Evangelho segundo S. Mateus 14,22-36.
Depois de ter
saciado a fome à multidão, Jesus obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante
para a outra margem, enquanto Ele despedia as multidões. Logo que as
despediu, subiu a um monte para orar na solidão. E, chegada a noite, estava ali
só. O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra, açoitado
pelas ondas, pois o vento era contrário. De madrugada, Jesus foi ter com
eles, caminhando sobre o mar. Ao verem-no caminhar sobre o mar, os
discípulos assustaram-se e disseram: «É um fantasma!» E gritaram com medo. No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não
temais!» Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo
sobre as águas.» «Vem» disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou
sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento,
teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!» Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de
pouca fé, porque duvidaste?» E, quando entraram no barco, o vento amainou. Os que se encontravam no barco prostraram-se diante de Jesus, dizendo: «Tu
és, realmente, o Filho de Deus!» Após a travessia, pisaram terra em
Genesaré. Ao reconhecerem-no, os habitantes daquele lugar espalharam a
notícia por toda a região. Trouxeram-lhe todos os doentes, suplicando-lhe
que, ao menos, os deixasse tocar na orla do seu manto. E todos aqueles que a
tocaram, ficaram curados.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Tomás Moro (1478-1535), estadista inglês, mártir
Carta escrita
no cárcere a sua filha, 1534 (trad. Breviário, 22/6, rev.)
«Salva-me, Senhor!»
Não vou deixar de ter confiança, Meg, na
bondade de Deus, por mais receio que tenha de, com medo, poder vacilar. Mas
lembro-me sempre de São Pedro que, à primeira rajada de vento, começou a
afundar-se por causa da sua pouca fé; se tal me vier a acontecer, farei como
ele: gritar por Cristo e pedir-Lhe que me ajude. E assim espero que Ele estenda
a Sua mão para me segurar e me salvar das águas tumultuosas, impedindo que me
afogue.
E se Ele permitir que a minha semelhança com Pedro vá
mais longe, ao ponto de me precipitar e cair totalmente, jurando e abjurando
(que de tal coisa Deus me livre na sua infinita misericórdia e que, se assim
for, dessa queda me venha antes mal do que bem), ainda assim espero que o Senhor
me dirija, tal como fez a Pedro, um olhar cheio de compaixão (Lc 22,61) e me
levante de novo para que possa outra vez confessar a verdade da minha
consciência e suportar aqui o castigo e a vergonha da minha anterior negação.
Por fim, querida filha, estou plenamente convencido de que, sem
culpa própria, Deus não me abandonará. Por isso, com toda a certeza e esperança
me entrego nas suas mãos. […] Assim, minha querida filha, fica tranquila e não
te preocupes comigo, seja o que for que me aconteça neste mundo. Nada pode
acontecer-me que Deus não queira. E seja o que for que Ele queira, por muito mau
que nos pareça, é na verdade o melhor.
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