Com a festa de Cristo encerramos o Ano Litúrgico.
Temos todo um ano para celebrar com Cristo seu Mistério Pascal, isto é, sua
vida, paixão, morte e sua gloriosa ressurreição. Cristo não é somente um “santo
a mais” da Igreja. Somente nEle se explica o universo. Por isso celebramos a
festa de Jesus Cristo Rei do Universo. A festa tinha um cunho um tanto político
diante das realidades do mundo, como a dizer: Cristo é o Rei maior. Sem perder
essa dimensão de realeza, Jesus é o Salvador que se entrega ao Pai em sua
vitória sobre a morte. Ele é o Senhor. São João proclama no prólogo de seu
evangelho: “No princípio era o Verbo (Palavra – Cristo) e o Verbo estava com
Deus e o Verbo era Deus [...] Tudo foi feito por meio dEle, e sem Ele nada foi
feito de tudo o que existe” (Jo 1,1-2). Jesus é o Homem-Deus, síntese de todo
universo. Mas é Ele celeste: “Meu reino não é desse mundo” diz a Pilatos (Jo 18,36).
Ele esteve no meio de nós. “Ele nos ama porque nos libertou com seu sangue das
cadeias da morte e nos associou a si, nos redimiu a sua realeza, seu sacerdócio,
criando-nos como reino de salvação e povo sacerdotal digno de servir ao Pai”
(Frederici). Temos muitas razões para celebrar a festa de Cristo Rei, porque
estamos envolvidos com ele e seu Reino. O poder fundamental que tem é de
conduzir, como um pastor a seu rebanho, para, com Ele, viver junto do Pai. “Se
com ele morremos, com Ele viveremos. Se com Ele sofremos, com Ele reinaremos”
(2 Tm 2,11-12)
Restaurar tudo em Cristo
Fez de nós um reino de sacerdotes para seu Deus e Pai
(Ap 1,5). Missão dos cristãos são as realidades humanas. Cristão é o continuador de Cristo que vai
colocar o evangelho na política, na economia, nas estruturas sociais, nas
artes, nas universidades, nas ciências etc... Onde estiverem as pessoas, ali
deverá estar o cristão. Às vezes será um pregador das verdades, outras, o
servidor humilde que mostra o Cristo que serve. A cada homem e mulher são
confiadas as tarefas humanas. Nós nos preocupamos muito que as pessoas estejam
na Igreja assumindo pastorais, realizando atos religiosos, participando da vida
da Igreja. Certo! Mas o lugar do cristão é no meio da massa, como fermento de
mudança. Esse é o ensinamento da Igreja na Gaudium et Spes (Alegria e
esperança), Populorum Progressio (Progresso dos povos) documentos sobre a
Igreja no mundo. Não adianta nada ficar excomungando o mundo mau de fora. A
atitude coerente é entrar, não para se sujar, mas como água límpida no lamaçal
que aos poucos o purifica. Por que o cristão, quando entra nesse mundo acaba
ficando pior que os outros? Falta uma atitude concreta da Igreja de coerência
evangélica diante das realidades terrestres.
Quem é da verdade escuta minha voz
Quem nasceu de Deus e vive a Verdade de Deus, escuta
e aceita e obedece a voz do Filho de Deus (Jo 18,37). O Reino da Verdade está se
realizando eternamente. Sobre a cruz, no Espírito, no Sangue, na água e no
testemunho autêntico (Jo 19,30.34.35-37) Jesus é o Senhor. Ele é o centro e o
fim de tudo o que somos e fazemos. O cristão que está atento à voz de Cristo
torna-se uma testemunha da verdade. O senhorio de Cristo exige a essa
obediência à voz. Disse na parábola do bom Pastor: As ovelhas que me conhecem
ouvem a minha voz e me seguem (Jo 10,27). Ser do Reino de Cristo é uma questão
de identidade. À medida que o conhecemos, mais nos identificamos com seus
sentimentos e mentalidade e passamos a torná-lo presente no mundo
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