro diz: “Tú és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Posso
confiar disse Jesus: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha
Igreja”. Nem o diabo tem força sobre ela. “Eu te darei as chaves do Reino dos
Céus”. Para abrir e fechar. (Mt 16,16ss).
A fé de Pedro e de
Paulo são as chaves da segurança. Paulo combateu o bom combate e guardou a fé.
Ambos sempre sentiram a presença de Cristo: “O Senhor esteve ao meu lado”...
Não precisamos nem de
Anjos, nem de milagres para garantir a Igreja. Basta a fé que nos foi
transmitida por esses dois homens que deram a vida por Cristo. Assim se forma e
se fortifica uma comunidade. As chaves não são para fechar, mas para abrir a
abundância da fé em Jesus.
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