domingo, 27 de março de 2016

Homilia do Domingo de Páscoa (27.03.16) “O Senhor ressuscitou”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Abristes as portas da eternidade
            No terceiro dia do Tríduo Pascal (Sexta, Sábado e Domingo), a Igreja continua o Aleluia feliz que proclamou na Vigília. Se Jesus não tivesse ressuscitado, vazia seria a pregação e vã seria nossa fé (1Cor 15,14), pois acabaria numa sepultura a misericordiosa encarnação de Jesus e sem definição de nosso futuro. Com sua Ressurreição está definitivamente implantado o reinado de Deus sobre o universo, está restaurada a condição humana e estão abertas as portas do Paraíso fechadas pelo pecado. Deus não fechou o Céu, foi o homem e a mulhers culpados por uma desgraça que passou a todos. Mais que o mal, o fulgor da Ressurreição invade todo o Universo. Chega à meta o grande desígnio de levar todos a entrarem em comunhão com a Trindade. Quando Jesus morreu, rasgou-se o véu do templo (Mt 27,51). Este véu separava o lugar onde estava a presença de Deus. Só o sumo sacerdote poderia ali entrar, uma vez por ano (Hb 9,7). Agora está aberto a todos. Essa passagem é o coração aberto de Jesus pela lança de onde surge a grande torrente de sangue e água que inundam o mundo. “Abriram-se as portas da Eternidade”, como rezamos na oração da missa. A oração continua convocando “a ressuscitar na luz da vida nova”. Certamente para muita gente essas palavras não significam nada, pois ainda não ousaram beber das fontes de águas vivas que vêm do coração de Jesus. Os discípulos, como Pedro, guardaram de Jesus a lembrança de que  passou por toda parte fazendo o bem (At 10,38). Quando começamos fazer o bem participamos da vida eterna. É preciso conhecer a própria condição de pecado e a certeza que Ele tira o pecado do mundo, pois, destruindo a morte e, ressurgindo deu-nos a vida (Prefácio).
João viu e creu
            Relatando o dia da Ressurreição, João nos mostra uma realidade do ambiente, dando a perceber a surpresa e a incredulidade dos discípulos. Maria Madalena, sofrendo a perda de seu grande amigo, vai ao túmulo vazio. Corre para contar aos discípulos que correm ao túmulo. João, mais novo, chega mais depressa. Não entra. Vem Pedro entra e vê. João entra e crê. “Ainda não tinham compreendido as Escrituras, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,1,9). Para entender o mistério da Ressurreição é preciso o Espírito “que ungiu Jesus com poder” (At 10,38). Estamos chegando da grande preparação da Quaresma. Ela, por ação de Deus, nos purificou e nos alimentou com a Palavra. Podemos ser como João que viu e creu. Pedro nos faz lembrar que podemos ver sem entender. É preciso crescer.
                                            Ressuscitemos para uma vida nova
            A Ressurreição em nossa vida é um dom e um questionamento. Deus nos ressuscitou em Cristo e nós vivemos a ressurreição nas obras com o mesmo amor com que Cristo assumiu sua vida. Vivemos como ressuscitados?  Não se trata de um sentimento, mas de uma atitude. Viver ressuscitado é buscar a vida do alto (Cl 3,1). Quanto mais buscamos a coisas do alto, mais nos preocupamos com o amor que deve penetrar todas as atividades, pois amar a Deus e ao próximo são um só mandamento (Lc 10,26-27). Ressuscitar com Cristo não nos tira da realidade. Por isso, os sacramentos sempre são o sustento e o estímulo. Na celebração da comunidade temos a força e o caminho. A Eucaristia é o sacrifício pelo qual a Igreja renasce e se alimenta (Oração sobre oferendas). Renovados pelos sacramentos pascais, cheguemos à luz da ressurreição (Pós Comunhão).
Leituras: Atos 10,34ª.37-43;Salmo 117;Colossenses 3,1-4; João 20,1-9 
1.    Sem a Ressurreição seria vã nossa fé. Por ela Jesus nos abriu as portas da Eternidade. O reinado de Deus é implantado em todo o Universo. 
2.     Para entender a Ressurreição não basta ver, é preciso crer. O Espírito que ungiu Jesus com poder. Na celebração da Quaresma fomos purificados e alimentados pela Palavra. Podemos ver e crer. 
3.  A Ressurreição é um dom e um questionamento. Deus nos ressuscitou em Cristo e vivemos a ressurreição nas obras com o mesmo amor com que Cristo assumiu sua vida por todos. 
              Dobrando os panos 
              Jesus ressuscitou. Quando os discípulos foram ao túmulo encontraram os panos dobrados. Há muitos sentidos para esse gesto. Na verdade podemos dizer que não voltará mais para o túmulo e começou uma vida nova.
              Com sua Ressurreição abriram-se as portas da Eternidade. Não foi um momento imaginário, historinhas contadas para encantar. João conta como aconteceu: Madalena foi ao túmulo e viu que estava aberto sem o corpo. Achou que tinham levado o corpo. Pedro e João correm ao túmulo e confirmam. Pedro entrou e viu os panos dobrados. João entrou no túmulo e acreditou. Não basta ver, é preciso crer.
              Pedro fala firme: “Nós que bebemos e comemos com Ele depois que ressuscitou dos mortos”. Morto não se alimenta.

              A Ressurreição não é um fato que se refere só a Jesus. Mas a todo o Universo. Nós que cremos, ressuscitamos co Ele. Paulo lembra: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto onde Cristo está à direita de Deus” (Col 3,1-2). Com a Ressurreição temos garantido o Céu.

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