sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Deus revela-se aos humildes”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Evangelho revelado aos pequeninos 
Jesus, num assomo de entusiasmo, abre seu coração e revela profundos segredos que trouxe de junto do Pai. Revela-nos sua bela e constante união com Ele, na oração. Essa lhe brotava dos lábios espontaneamente em todas as circunstâncias. Oração, para Ele, era diálogo com o Pai. Sua oração é de agradecimento e louvor, como fará diante do túmulo de Lázaro: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste” (Jo 11,41). Agradece pelo que faz a Ele e pelo que faz aos outros: “Eu te louvo, ó Pai, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25). Jesus revela também as escolhas do Pai: Cuidar dos pequeninos e dos humildes. Disse essas palavras depois que os 72 discípulos voltaram de sua missão e contaram as maravilhas operadas. Eles são os pequeninos, os humildes, que entenderam o anúncio do Evangelho e o levaram aos outros, que também, são humildes. Os entendidos e sábios, que ouviam Jesus, não tiveram a mesma experiência porque não se fizeram pequenos, como os discípulos. Isso é exclusividade dos pequenos? Os outros não terão acesso a esse ministério e a essa Palavra? Jesus já dissera: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3). A sabedoria de Deus é outra. Não é acúmulo de conhecimentos e ciências, mas o conhecimento do Pai. “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho ou aquele a quém o Filho o quiser revelar”(Mt 11,27). Nesse mútuo conhecimento há um mistério de pequenez na grandeza de Deus. O Filho se faz pequeno para acolher o Pai e o Pai se faz pequeno para acolher o Filho. Nesta pequenez está o Espírito como fluxo de amor, também Ele humilde, porque serve. 
Um Senhor diferente 
O profeta Zacarias, anuncia o Deus que vem ao encontro de seu povo. Lemos este texto no domingo de Ramos no Evangelho de Mateus (Mt 21,5). A diferença desse Senhor não está no domínio, mas na humildade de sua pessoa: “Eis que vem o teu rei, ao teu encontro. Ele é justo, Ele salva; é humilde e vem montado num jumento” (Zc 9,9). O salmo 144 reza essa realidade sempre presente nas Escrituras: “Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é paciência e compaixão. O Senhor é muito bom para com todos; sua ternura abraça toda a criatura” (Sl 144,8-9). A humildade de Deus se revela em sua bondade e ternura. Sua força está em eliminar o mal: “Ele quebrará o arco do guerreiro, anunciará a paz às nações” (Zc 9,10). Nas atuais circunstâncias da Igreja, vivemos um risco muito grande de uma soberba institucional. Os serviços se tornam lugar de orgulho e de prepotência, que na verdade repetem aquilo que Jesus diz: “Ocultastes estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelastes aos pequeninos”. Não é por aí: Ele é manso e humilde. 
Pelo Espírito vivereis 
Neste contexto, Paulo faz o jogo entre viver segundo a carne e viver segundo o Espírito. Viver segundo o Espírito é condição para pertencer a Cristo. O viver segundo a carne, embrutece o ser humano a ponto de impedir que se abra ao Espírito, como lemos Jesus dizer no Evangelho: “Ocultaste aos sábios e entendidos”. Deus não oculta, mas revela a quem se abre na pequenez. A presença do Espírito é a garantia da revelação aos pobres e humildes. Por isso percebemos o quanto são capazes de entender o mistério de Deus. A Eucaristia, pequena, também ela, instrui-nos sempre mais ao acolhimento.

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