Evangelho segundo S. João 14,27-31a.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz.
Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem intimide o vosso coração. Ouvistes que Eu vos disse: Vou partir, mas voltarei para junto de vós. Se Me
amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que
Eu. Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer,
acrediteis.Já não falarei muito convosco, porque vai chegar o príncipe
deste mundo. Ele nada pode contra Mim, mas é para que o mundo saiba que amo
o Pai e faço como o Pai Me ordenou».
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Paulo II (1920-2005), papa
Mensagem para o Dia Mundial da
Paz 2002, §14-15 (trad. © Libreria Editrice Vaticana, rev.)
«Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não é como a dá o mundo que Eu
vo-la dou.»
A oração pela paz não é um elemento que «vem
depois» do empenho pela paz. Pelo contrário, está no âmago do esforço para a
edificação de uma paz na ordem, na justiça e na liberdade. Orar pela paz
significa abrir o coração humano à irrupção da força renovadora de Deus. Com a
força vivificadora da sua graça, Ele pode criar oportunidades para a paz mesmo
onde pareça que existam somente obstáculos e retraimento […]. Rezar pela paz
significa rezar pela justiça […].
Não há paz sem justiça, não há justiça
sem perdão: eis o que quero anunciar nesta mensagem a crentes e não crentes, aos
homens e mulheres de boa vontade, que têm a peito o bem da família humana e o
seu futuro. Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão: é o que quero
lembrar aos que detêm a sorte das comunidades humanas, para que nas suas graves
e difíceis decisões se deixem sempre guiar pela luz do verdadeiro bem do homem,
na perspectiva do bem comum. Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão:
não me cansarei de repetir esta advertência a todos os que, por uma razão ou por
outra, cultivam dentro de si ódio, desejo de vingança, propósitos de destruição.
[…]
Suba mais intensa no coração de todo o crente a prece por cada uma
das vítimas do terrorismo, pelas suas famílias atingidas tragicamente, e por
todos os povos que o terrorismo e a guerra continuam a ferir e a transtornar.
Nem sejam excluídos do raio de luz da nossa oração aqueles que ofendem
gravemente Deus e o homem através destes actos desumanos: seja-lhes concedido
entrar em si próprios e tomar consciência do mal que fazem, para abandonarem os
seus propósitos de violência e procurarem o perdão. Possa a família humana,
nestes tempos tormentosos, encontrar a paz verdadeira e duradoura, aquela paz
que só pode nascer do encontro da justiça com a misericórdia!
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