quinta-feira, 16 de abril de 2015

O MENINO DA CICATRIZ NO ROSTO

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa-Venerável Padre Pelágio CSsR
Um menino tinha uma cicatriz no rosto. Os alunos do seu colégio não falavam com ele e nem se assentavam ao seu lado devido àquela cicatriz que achavam muito feia. Alguns até queriam que ele não freqüentasse mais o colégio ou quando muito, se assentasse no último banco da sala. Ele ficou sabendo e concordou, embora pesarosamente. Antes, porém, pediu ao professor para lhes contar a história daquela cicatriz. Após o intervalo o menino foi para frente e começou a relatar: 
- Sabe, turma, na realidade esta cicatriz é muito feia, mas o motivo foi o seguinte. Eu tinha por volta de 7 a 8 anos. Minha mãe era muito pobre e para ajudar na nossa alimentação, passava roupa para fora. Além de mim, havia mais três irmãozinhos, um de 4 anos, outro de 2 anos e uma irmãzinha com apenas alguns dias de vida. Um dia nossa casa, feita de madeira, começou a pegar fogo. Minha mãe correu até o quarto em que estávamos, pegou meu irmãozinho de 2 anos no colo, eu e meu outro irmão pelas mãos e nos levou para fora. Havia muita fumaça, as paredes pegaram fogo e estava muito quente.... Minha mãe colocou-me sentado no chão e disse-me para ficar com eles até ela voltar, pois ia buscar a caçulinha que continuava lá dentro da casa em chamas. Só que quando minha mãe tentou entrar na casa, as pessoas que estavam ali, não a deixaram, mas ela gritava: "Minha filhinha está lá dentro!" Vi no seu rosto o desespero, mas aquelas pessoas não queriam deixar de jeito nenhum... Foi aí que decidi. Coloquei meu irmão de 2 anos no colo do meu irmãozinho de 4 anos e disse-lhe que não saísse dali até eu voltar.. Entrei disfarçadamente, sem ser notado. Havia muita fumaça, estava muito quente, mas eu tinha que pegar minha irmãzinha. Quando cheguei no quarto, ela estava enrolada num lençol e chorava muito... Neste momento vi caindo do teto alguma coisa quente. Joguei-me na frente dela para proteger a menina, e aquela coisa quente queimou meu rosto...”
Muitos alunos choravam. Daí por diante a classe mudou seu modo de tratar o menino da cicatriz.

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