segunda-feira, 28 de março de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Uma luz iluminando o túnel”

                                     
PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
1708. Nascido da pedra                                 
            Celebramos a Ressurreição do Senhor. Há na Igreja cristã Católica e Oriental a noção, proveniente do judaísmo, de memória sacramental. Não fazemos lembranças dos fatos da História da Salvação, mas vivemos os mesmos fatos, na mesma intensidade do acontecimento, através dos símbolos sacramentais. Assim a Igreja vive intensamente e agora procura retomar com mais intensidade. A Vigília Pascal, no Sábado Santo à noite, tem diversas cerimônias que estão voltadas para o Batismo no qual participamos do Mistério de Cristo em sua entrega ao Pai e em sua Ressurreição. Há diversos ritos antigos que eram necessários para a celebração e que perderam o sentido prático e assim se desvirtuaram no seu significado primeiro. Entre esses, gostaria de salientar o círio pascal. Ele é aquela vela grande que fica acesa em todas as celebrações do tempo pascal, nos batismos, nas crismas e nos velórios que são os maiores momentos de participação do Mistério Pascal de Cristo. Num tempo sem eletricidade, a luz das velas iluminava a noite. O círio tinha a função de estar no centro da celebração. Dele se tirava a luz para as velas dos fiéis presentes. Imaginemos a força de símbolo nessa noite luminosa. O fogo tinha que ser virgem, isto é, tirado da faísca de pedra. Era usual. O símbolo desse fogo tirado da pedra significava Jesus Cristo, luz do mundo que saiu da pedra do túmulo. Era acesa a vela grande (círio). O Círio é uma imagem de Cristo, como um Crucificado ou um S. Coração etc... A chama do círio é imagem de Cristo Luz. Ele diz: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12).
1709. Luz salvadora
            Há um ritual muito rico para a preparação do círio pascal. Ele é bonito, e já vem preparado com desenhos referentes à Ressurreição. É traçada uma cruz com as palavras: “Cristo ontem e Hoje”. Colocam-se as letras do alfabeto grego no alto e no pé da cruz: “Princípio e Fim”. Depois se colocam os algarismos do ano corrente (2016), dizendo: “A Ele o tempo e a eternidade, a glória e o poder pelos séculos sem fim”. Após, colocam-se cinco grãos de incenso nas pontas da cruz e no centro: “Por suas chagas, por suas santas chagas, o Cristo Senhor, nos proteja e nos guarde. Amém!” (1Pd 2,24). O rito de preparação do círio indica que Cristo, por sua cruz, é o primeiro e o último (Ap 22,13). A redenção atinge todo o universo e todos os tempos. Mais ainda, especialmente neste ano da graça em que vivemos (2016). Jesus nos redimiu através de seus sofrimentos que culminaram na Ressurreição. Os cinco grãos de incenso lembram as cinco chagas de Cristo: das mãos, dos pés e do peito. Há igualmente uma indicação de culto a Deus presente, pois o incenso é colocado como louvor a Deus. Tudo o que Jesus fez foi para a glória do Pai.
1710. Renascidos no fogo
            O Círio se torna o centro da celebração da Vigília. Quando chega ao centro do altar e é cantada pela terceira vez a exclamação “Eis a luz de Cristo”, todos os fiéis acendem seus círios, suas velas, na luz do círio pascal. Lembra que a mesma luz que há em Cristo e a mesma vida que Ele possui com o Pai e o Espírito, são dadas a todos os que crêem e são batizados. Paulo escreve a Timóteo: “Se com Ele morremos, com Ele viveremos. Se com Ele sofremos, com Ele reinaremos” (2Tm 2,11-12). A seguir há a proclamação da Páscoa. Podemos dizer que somos renascidos no fogo, isto é, no fogo do amor de Deus manifestado em Cristo em sua Morte e Ressurreição.  Desse modo a Luz que é Cristo, ilumina todo o túnel de nossa vida. Não nos espera lá distante, mas está aqui, agora.

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