terça-feira, 28 de abril de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Surpresas do amor”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
265. Deus se apresenta como misericórdia
O Deus das infinitas surpresas não fez menos quando nos revelou Seu amor. Ele sempre toma a dianteira. Antes mesmo que nós O tivéssemos amado, já nos amava e nos salvava: “Deus dá prova do seu amor para conosco pois, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5,8). Essa sabedoria de Deus vem dizer-nos que não recebemos nada por mérito de nossa parte, mas por amor. Deus não paga nossos méritos mas doa em excesso. Deus não negocia, presenteia. Mostrou sua misericórdia quando a humanidade se encontrava na situação de fragilidade, dizemos pecado. A misericórdia de Deus não foi um ato de sentimento de pena, mas uma atitude de partilha de vida feliz. Veio para nos levar a participar de Sua comunhão, o que significaria a redenção de todos os males humanos e do universo. A atitude de Deus é fabulosa. Até o universo, como diz Paulo, esperava essa redenção (Rm 8,22-23). Toda redenção, por mais interpretações que tenha, não pode deixar de lado o aspecto do abraço do Pai que vem, através do Filho, ao encontro de cada pessoa. A morte de Jesus não foi um gemido de dor, mas um grito de amor que corta o coração de quem sabe acolhê-lo. Podemos ler nos evangelhos como o pai acolhe o filho que deixou a casa e como o pastor busca a ovelha perdida. Jesus veio para salvar o que estava pedido. Alegra-se porque os pequeninos acolhem Sua mensagem.
266. Um sacramento de bondade
            No projeto de Deus, tudo foi encarnação. O Filho de Deus se encarnou e deixou o grupo dos discípulos para continuarem Sua presença e missão. Deixou os sacramentos para que fossem o encontro de redenção com Cristo. Dentre esses sacramentos nós temos o sacramento da reconciliação e penitência. Esse foi a maior vítima da falta de compreensão do amor misericordioso de Deus. Tornou-se um tribunal de terror, tanto que muitos se afastaram dele pelo modo como foram atendidos. A maioria tem medo de confessar-se. Não era para ser assim. Pe. Häring chama-o de sacramento da alegria. Santo Afonso dizia que o pregador devia ser um leão no púlpito e um cordeiro no confessionário. E descreve as atitudes de carinho com que devem ser tratados os penitentes. E até completa: “Está com medo da penitência? Não se preocupe, pois Jesus a fez por você, morrendo na cruz!” Eu devo ser firme na verdade, mas posso dizê-la com educação, tentando convencer pelo amor e não pelo terror. O santo diz ainda que “as conversões provocadas pelo medo não duram muito tempo. Duram as conversões provocadas pelo amor”. A confissão é o sacramento do perdão e não da condenação. A heresia jansenista foi a culpada dessa cara ruim de Deus. O pior é que tem gente voltando a isso. Que bom se levássemos a confissão para o verdadeiro lugar. As pessoas correriam para ela, como para a eucaristia
267. Conversão como caminho permanente
O sacramento da penitência não é passar pelo padre, acusar os pecados, ou aproveitar-se de uma confissão comunitária para receber um perdão sem as condições devidas. O sacramento exige e estimula a conversão permanente. Aí sim, ele tem fruto. Por que não melhoramos? Porque não nos confessamos ou confessamos mal. Sem conversão não há sacramento da bondade. Conversão é a alegria de voltar para casa pelo sacramento alegre do encontro. Sem isso, fica tudo triste. O sacramento tem uma graça que aumenta a conversão e fortalece na decisão. Mesmo os casos mais complicados podem ser encaminhados pela graça do sacramento do perdão. Por isso, nada como criar um novo modo de ver esse sacramento.
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