Evangelho segundo S. Mateus 5,43-48.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu
próximo e odiarás o teu inimigo’.Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos
inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso
Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover
sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa
tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os
vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Fulgêncio de Ruspas (467-532),
bispo no Norte de África - Sermão 5
«Eu, porém, digo-vos: amai os vossos inimigos»
«Não devais a ninguém coisa alguma a não ser
o amor mútuo» (Rom 13,8). Que dívida espantosa, irmãos, este amor que o apóstolo
Paulo nos ensina a pagar, sem nunca cessarmos de ser devedores. Dívida feliz,
esta, dívida sagrada, portadora de juros no céu, cumulada de riquezas eternas!
[…] Recordemos também as palavras do Senhor: «Amai os vossos inimigos, fazei bem
aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos
caluniam» (Lc 6,27). E qual será a recompensa deste labor? […] «Sereis filhos do
Altíssimo» (v. 35).
O apóstolo Paulo revela-nos o que será dado a estes
filhos de Deus: seremos «filhos e também herdeiros, herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo» (Rom 8,17). Escutai, pois, cristãos, escutai, filhos de
Deus, escutai, herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo! Se quereis possuir a
herança do vosso Pai, pagai a vossa dívida de amor, não só aos vossos amigos,
mas também aos vossos inimigos. A ninguém recuseis este amor, que é o tesouro
comum de todos os homens de boa vontade. Possuí-o, pois, todos juntos e, a fim
de o aumentar, dai-o tanto aos maus como aos bons. Porque este bem, que apenas
pode ser possuído em conjunto, não é da terra mas do céu; e a parte de um jamais
reduz a parte de outro. […]
O amor é um dom de Deus: «O amor de Deus foi
derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi concedido» (Rom
5,5). […] O amor é a raiz de todos os bens, da mesma maneira que, diz São Paulo,
a avareza é a raiz de todos os males (1Tim 6,10). […] O amor está sempre
satisfeito porque, quando mais multiplica os seus dons, mais abundantemente Deus
no-los dispensa. Eis por que motivo, enquanto o avarento empobrece com tudo
aquilo que açambarca, o homem que paga as suas dívidas de amor enriquece com
tudo aquilo que dá.
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