PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Venho
fazer tua vontade
A
liturgia clama pela vinda do Salvador: “Derramai, ó céus, lá do alto, o vosso
orvalho... Abra-se a terra e produza a salvação” (Is
44,8). Deus nos deu um Salvador, Jesus. Na oração da missa de hoje
pedimos: “Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações, para que,
conhecendo pela mensagem do Anjo a Encarnação do vosso Filho, cheguemos, por
sua Paixão e Cruz, à glória da Ressurreição”. Celebramos o único mistério de
Cristo que celebra sua Manifestação. O Mistério Pascal de Cristo acontece em
sua amorosa “obediência” à vontade do Pai, como proclama a carta aos Hebreus:
“Ao entrar no mundo ele afirmou: Eis-me aqui! Eu vim ó Deus para fazer tua
vontade. Graças a esta vontade é que somos santificados” (Hb 10,5-10). Maria participa deste mistério de
obediência ao dizer: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Torna-se cheia do Espírito Santo. A Palavra
viva no seio de Maria comunica a Isabel o Espírito que faz exultar o menino
João. Ela é a arca da aliança que tem a presença de Deus. Isabel, cheia do
Espírito, proclama a bem-aventurança da fé que acontece em Maria:
“Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe
prometeu”. Em Maria, é toda a humanidade que acolhe o Salvador. Em Isabel, toda
humanidade proclama a fé de Maria. A redenção chega a todo o Universo por Jesus
que nos vem pela Mãe do Senhor. O Espírito que fecundou o seio de Maria e
encheu de júbilo Isabel e o menino que estava em seu seio, fecunda sua Igreja
na celebração do Natal para que ela, fiel como Maria, possa acolhê-lo e
manifestá-lo.
Comunidade
de amor
Não
podemos contemplar a cena da visita de Maria a Isabel como uma cena de comadres
que se ajudam na gravidez de um menino temporão. A primeira caridade é levar a
graça da Salvação. A visita é a celebração da efusão do Espírito e da
bem-aventurança da fé de Maria, a Filha de Sião, ícone de toda humanidade
grávida do Filho de Deus. Em Maria se realiza a profecia de Isaias: “Ele será
chamado Emanuel, que quer dizer, Deus conosco” (Is
7,14 e Mt 1,23). O gesto amoroso de Maria para com sua prima é uma
irrupção do Espírito. Todo gesto de amor que a comunidade dos fieis realiza,
será sempre uma presença do Espírito que continua dando a certeza que Deus não
nos abandona, como ouvimos em Miquéias (Mq 5,2).
Somos convidados a deixar que o Espírito irrompa em nossa vida, e que nos
tornemos dóceis à Palavra divina que traz o Salvador. Como Maria a Igreja diz:
“eis a serva do Senhor!” (Lc 1,38). Neste
momento o Espírito Santo geral nela o Filho de Deus.
Natal,
um mistério de obediência
A
obediência recebeu uma marca negativa no correr da história. A obediência de
Jesus que contemplamos na segunda leitura é a abertura à vontade de Deus.
Procurar a vontade de Deus é ser obediente. A vontade de Deus não escraviza ou
coíbe os projetos humanos. Ela promove o ser humano, como conduziu Jesus à
plena realização do projeto de Deus e se tornou para nós redenção e
santificação. Celebrar o Natal é abrir-se e acolher a manifestação da eficaz
misericórdia de Deus, como escreve Paulo a Tito (Tt
2,11). Ela nos ensina a assumir um modo de vida correspondente ao que
Cristo ensinou em seu Natal. Pela obediência de Cristo somos santificados; por
nossa abertura a Deus vivemos este mistério.
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