Guido viveu entre os séculos X e XI, e terá nascido em Brabante, Bélgica. Desde a infância, ele já demonstrava o seu desapego dos bens terrenos, tanto que na juventude distribuiu aos pobres tudo o que possuía e ganhava. Na ânsia de viver uma vida ascética, Guido abandonou a casa dos pais, que eram bondosos cristãos camponeses e foi ser sacristão do vigário de Laken, perto de Bruxelas, pois assim poderia ser mais útil às pessoas carentes e também dedicar-se às orações e à penitência. Quando ficou órfão, decidiu ser comerciante, pois teria mais recursos para auxiliar e socorrer os pobres e doentes. Mas, seu navio repleto de mercadorias afundou nas águas do Sena. Então, o comerciante Guido teve a certeza de que tinha escolhido o caminho errado. Convenceu do equívoco cometido ao abandonar sua vocação religiosa para trabalhar no comércio, mesmo que sua intenção fosse apenas ajudar os mais necessitados. Sendo assim, Guido deixou a vida de comerciante, vestiu o hábito de peregrino e pôs-se novamente no caminho da religiosidade, da peregrinação e da assistência aos pobres e doentes. Percorreu durante sete anos as inseguras e longas estradas da Europa para visitar os maiores santuários da cristandade. Depois da longa peregrinação incluindo a Terra Santa, Guido voltou para o seu país de origem, já fraco e cansado. Ficou hospedado na casa de um sacerdote na cidade de Anderlecht, perto de Bruxelas, de onde herdou o sobrenome. Pouco tempo depois, morreu, com fama de santidade. Foi sepultado nesta cidade e a sua sepultura tornou-se um pólo de peregrinação. Assim com o passar do tempo foi erguida uma igreja a elededicada, para guardar suas relíquias. Com o passar dos séculos, a devoção a São Guido de Anderlecht cresceu, principalmente entre os sacristãos, trabalhadores da lavoura, camponeses e cocheiros. Aliás, ele é tido como protetor das cocheiras, em especial dos cavalos. Diz a tradição que Guido não resistiu a uma infecção que lhe provocou forte desarranjo intestinal, muito comum naquela época pelos poucos recursos de saneamento e higiene das cidades. Seu nome até hoje é invocado pelos fiéis para a cura desse mal. A sua festa litúrgica, tradicionalmente celebrada no dia 12 de setembro, traz uma carga de devoção popular muito intensa. Na cidade de Anderlecht, ela é precedida por uma procissão e finalizada com uma benção especial, concedida aos cavalos e seus cavaleiros.
segunda-feira, 31 de março de 2014
Santo Amós, profeta
Amós (nome que em hebraico significa "levar" e que parece ser uma forma abreviada da expressão Amosiá, que significa Deus levou) foi um Profeta do Antigo Testamento, autor do Livro de Amós.
O terceiro dos chamados profetas menores era um vaqueiro e cultivador de sicómoros (7:14), um fruto comestível que se parece com o figo, cujas frutas devem ser arranhadas com a unha ou com um objeto de metal antes de amadurecerem para que fiquem doces. Vivia em Técua (Teqoa), nos limites do deserto de Judá (1:1), perto de Bet-Lehem, povoado situado a menos de 20 Km ao sul de Jerusalém. Aproximadamente em 760 AC, deixou sua vida tranquila e foi anunciar e denunciar no Reino de Israel Setentrional, durante o reinado de Jeroboão II (1:1).
Nesse contexto, o luxo dos ricos insultava a miséria dos oprimidos e o esplendor do culto disfarçava a ausência de uma religião verdadeira. Amós denunciava essa situação com a rudeza simples e altiva e com a riqueza de imagens típica de um homem do campo.
A palavra de Amós incomodava porque ele anunciava que o julgamento de Deus iria atingir não só as nações pagãs, mas também, e principalmente, o povo escolhido; este já se considerava salvo, mas na prática era pior do que os pagãos (1:3-2:16). Amós não se contentava em denunciar genericamente a injustiça social, ele denunciava especificamente:
os ricos que acumulavam cada vez mais, para viverem em mansões e palácios (3:13-15; 6:1-7), criando um regime de opressão (3:10);
as mulheres ricas que, para viverem no luxo, estimulavam seus maridos a explorar os fracos (4:1-3);
os que roubavam e exploravam e depois iam ao santuário rezar, pagar dízimo, dar esmolas para aplacar a própria consciência (4:4-12; 5:21-27);
os juízes que julgavam de acordo com o dinheiro que recebiam dos subornos (2:6-7; 4:1; 5:7.10-13);
os comerciantes ladrões sem escrúpulo que deixavam os pobres sem possibilidades de comprar e vender as mercadorias por preço justo (8:4-8)[3].
Santo Acácio, bispo, +250
Santo Acácio, cognominado Agatangelo, isto é, bom Anjo, viveu como bispo de Antioquia quando Décio era imperador romano. Em Antioquia existiam muitos Marcionitas, que abandonaram a religião, quando os católicos guiados pelo bispo, ficaram firmes na fé. O próprio bispo, por motivos de religião, foi citado perante o tribunal de Marciano. Este lhe disse:
-"Tens a felicidade de viver sob a proteção das leis romanas. Convém, pois, que honres e veneres os nossos príncipes, nossos defensores".
Acácio respondeu-lhe:
-"Quem poderá ter nisso mais interesse que os cristãos, e por quem o imperador é mais amado, senão por eles? É a nossa oração constante, que tenha longa vida aqui no mundo, governe com justiça os povos e lhe seja conservada a paz; nós rezamos pela salvação dos soldados e de todas as classes do império".
Marciano:
-"Tudo isto é muito louvável, mas para dar ao imperador uma prova de submissão, vem comigo e oferece o sacrifício aos deuses".
Acácio:
-"Já te disse que faço oração ao supremo Deus pelo imperador; mas criatura nenhuma poderá exigir de nós que sacrifiquemos a outros deuses".
Marciano interrogou-o :
-"Dize-me, pois, a que Deus adoras, para que possamos acompanhar-te em tuas orações".
Acácio:
-"Oxalá o conheças!"
Marciano:
-"Que nome tem ele?"
Acácio:
-"É o Deus de Abraão, Isaac e Jacó"
Marciano:
-"São deuses também?"
Acácio:
-"Não são deuses, mas homens a quem Deus se comunicou. Há um só Deus a quem é devida toda a oração".
Marciano:
-"Afinal, quem é esse Deus?"
Acácio:
-"É o Altíssimo, que tem seu trono sobre Querubins e Serafins"
Marciano:
-"Que coisa é Serafim? "
Acácio:
-"Um mensageiro do altíssimo e príncipe dos mais distintos da corte celestial" .
Marciano:
-"Deixa de contar-nos as tuas fantasias. Abandona aqueles seres invisíveis e adora os deuses visíveis".
Acácio:
-"Dize-me que deuses são"
Marciano:
-"É Apolo, o salvador dos homens, que nos defende contra a peste e a fome, que ilumina e governa o mundo"
Acácio:
-"Eu adorar a Apolo, que não pode salvar-se a si mesmo;a Apolo, cujas paixões inconfessáveis são conhecidas por Dafne e Narciso; a Apolo que, como um companheiro de Neptuno, trabalhou como pedreiro, para ganhar pão; eu adorar a Apolo? Pelo mesmo motivo podia queimar incenso a Esculápio, vítima do assassino Júpiter, à lúbrica Venus e a outros aventureiros do vosso culto. Isto eu nunca farei, embora me custe a vida . Como poderia adorar divindades, cuja imitação é uma vergonha e cujos imitadores são punidos pela lei?"
Marciano:
-"Sei que vós cristãos, injuriais os nossos deuses. Por isso eu te ordeno que me acompanhes ao banquete, que será dado em homenagem a Júpiter e Juno"
Acácio:
-"Poderia eu adorar um homem , cujo túmulo ainda existe na ilha de Creta? Por acaso ressuscitou?"
Marciano:
-"Basta de palavras: escolhe entre o sacrifício ou a morte"
Acácio:
-"Esta é a linguagem dos salteadores na Dalmácia: a bolsa ou a vida! Nada. Nada receio; se fosse eu um adúltero, salteador ou ladrão, eu mesmo me julgaria; se, porém, me condenam por ter adorado o Deus vivo e verdadeiro, a injustiça está do lado do juiz".
Marciano:
-"Tenho ordem de obrigar-te ao sacrifício ou punir a tua desobediência"
Acácio:
-"Ordem minha é não negar a Deus; devo obedecer ao Deus poderoso e eterno que disse que negará perante seu Pai àquele que O negar diante dos homens"
Marciano:
-"Estás confessando o erro da tua seita, em dizer que Deus tem um filho".
Acácio:
-"Sem dúvida, que tem".
Marciano:
-"Quem é este Filho de Deus?"
Acácio:
-"A palavra da verdade e da graça".
Marciano:
-"Este é seu nome?"
Acácio:
-"Não me perguntes pelo seu nome, mas quem era"
Marciano:
-"Qual é pois seu nome?"
Acácio:
-"Jesus Cristo".
Marciano:
-"De que esposa teve Deus este filho?"
Acácio:
-"Deus tem seu filho, não de maneira humana, gerado de mulher; pois o primeiro homem foi criado por suas mãos. Do barro da terra formou o corpo humano e deu-lhe um espírito. O Filho de Deus, o Verbo da Verdade, saiu do coração de Deus, como está escrito: meu coração produziu boa palavra". (S. 44,1).
Marciano insistiu que sacrificasse aos deuses e imitasse os exemplos dos Montanitas, dando assim um bom exemplo de obediência. Acácio, porém, respondeu:
-" O povo obedece a Deus e não a mim"
Marciano:
-"Dize-me os nomes daqueles que compõem o teu povo"
Acácio:
-"Estão escritos no livro da vida"
Marciano:
-"Onde estão os feiticeiros teus companheiros e pregadores de nova doutrina?"
Acácio:
-"Ninguém condena a feitiçaria mais do que nós a condenamos"
Marciano:
-"Esta nova religião, que introduzis, é feitiçaria"
Acácio:
-"É feitiçaria atirar ao chão ídolos feitos por mão humana? Nós só tememos aquele, que é Senhor do Universo, que nos ama como um Pai, que como Pastor misericordioso, nos salvou da morte e do inferno".
Marciano:
-"Dize-me os nomes que te pedi, se quiseres poupar-te aos tormentos".
Acácio:
-"Aqui estou diante do tribunal. Desejas saber o meu nome e dos meus companheiros. Como vencerás os outros, se eu sozinho te envergonho? Pois seja feita a tua vontade. Eu me chamo Acácio, ou Agatangelo, e com este nome sou mais conhecido. Meus companheiros são Piso, bispo de Tróia e o sacerdote Menandro. Agora faze o que entenderes"
Marciano:
-"Hás de ficar preso, até que o imperador tenha tomado conhecimento do teu processo".
Décio ficou comovido pela leitura das atas e concedeu a Acácio plena liberdade no exercício da religião. Ignora-se a data da morte do Santo. Os gregos, egípcios e todas as Igrejas do Oriente celebram a sua festa no dia 31 de março.
São Benjamin
Nasceu na Pérsia em 394DC. Converteu-se ao cristianismo e foi sagrado diácono. Foi preso pela sua fé, por um ano, e foi libertado com a condição de nunca mais falar sobre Cristo e que ele nunca fosse ouvido pela corte real. Benjamin tornou-se um pregador de rua proclamando a palavra de Deus por onde passava. Diz à tradição que, quando os ouvintes não acreditavam em suas palavras, ele simplesmente curava um cego, paralítico ou leproso para mostrar aos incrédulos o poder de Jesus. Com isso converteu centenas. Pela sua obstinação em evangelizar seu povo, durante as perseguições do Rei Varanes, ele foi preso, torturado para renegar a sua fé publicamente, e como não o fizesse foi duramente martirizado.
As terríveis atrocidades do Rei Varanes, são relatadas pelo historiador contemporaneo Theodoret em sua "Eclesiastical History".
No seu julgamento, São Benjamim perguntou ao Rei o que ele acharia de um súdito que renunciasse a sua lealdade e da mesma forma ele não poderia renunciar a Cristo.
O rei ordenou que enfiassem farpas de bambu debaixo de suas unhas e nas partes mais sensíveis de seu corpo. Como Benjamin não cedesse o Rei mandou que enfiassem uma estaca grossa e cheia de nós, pelo seu anus atravessando seu intestino. Ele expirou em terrível agonia, em 424 DC na Pérsia.
Ele é muito venerado na Rússia e Grécia.
Sua festa é celebrada no dia 31 de março..
Santa Balbina, virgem, mártir (+132)
Balbina era filha de Quirino (militar e tribuno). Converteu- se à fé cristã e foi batizada pelo papa Alexandre, jurando voto de virgindade.
Por causa de sua riqueza e nobreza espirituais, muitos jovens a pediram em matrimônio, mas ela manteve seu voto incorruptível e livre de qualquer mácula.
Estando gravemente enferma, o pai a levou ao Papa, que estava encarcerado, e ela foi curada.
Em 132, mais provavelmente no dia 31 de Março, foi arrastada com o pai por ordem do imperador Adriano e, com barbaridade, cortaram- lhe a cabeça. Devido a sua bravura diante da morte e por ter morrido em nome da fé, foi elevada, pelos hagiógrafos, à categoria de mártir e santa, sendo- lhe dedicada uma Basílica Menor em Roma.
Está sepultada, ao lado de seu pai, num antigo cemitério entre as vias Ápia e Ardeatina, o qual recebeu o seu nome.
EVANGELHO DO DIA 31 DE MARÇO
Evangelho segundo S. João 4,43-54.
Naquele
tempo, Jesus saiu da Samaria e foi para a Galileia. Ele mesmo tinha
declarado que um profeta não é estimado na sua própria terra. No entanto,
quando chegou à Galileia, os galileus receberam-no bem, por terem visto o que
fizera em Jerusalém durante a festa; pois eles também tinham ido à festa. Veio, pois, novamente a Caná da Galileia, onde tinha convertido a água em
vinho. Ora havia em Cafarnaúm um funcionário real que tinha o filho doente. Quando ouviu dizer que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com
Ele e pediu-lhe que descesse até lá para lhe curar o filho, que estava a morrer. Então Jesus disse-lhe: «Se não virdes sinais extraordinários e prodígios,
não acreditais.» Respondeu-lhe o funcionário real: «Senhor, desce até lá,
antes que o meu filho morra.» Disse-lhe Jesus: «Vai, que o teu filho está
salvo.» O homem acreditou nas palavras que Jesus lhe disse e pôs-se a caminho. Enquanto ia descendo, os criados vieram ao seu encontro, dizendo: «O teu
filho está salvo.» Perguntou-lhes, então, a que horas ele se tinha sentido
melhor. Responderam: «A febre deixou-o há pouco, depois do meio-dia.» O pai
viu, então, que tinha sido exactamente àquela hora que Jesus lhe dissera: «O teu
filho está salvo». E acreditou ele e todos os da sua casa. Jesus realizou
este segundo sinal miraculoso ao ir da Judeia para a Galileia..
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Imitação de Cristo, tratado
espiritual do século XV (Lisboa, Morais, 1965, rev.)
IV, 18
«Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não acreditais.»
«O que perscruta a majestade será oprimido
pela sua glória» (Prov 25,27 Vulg). Mais pode Deus fazer que o homem
compreender. […] Exige-se de ti a fé e uma vida sincera, e não a elevação da
inteligência ou a sabedoria dos profundos mistérios de Deus. Se não percebes nem
apreendes o que te é inferior, como compreenderás o que te está acima?
Submete-te a Deus e humilha o teu parecer à fé e ser-te-á dada a luz da ciência,
conforme te for útil ou necessário.
Alguns são duramente tentados na fé
ou na eucaristia; isso, porém, não se deve atribuir a eles, mas ao inimigo. Não
te importes, não discutas com os teus próprios pensamentos, nem respondas às
dúvidas insinuadas pelo demónio, mas crê nas palavras de Deus, crês nos seus
santos e profetas e de ti fugirá o inimigo. Muitas vezes de muito serve que tais
coisas suporte o servo de Deus. Pois que o demónio não tenta os infiéis e
pecadores, que já possui com certeza, mas os fiéis devotos, que tenta e humilha
de diversos modos.
Caminha portanto com uma fé simples e certa, e
aproxima-te do sacramento com suplicante respeito; e o que não consigas
perceber, entrega-o com confiança a Deus omnipotente. Deus não te engana; mas
engana-se aquele que em si próprio crê demais. Caminha Deus com os simples,
revela-Se aos humildes, dá inteligência aos pequenos, abre os sentidos aos de
espírito puro e esconde a graça dos curiosos e soberbos. A razão humana é fraca
e pode errar; mas não a verdadeira fé. Todo o raciocínio natural deve seguir a
fé, e não precedê-la ou infringi-la.
A PALAVRA MAIS BELA DA BÍBLIA
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR |
Anos atrás foi impresso na Inglaterra um livro de 900 páginas contendo o mesmo versículo, mas em 900 idiomas diferentes. O autor dessa curiosidade achava que esse era o versículo mais importante da Bíblia. Era como que o botão do qual desabrocham todas as outras mensagens bíblicas. O versículo é o seguinte:
“Tanto amou Deus o mundo, que mandou seu próprio Filho para que o mundo não pereça, mas seja salvo por ele”. (Jo 3,16)
Ele demonstrou seu amor, não tanto criando esse kosmos maravilhoso, não tanto nos dotando de inteligência e coração, não tanto porque assumiu a natureza humana através do Filho que se encarnou no seio de Maria, não tanto porque anunciou a Boa Nova através do Filho, mas antes de tudo, porque nos “entregou” seu próprio Filho. E mais, com todos os riscos pelos quais passaria, inclusive a morte de cruz. (Fonte: Livro “ein Wort in den Tag”)
Palavra de vida: Somos amados por Deus não porque merecemos, e sim, porque Ele é infinitamente amável.
31 DE MARÇO - PASTOR DE OVELHAS, CHAMADO PARA PROFETIZAR
Foi Amós, um dos profetas do Antigo Testamento. Nasceu em Técua, perto de Belém, numa região desértica, mas propicia para a criação de ovelhas. Era pastor e cultivador de sicômoros, até ser chamado para profetizar.
Amós é um dos doze profetas menores. Ama a simplicidade, odeia o luxo, é independente. Seu linguajar reflete a sobriedade em que vivia. O livro que escreveu está cheio de imagens da vida campestre que levava: a carroça que atola sob o peso dos feixes de trigo; a caça aos pássaros com a arapuca; o pastor que tira a presa da boca do leão; a serpente escondida nas gretas do assoalho; a torrente que jorra, etc.
Denuncia as injustiças e ameaça os injustos com os castigos divinos: Escutai, vós que esmagais o pobre e quereis exterminar os humildes do país... Mas convoca para a conversão: Procurai o bem, e não o mal, para que possais viver... e apela para a misericórdia divina. - Vale a pena ler o pequeno livro das profecias de Amós. Serve para nós também.
- Vai profetizar, é o apelo que todos recebemos.
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
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REFLETINDO A PALAVRA - “A civilização do amor”.
PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Sonhar é
preciso!
Sonhar foi sempre a grande mola que levou adiante as grandes idéias
e as maiores mudanças. Os sonhos de Júlio Verne estão aí para provar. É verdade
que o sonho pode passar como a névoa. Mas verdade é também que sonhar pode
levar a superar obstáculos e colocar fundamentos para grandes realizações.
Jesus viveu também lançando longe as âncoras de seus sonhos. Jesus amou, deu a
vida pelo amor e sonhou o seu mundo fundado no amor. Acreditou em seu sonho,
mesmo que parecesse impossível. O sonho de Jesus é implantar no mundo uma nova
maneira de viver, uma nova ordem que penetre todos os segmentos da sociedade.
Seu sonho é o amor. Seu sonho é realizar a obra iniciada pelo “Pai que de tal
modo amou o mundo a ponto de dar ao mundo seu Filho” (Jo 4,10). O Filho realiza
o que o Pai quer: implantar o reino do amor, cuja semente é Ele próprio, o
Filho. Por sua palavra anunciou que o Pai é o amor. Por sua vida mostrou como
se vive o amor (passou entre nós fazendo o bem – At. 10,37). Por sua morte
mostrou até onde vai o amor. “Não há maior amor do que dar a vida por seus
amigos” (Jo 15,13). Amar é doar-se.
As
bem-aventuranças, caminho do amor.
Quando Jesus, na montanha,
proclamava o programa de seu Reino, fez ver que a felicidade se encontra no
amor com o qual nos relacionamos com os outros, pois ele não é uma idéia, mas
um modo de viver. Este amor se faz de simplicidade, de preocupação com o bem,
de construção da paz e da misericórdia, de ternura e de boa mente com respeito
aos outros. E tanta coisa mais, mas muito à mão. O amor envolve e condiciona as
atitudes concretas e todos os sentimentos e projetos do coração. Desta forma
cria-se um modo de ser e de viver. O sermão da montanha dá diversos nomes ao
amor.
Civilização do amor.
Sempre houve
a sagrada preocupação com a pureza da doutrina. A fé foi defendida até com
muitas mortes, massacres, violências e prepotências. O que vimos foi a divisão
da Igreja. Mas se contemplamos os santos, entendemos que além de fé profunda,
tiveram um amor que se concretizou em obras sociais, caritativas e
missionárias. O amor cria um modo novo de viver. Atualmente podemos encontrar
um grande esforço de unidade, não pela fé, mas pelo amor. Quando a unidade se
fizer primeiro pelo amor que vencerá todas as barreiras. A missão básica dos
cristãos não é tanto trazer todos à fé, mas ao amor. O amor tem entrada em
todos os ambientes. Este amor tem que ser a lição permanente na escola da vida.
Ensinar o amor gratuito no serviço ao próximo será sempre a única escola que
funcionará. Podem perceber que a sociedade responde a esta pregação prestando
cada vez mais a atenção aos necessitados, à recusa da violência, à unidade em
favor da paz, ao acolhimento dos migrantes etc... Esperamos que a Igreja
aprenda também e que coloque no seu programa o amor como finalidade de toda a
vida espiritual. Não adianta falar muito, é preciso começar fazer este amor
funcionar de fato. Vemos aí a pastoral da criança e tantas outras que
contribuem mais com a ação do que com palavras. É preciso implantar o
acolhimento em todos os setores da Igreja. Sem amor, estamos votados ao
extermínio.
ORAÇÃO DE TODOS OS DIAS - 31 DE MARÇO
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se renova para mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós e dos que estão ao meu redor.
Creio em vós, Senhor. Eu vos amo e tudo espero de vossa bondade.
31 ─ Segunda-feira ─ Santos:
Balbina, Benjamim, Cornélia
Evangelho (Jo 4,43-54) “O
funcionário do rei disse: ─ Senhor, desce, antes que meu filho morra! Jesus
disse-lhe: ─ Podes ir, teu filho está vivo.”
O homem
acreditou na palavra de Jesus; ficou tranquilo, tanto que parece ter saído para
casa só no dia seguinte. Jesus não apenas curou o filho, mas também fez nascer
a fé no coração do pai. Nós acreditamos em Jesus; podemos ter certeza que pode
e quer atender nossos pedidos. Ainda que
nem sempre faça exatamente o que pedimos, faz sempre muito mais do que
esperamos.
Oração
Senhor
Jesus, creio no vosso poder e no vosso amor. Quereis meu bem até mais que eu
mesmo. Aumentai, pois, minha confiança e minha fé. Hoje quero pedir que nos
cureis a todos de nossas fraquezas. Afastai de nós tudo que nos dificulta viver
em união convosco e entre nós. Renovai nossa alegria e nossa coragem, para
poder mostrar a todos como é grande vosso poder divino. Amém.
domingo, 30 de março de 2014
Santa Irene, virgem (séc. IX)
Santa Iria ou Irene é uma mártir lendária da cidade de Nabância (próxima da moderna Tomar).
Nascida de uma rica família de Nabância, Iria recebeu educação esmerada e professou num mosteiro de monjas beneditinas, o qual era governado pelo seu tio, o Abade Sélio.
Devido à sua beleza e inteligência, Iria cedo congregou a afeição das religiosas e das pessoas da terra, sobretudo dos jovens e dos fidalgos, que disputavam entre si as virtudes de Iria.
Entre estes adolescentes contava-se Britaldo, herdeiro daquele senhorio, que alimentou por Iria doentia paixão. Iria, contudo, recusava as suas investidas amorosas, antes afirmando a sua eterna devoção a Deus.
Dos amores de Britaldo teve conhecimento Remígio, um monge director espiritual de Iria, ao qual também a beleza da donzela não passara despercebida. Ardendo de ciúmes, o monge deu a Iria uma tisana(espécie de bebida) embruxada, que logo fez surgir no corpo sinais de prenhez.
Por causa disso foi expulsa do convento, recolhendo-se junto do rio para orar. Aí, foi assassinada à traição por um servo de Britaldo, a quem tinham chegado os rumores destes eventos.
Lançado ao rio, o corpo da mártir ficou depositado entre as areias do Tejo, aí permanecendo, incorruptível, através dos tempos.
São João Climacus
Nasceu na Síria em 505 e faleceu de causas naturais em 649.
Monge no Monastério do Monte Sinai com a idade de 16 anos. Foi eremita em vários locais do deserto do Sinai.Abade do Monastério de Monte Sinais com 70 anos de idade. Renunciou ao cargo para retornar a sua vida de eremita . Escritor ascético cujos trabalhos influenciaram os que procuravam uma vida santa, durante 15 séculos.
O Abade São João foi o autor de “Uma escada para o Paraíso ou Escada da Perfeição da qual ele recebeu o apelido de “ Climacus” que em grego significa escada. Ele entrou para o Monastério de Monte Sinai quando tinha apenas 16 anos. Seu noviciado foi sob estrita disciplina. Pelo silencio ele aprendeu a controlar a insolência e desejo de discutir.Em vez disso ele adotou a obediência e a humildade e nunca contradizia ou disputava com ninguém. Após 4 anos de treinamento ele foi indicado professor.Da idade de 35 anos até a morte de Martyrius, João passou muitos anos como eremita ao pé do monte Sinai, onde ele estudou as Escrituras e as vidas dos Pais da Igreja. Ele praticava austeridade normal dos monges do deserto: jejuns freqüentes, noites em oração abstinência de peixe e carne. Como ele se tornou um conselheiro popular que era conhecido pela sua habilidade de confortar os angustiados, ele freqüentemente procurava sossego em uma caverna próxima. Quando alguns que tinham ciúmes de suas a habilidades o acusaram de passar muito tempo em pregações e discursos vãos, ele ficou em silencio completo por um ano ate que os seus acusadores o procuraram arrependido e pedindo que ele retomasse seus aconselhamentos. Ele ia ao Monastério apenas para celebrar a Eucaristia com seus irmãos monges nos sábados e domingos.
Quando ele tinha 70 anos ele foi eleito Abade do Monte Sinai apesar de suas objeções. Após sua eleição uma forte seca atacou a Palestina.O povo suplicava a ele que pedisse a Deus para que chovesse. Enfim ele orou a Deus e imediatamente a chuva começou. O seu contemporâneo Papa São Gregório, o magno escreveu para o santo Abade pedindo suas preces e enviou camas, mobílias e ajuda para o hospital perto do Monastério de Monte Sinai para peregrinos. Ele governou Monte Sinai por 4 anos. Depois se recolheu como eremita por cinco anos antes de sua morte.
A pedido do Abade Raithu João escreveu sua obra prima a qual usa uma escada espiritual com trinta degraus– um para cada ano da vida de Cristo na terra até o seu batismo- para ensinar a espiritualidade monástica e a perseguição do “Passivo desinteresse das coisas mundanas” - “Apartheia”, a qual é vista como um estado de perfeição. Seu trabalho foi muito popular durante a Idade Media e foi publicado em Inglês em 1959, sob o titulo de “A Escada da Divina Ascendência”. O livro é a fonte da iconografia Bizantina da escada para o céu.
Uma das reflexões de São João:
“Governe seu coração como um rei governa seu reino, mas seja sujeito acima de tudo, ao maior dos reis, Deus”.
Na arte litúrgica da Igreja é representado como um Abade carregando uma escada, ou como um homem vendo monges subindo aos céus em uma escada.
Sua festa é celebrada no dia 30 de março.
São Leonardo de Murialdo
Filho de uma família rica e piedosa . Estudou na universidade de Turin , e na faculdade de Saint Sulpice em Paris . Ordenado em 1851 na igreja da Visitation,França . Após estudos na França, retornou a Itália para fazer exame da atribuição "de Diretor Provisional" de uma faculdade pobre trabalhadores e fez sua carreira lá.
Fundou a Sociedade de Saint José de Turin sob a proteção de São José e modelo para os trabalhadores. Ela ainda existe, e tem ainda aprendizes novos. Fundou um Centro para meninos delinqüentes , o precursor da Cidade do menino e instituições similares. Deu suporte a “União de trabalhadores católicos” . Estabeleceu uma federação nacional para melhorar o nível do jornalismo italiano. Um modelo para trabalhadores sociais cristãos , ele trabalhou como advogado de trabalhadores, durante 8 horas por dia, em 1885.
Nasceu em 26 de outubro em Turin, Itália.
Faleceu em 30 de março de 1900 de causas naturais em Turin, Itália e foi enterrado na igreja de Santa Bárbara em Turin.
Foi beatificado em 3 de novembro de 1963 pelo Papa Paulo VI e canonizado em 3 de maio de 1970 também pelo Paulo VI.
É Padroeiro dos aprendizes.
Sua festa é celebrada pela Igreja no dia 30 de março, e no dia 18 de maio pelos salesianos.
EVANGELHO DO DIA 30 DE MARÇO
Evangelho segundo S. João 9,1-41.
Naquele
tempo, Jesus encontrou no seu caminho um homem cego de nascença. Os seus
discípulos perguntaram-lhe, então: «Rabi, quem foi que pecou para este homem ter
nascido cego? Ele, ou os seus pais?» Jesus respondeu: «Nem pecou ele, nem os
seus pais, mas isto aconteceu para nele se manifestarem as obras de Deus. Temos de realizar as obras daquele que me enviou enquanto é dia. Vem aí a
noite, em que ninguém pode actuar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do
mundo.» Dito isto, cuspiu no chão, fez lama com a saliva, ungiu-lhe os olhos
com a lama e disse-lhe: «Vai, lava-te na piscina de Siloé» que quer dizer
Enviado. Ele foi, lavou-se e regressou a ver. Então, os vizinhos e os que
costumavam vê-lo antes a mendigar perguntavam: «Não é este o que estava por aí
sentado a pedir esmola?» Uns diziam: «É ele mesmo!» Outros afirmavam: «De
modo nenhum. É outro parecido com ele.» Ele, porém, respondia: «Sou eu mesmo!» Então, perguntaram-lhe: «Como foi que os teus olhos se abriram?» Ele
respondeu: «Esse homem, que se chama Jesus, fez lama, ungiu-me os olhos e
disse-me: 'Vai à piscina de Siloé e lava-te.' Então eu fui, lavei-me e comecei a
ver!» Perguntaram-lhe: «Onde está Ele?» Respondeu: «Não sei.» Levaram
aos fariseus o que fora cego. O dia em que Jesus tinha feito lama e lhe
abrira os olhos era sábado. Os fariseus perguntaram-lhe, de novo, como tinha
começado a ver. Ele respondeu-lhes: «Pôs-me lama nos olhos, lavei-me e fiquei a
ver.» Diziam então alguns dos fariseus: «Esse homem não vem de Deus, pois
não guarda o sábado.» Outros, porém, replicavam: «Como pode um homem pecador
realizar semelhantes sinais miraculosos?» Havia, pois, divisão entre eles. Perguntaram, então, novamente ao cego: «E tu que dizes dele, por te ter
aberto os olhos?» Ele respondeu: «É um profeta!» Ora os judeus não
acreditaram que aquele homem tivesse sido cego e agora visse, até que chamaram
os pais dele.
E perguntaram-lhes: «É este o vosso filho, que vós dizeis ter
nascido cego? Então como é que agora vê?» Os pais responderam: «Sabemos que
este é o nosso filho e que nasceu cego; mas não sabemos como é que agora vê,
nem quem foi que o pôs a ver. Perguntai-lhe a ele. Já tem idade para falar de
si.» Os pais responderam assim por terem receio dos judeus, pois estes já
tinham combinado expulsar da sinagoga quem confessasse que Jesus era o Messias. Por isso é que os pais disseram: 'Já tem idade, perguntai-lhe a ele'. Chamaram, então, novamente o que fora cego, e disseram-lhe: «Dá glória a
Deus! Quanto a nós, o que sabemos é que esse homem é um pecador!» Ele,
porém, respondeu: «Se é um pecador, não sei. Só sei uma coisa: que eu era cego e
agora vejo.» Eles insistiram: «O que é que Ele te fez? Como é que te pôs a
ver?»
Respondeu-lhes: «Eu já vo-lo disse, e não me destes ouvidos. Porque
desejais ouvi-lo outra vez? Será que também quereis fazer-vos seus discípulos?» Então, injuriaram-no dizendo-lhe: «Discípulo dele és tu! Nós somos
discípulos de Moisés! Sabemos que Deus falou a Moisés; mas, quanto a esse,
não sabemos donde é!» Replicou-lhes o homem: «Ora isso é que é de espantar:
que vós não saibais donde Ele é, e me tenha dado a vista! Sabemos que Deus
não atende os pecadores, mas se alguém honrar a Deus e cumprir a sua vontade,
Ele o atende.
Jamais se ouviu dizer que alguém tenha dado a vista a um cego
de nascença. Se este não viesse de Deus, não teria podido fazer nada.» Responderam-lhe: «Tu nasceste coberto de pecados e dás-nos lições?» E
puseram-no fora. Jesus ouviu dizer que o tinham expulsado e, quando o
encontrou, disse-lhe: «Tu crês no Filho do Homem?» Ele respondeu: «E quem é,
Senhor, para eu crer nele?» Disse-lhe Jesus: «Já o viste. É aquele que está
a falar contigo.» Então, exclamou: «Eu creio, Senhor!» E prostrou-se diante
dele. Jesus declarou: «Eu vim a este mundo para proceder a um juízo: de modo
que os que não vêem vejam, e os que vêem fiquem cegos.» Alguns fariseus que
estavam com Ele ouviram isto e perguntaram-lhe: «Porventura nós também somos
cegos?» Jesus respondeu-lhes: «Se fôsseis cegos, não estaríeis em pecado;
mas, como dizeis que vedes, o vosso pecado permanece.»
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Homilia escrita no norte de África no
séc. V ou VI, erradamente atribuída a São Fulgêncio (467-532)
PL 65, 880
Aquele que «ao vir ao mundo, todo o
homem ilumina» (Jo 1,9) é o verdadeiro espelho do Pai. Cristo vem ao mundo como
imagem fiel do Pai (Heb 1,3) e anula a cegueira dos que não vêem. Cristo, vindo
dos céus, vem ao mundo para que toda a carne O veja […]; mas o cego não podia
ver a Cristo, espelho do Pai […]. Cristo abriu essa prisão; descerrou as
pálpebras do cego, que viu em Cristo o espelho do Pai […].
O
primeiro homem havia sido criado como um ser luminoso; mas achou-se cego, depois
que se afastou da serpente. Cego que veio a renascer quando passou a crer. […] O
cego de nascença estava sentado […] sem pedir a nenhum médico uma pomada que lhe
curasse os olhos. […] Chega o artesão do universo e reflecte a imagem no
espelho. Vê a miséria do cego ali sentado, a pedir esmola. Que milagre é a força
de Deus! Ela cura o que vê, ilumina quem visita […].
Ele, que criou
o globo terrestre, abriu agora estes globos cegos […]. O oleiro que nos modelou
(Gn 2,6; Is 67,7) viu estes olhos vazios […]; tocou neles, misturando a sua
saliva com um pouco de terra, e, ao aplicar essa lama, formou os olhos do cego
[…]. O homem é feito de argila; a pomada, de lama […]; a matéria que primeiro
servira para formar os olhos, veio depois a curá-los. Que prodígio é maior:
criar o globo do sol ou recriar os olhos do cego de nascença? No seu trono, o
Senhor fez brilhar o sol; ao percorrer as praças públicas da Terra, permitiu ao
cego a visão. A luz veio sem ter sido pedida, e sem quaisquer súplicas o cego
foi libertado da sua enfermidade de nascença.
HOMENS PÁSSAROS
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR |
Dédalo e Ícaro são dois personagens da Mitologia grega. Certa vez Dédalo engenhoso e inventor, vendo as gaivotas voar, achou que podia fazer o mesmo. Ajuntou uma porção de penas, molhou as pontas com cera líquida. Depois prendeu-as aos ombros e fez os primeiros ensaios. Após algumas tentativas frustradas, conseguiu voar. Depois fez outro par de asas para seu filho Ícaro e o ensinou como se voa:
- Lembre-se de não voar muito alto por causa do sol, nem muito baixo por causa das águas do mar.
Partiram, deixando para traz a ilha em que tinham ficado presos. O menino, tocado pela vertigem das alturas, subiu muito e aconteceu o que seu pai temia. A cera derreteu com o calor do sol, ele caiu no mar, e se afogou.Dédalo o recolheu, partido de dor, o enterrou e nunca mais tornou a voar.
Palavra de vida: Quem se exalta, será humilhado. Quem se humilha, será exaltado (Mt 23,12)
30 DE MARÇO - APRENDEU NA SOLIDÃO A TRATAR COM O POVO
Certa tarde silenciosa alguém bateu à porta do vetusto mosteiro do Monte Sinai. Era um rapaz de nome João Clímaco (+649) que vinha pedir um cantinho para se aprofundar em Deus na solidão. Permaneceu uns três anos nesse mosteiro. Queria, porém, mergulhar mais no silêncio. Por isso instalou-se numa gruta como eremita, onde passou quarenta anos. A fama de santidade correu mundo e ele se viu cercado de multidões que vinham buscar conselho e orientação. Pregava e testemunhava. Quando morreu o abade do mosteiro de Monte Sinai, os monges foram buscá-lo no deserto para ser o seu abade. Teve que aceitar, embora a contragosto. Lá escreveu o famoso livro “Escada do paraíso”, que se tornou leitura obrigatória em todos os mosteiros do Oriente e do Ocidente. Consta de 30 capítulos ou degraus que o fiel tem de escalar para chegar à perfeição. Foi mestre da oração da tranqüilidade, a Hesiquia(modo monástico de vida), tão viva na espiritualidade oriental.
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
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Homilia do 4º Domingo da Quaresma (30.03.14) “Agora sois luz no Senhor”
PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Eu sou a Luz do mundo
Na caminhada para a Páscoa, na qual celebramos os Mistérios centrais da Salvação, somos preparados para vivê-los na celebração e na vida. A liturgia de hoje tem uma mensagem de alegria que preanuncia a Páscoa. É a alegria daquele que não via a luz e, pela fé, vê Jesus que é a Luz. Nesses três domingos da Quaresma temos três ensinamentos: Jesus é a Água Viva, a Luz e a Vida, simbolizados na água oferecida à samaritana, na cura do cego e na ressurreição de Lázaro. Notemos que nos três casos foi um dom foi oferecido por Jesus, sem que fosse pedido. O dom da fé é gratuito. É o ensinamento sobre nosso Batismo. João, em seu evangelho, apresenta sete sinais (milagres) escolhidos que tinham a finalidade de levar à fé e por ela chegar à vida eterna. O oitavo sinal é a Ressurreição de Jesus. Hoje ouvimos a narrativa da cura do cego de nascença. O cego lava os olhos que foram tocados por Jesus com a lama feita com saliva. Ele os lava na piscina de Siloé que significa Enviado. Jesus é o Enviado de Deus. Ao encontrar Jesus que o cura, vendo-O professa a fé. Não crer é não querer ver e permanecer no pecado. Cristo é a Luz que se manifesta, pela sua Ressurreição, como Luz para o mundo para a Glória de Deus. No início de seu Evangelho João diz: “João veio como testemunha, para dar testemunho da Luz a fim de que todos acreditassem por meio Dele… a luz verdadeira que, vindo ao mundo, ilumina todo homem” (Jo 1,7.9). A Páscoa está cercada de símbolos de Luz: o fogo novo que acende o Círio Pascal, imagem de Cristo. Essa luz é repartida sem perder o seu fulgor (precônio pascal). No batismo é dada ao que foi batizado uma luz com as palavras: “Agora sois luz de Cristo”.
Deus escolhe porque ama
Nesse 4º domingo, lembrando o Batismo na etapa chamada “iluminação”, salienta-se a escolha que Deus faz de cada um como fez a Davi. A escolha é gratuita, pois “não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou primeiro e enviou-nos o Seu Filho” (1Jo 4,10) “quando éramos ainda pecadores” (Rm 5,8). Temos a declaração da humanidade de Cristo. O cego diz: “O homem chamado Jesus fez lama, colocou-a nos meus olhos e disse-me: ‘Vai, lava-te na piscina de Siloé e lava-te’”. Acentua também que Cristo é divino: “Se este homem não viesse de Deus não poderia fazer nada”. Jesus conclui: “Eu vim ao mundo para exercer um julgamento a fim de que os que não veem, veja, e os que veem se tornem cegos” (Jo 9,39). A iluminação é o resultado da vida que recebemos, como veremos no 5º domingo quando ouviremos a ressurreição de Lázaro. Cristo é Vida, por isso dá vida aos mortos. Mais que uma vida que termina, dá a Vida Eterna.
Agora sois luz em Cristo
Ser luz em Cristo é viver como filho da luz na bondade, justiça e verdade, discernindo o que agrada ao Senhor (Rm 5,9-10). A unção de Davi lembra-nos que somos ungidos no Batismo para receber o Espírito do Senhor. Continuamos o processo de transfiguração que proclamamos no segundo domingo da Quaresma. O testemunho cristão terá sempre oposição, como a Jesus: “A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a compreenderam” (Jo 1,5). Voltando à reflexão sobre a Paixão e Morte de Cristo, sabemos que o discípulo passa pelo mesmo caminho do Mestre: “Se eles me perseguiram também vos perseguirão, se guardaram minha palavra também guardarão a vossa” (Jo 15,20). Somente a graça pode nos garantir: “Iluminai nossos corações com o esplendor de vossa graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-Vos de todo o coração” (Pós-Comunhão).
Leituras: 1Samuel 16,1b.6-7.10-13ª; Salmo 22; Efésios 5,8-14; João 9,1-41
1- Temos uma mensagem de alegria que anuncia a Páscoa. O tema de hoje é Jesus é a Luz. Ela é um dom oferecido gratuitamente, simbolizada na cura do cego. Os milagres (sinais) de Jesus são para levar à fé. O oitavo sinal é a Ressurreição que dá a Vida. Esta luza é para se acolhida e não recusada. Na liturgia pascal temos muitos símbolos da luz.
2- Este é o domingo da iluminação. Ela é puro dom como a Davi, pois Deus nos amou primeiro quando ainda éramos pecadores. A iluminação é resultado da Vida que recebemos. Cristo é Vida.
3- Ser luz em Cristo é viver como filho da luz na bondade, na justiça e na verdade. A unção de Davi lembra que somos ungidos para receber o Espírito. Continuamos o processo de transfiguração. Passamos também pela mesma rejeição da luz de Cristo. A graça desta luz nos conduz a viver o bem.
Lavando com lama
Jesus é a Luz. Jesus curou um cego passando lama nos olhos dele. Davi, o escolhido de Deus tinha belos olhos. Podia ver o que é de Deus. Aquele que tem fé, vê com os olhos de Deus, pois tem Sua luz.
Na Páscoa Jesus iluminou o mundo com a sua Ressurreição. No Batismo somos iluminados por Cristo e começamos a enxergar de um modo novo. Paulo ensina que antes éramos trevas, mas agora somos luz no Senhor. Por isso somos chamados a viver como filhos da Luz.
Na luz de Deus podemos discernir o que é certo e o que é errado. O Batismo não é só um rito, mas um ato de fé em Deus que nos dá a Luz para a Vida de Deus em nós.
ORAÇÃO DE TODOS OS DIAS - 30 DE MARÇO
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se renova para mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós e dos que estão ao meu redor.
Creio em vós, Senhor. Eu vos amo e tudo espero de vossa bondade.
30 ─ 4º Domingo da Quaresma ─ Santos:
Régulo, Donino, João Clímaco
Evangelho (Jo 9,1-41) “No
sábado é que Jesus tinha feito lama e aberto os olhos do cego... Disseram,
então, alguns fariseus: ─ Esse homem não vem de Deus, pois não guarda o
sábado.”
A iniciativa
foi de Jesus; o cego não pediu nada. Deve ter ficado sem entender o que
acontecia, mas imagino como ficou contente quando começou a enxergar. O homem
não tinha dúvida: não via nada, mas começou a ver tudo quando lavou os olhos.
Outros podiam duvidar. Ele não: “E
tu, que dizes daquele que te abriu os olhos?” Respondeu: “É um profeta”. Não
sabemos como foi o resto de sua vida, mas certamente nunca esqueceu de Jesus.
Pois bem, diante do mesmo fato, a
reação dos fariseus é outra: “Esse homem não
vem de Deus, pois não guarda o sábado”. Não viam porque não queriam ver. Como
diz o provérbio, o pior cego é o que não quer ver; para esse não há cura.
Oração
Senhor, afastai
de mim o preconceito, que me impede de compreender os sinais que me fazeis, e
me leva tantas vezes a interpretar mal meus irmãos. Dai-me um coração sincero e
simples, aberto para a verdade e sem prevenção contra o amor. Ajudai-me a
compreender que é melhor enganar-me confiando na sinceridade alheia, do que
tratar a todos com suspeita. Mas, principalmente, Senhor, fazei-me dócil e
obediente ao que me dizeis através das pessoas ao meu redor. Que eu não me fixe
nas suas imperfeições, mas apenas na verdade do que me dizem. Que em tudo que
fazem eu veja em primeiro lugar bondade, amor, vontade de ajudar. Que eu seja
mais rápido em desculpar do que em acusar, e que eu veja tudo apenas através do
filtro da caridade. Amém.
sábado, 29 de março de 2014
S. José de Arimateia, séc. I
José de Arimateia era assim conhecido por ser de Arimateia, cidade da Judeia. Homem rico, senador da época, era membro do Sinédrio, o Colégio dos mais altos magistrados do povo judeu.
José de Arimateia, juntamente com Nicodemos, providenciou a retirada do corpo de Cristo da cruz após solicitação feita a Pôncio Pilatos. De acordo com o Evangelhos, era o dono do sepulcro onde Jesus, seu amigo, foi depositado, num horto a cerca de 30 metros do local da crucifixão e de onde ressuscitou três dias depois da morte. A tradição atribui também a José o lençol de linho em que Jesus foi envolvido, conhecido hoje como o Santo Sudário.
cf. wikipedia
Beata Joana Maria de Maillé, viúva, +1414
Relutante em casar aos 16 anos, viúva com um pouco mais de 30, expulsa de casa pelos parentes do marido, nos restantes 50 anos de sua vida foi obrigada a viver sem abrigo. Tantos percalços estão concentrados na vida da Beata Joana Maria de Maillé que nasceu rica e mimada no Castelo de La Roche, perto de Saint-Quentin, Touraine, em 14 de abril de 1331. Seus pais eram o Barão de Maillé Hardoin e Joana, filha dos Duques de Montbazon.
Sua família se destacava pela devoção. Ela cresceu sob a orientação espiritual de um franciscano, mostrando uma particular devoção a Maria. Dedicava-se a orações prolongadas e fez precocemente o voto de virgindade. Aos onze anos, no dia de Natal, pela primeira vez teve um êxtase: Maria Santíssima lhe apareceu segurando em seus braços o Menino Jesus. Uma doença que quase a levou à morte serviu para desprendê-la mais e mais da terra e torná-la mais próxima de Deus.
Na idade de dezesseis anos, aparece no cenário de sua vida um parente da mãe que se tornou seu tutor, o que sugere que os pais morreram prematuramente. O tutor combina, de acordo com o costume da época, o casamento de Joana com o Barão Roberto II de Sillé, um bom jovem, não muito mais velho do que ela, seu companheiro de brincadeiras na infância. E isto apesar de estar ciente da inclinação de Joana para a vida religiosa e do seu voto de castidade. Portanto, é um casamento contra a vontade da jovem.
Providencialmente, o tutor morreu repentinamente na manhã do dia do casamento, e a impressão no noivo foi tão grande, que propôs a Joana viverem em perfeita continência, isto é, como irmão e irmã. Seu consentimento é imediato, já que estava preparada para isto pelo seu voto de virgindade.
Apesar das premissas, o casamento funcionou e bem: como base da união eles colocaram o Evangelho, e viveram-no plenamente, resultando em muitas boas obras, como: adotar algumas crianças abandonadas, alimentar e cuidar dos pobres, ajudar os empestados...
Santo Eustáquio (ou Eustásio), monge, +629
Santo Eustáquio viveu no fim do século VI. Tornou-se monge em Luxeuil, cujo mosteiro fora fundado e dirigido por São Columbano.
Mas foi para a Suíça, onde fundou um mosteiro juntamente com Santo Columbano e São Gal.
Mais tarde, quando o mosteiro de Luxeuil estava sendo ameaçado, São Eustáquio retornou para defendê-lo dos usurpadores. A partir de então, o abade Eustáquio dedicou-se a restaurar a disciplina monástica e foi defensor da regra de São Columbano. Criou no mosteiro um coro perpétuo que, ininterruptamente, cantava louvores a Deus.
Com aproximadamente 60 anos faleceu em Luxeuil.
São Jonas de Hubaham e São Barachisius
No 18º ano de seu reinado o Rei Sarraceno Shapur II começou uma violenta perseguição aos cristãos na Pérsia. Ele colocou na prisão dois monges irmãos da cidade de Beth-Asa e decidiu visitá-lo se confortá-los nas ultimas horas de seus terríveis tormentos e morte. Os dois monges foram levados a julgamento e o juiz disse a eles que eles deviam venerar o Rei da Pérsia e também o sol , a lua, o fogo e a água. Eles responderam que somente um tolo veneraria um mortal em vez de um imortal Rei dos Céus.
Barachisius foi colocado em um calabouço muito pequeno. E Jonas ficou preso. Quando ele continuou recusando a oferecer sacrifícios aos deuses,as torturas começaram. Ele apanhou com bastões e enfiaram um bastão pontudo em seu umbigo e ele ainda cantava hinos de louvor a Jesus.
Foi colocado em um lago gelado e deixado para morrer. Algum tempo depois Shapur mandou trazer Barachisius e disse a ele como seu irmão havia sido morto. O mártir disse que isto era impossível e que Jonas estava vivo, e falou tanto sobre o poder da Santíssima Trindade que todos ficaram perplexos. Barachisius foi torturado com ferros em fogo e martelos foram colocados debaixo de seus braços foi dito: se você deixar qualquer um deles cair, você estará renegando a Cristo. Bateram muito nele, mas os seus braços, milagrosamente, não deixaram os martelos caírem. Eles inventaram novas torturas:
Chumbo derretido foi derramado em suas narinas e olhos e foi jogado em uma cela pendurado por um dos pés.
Na manhã seguinte eles encontraram, (como havia previsto Barachisius), Jonas ainda vivo e tentaram minar a sua fé dizendo que seu irmão tinha renegado a Cristo. O mártir interrompendo disse: “Eu sei que há muito tempo ele renegou o demônio. Se vocês são inteligentes sabem que é melhor semear o milho que guardá-lo para perder. Minha vida é como uma semente e reviverá novamente após a morte, por Jesus Cristo”.
Em seguida os dois santos forma barbaramente torturados, cortaram suas línguas, dedos, retiraram seus escalpos e queimaram com óleo fervendo e o corpo de Jonas foi colocado em uma prensa de uvas e prensado até a morte.
Mesmo após sua morte eles continuaram. Serraram seu corpo em vários pedaços e jogaram dentro de uma cisterna seca e colocaram guardas para evitar que outros cristãos levassem suas relíquias.
Barachisius foi tratado com igual brutalidade. Centenas de farpas foram colocadas em sua pele e ele foi rolado no chão de modo que todas penetrassem em sua carne. Lá pelas tantas o juiz perguntou se ele ainda estava vivo. Barachisius respondeu “Deus, o criador deste corpo, o restaurará e será seu juiz e seu rei”. Em seguida eles o mataram derramando uma espécie de piche quente (usado para selar as madeiras dos navios da época) em sua garganta.
Algum tempo após morte deles, Abtusciatus, um velho amigo, comprou seus corpos por 500 drachmas e três vestidos de seda. Ele os enterrou em um local que somente alguns cristãos conheciam e veneravam suas relíquias.
Os atos de seu martírio são autênticos e foram escritos em originalmente escritos em Chaldaic.
Sua festa é celebrada no dia 29 de março.
Nos anos bisextos a festa de São Barachisius é comemorada no dia 29 de fevereiro.
EVANGELHO DO DIA 29 DE MARÇO
Evangelho segundo S. Lucas 18,9-14.
Naquele
tempo, Jesus disse também a seguinte parábola, a respeito de alguns que
confiavam muito em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os demais: «Dois homens subiram ao templo para orar: um era fariseu e o outro, cobrador
de impostos. O fariseu, de pé, fazia interiormente esta oração: 'Ó Deus,
dou-te graças por não ser como o resto dos homens, que são ladrões, injustos,
adúlteros; nem como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e
pago o dízimo de tudo quanto possuo.' O cobrador de impostos, mantendo-se à
distância, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu; mas batia no peito,
dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador.' Digo-vos: Este
voltou justificado para sua casa, e o outro não. Porque todo aquele que se
exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.»
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Jean Tauler (c. 1300-1361),
dominicano de Estrasburgo
Sermão 48, para o 11.º domingo depois da
Santíssima Trindade
Crede-me, caras irmãs: em boa verdade, se eu
encontrasse um homem com os mesmíssimos sentimentos do cobrador de impostos,
isto é, que se tivesse a si próprio por pecador, desde que nesse sentimento de
humildade estivesse o desejo de ser bom, […] dar-lhe-ia de bom grado de dois em
dois dias a Comunhão do Corpo do Senhor. […] Se quisermos guardar-nos das nossas
quedas e faltas graves, é absolutamente necessário que tomemos deste alimento
nobre e forte. […] Por conseguinte, não devemos abster-nos da Comunhão de ânimo
leve, só porque nos sabemos pecadores; pelo contrário, precisamente por isso
devemos apressar-nos a frequentar a Santa Mesa, uma vez que é aí que se
escondem, e daí que advêm, a força, a santidade, a ajuda e a consolação.
Mas também não devemos julgar aqueles que lá não vão […], nem sequer
levemente, a fim de não ficarmos parecidos com o fariseu que se gloriava de si
próprio e condenava aquele que tinha atrás de si. Guardai-vos disso como da
perda da vossa alma. […]. Guardai-vos do perigoso pecado da censura […].
Quando acontece ao homem atingir o cume da perfeição, nada se lhe
torna mais necessário do que descer às mais baixas profundezas da humildade e
permanecer junto da sua raiz. Do mesmo modo que a altura da árvore lhe advém da
profundidade das suas raízes, assim a elevação da nossa vida nos vem da fundura
da nossa humildade. Eis por que razão o cobrador de impostos, tendo conhecido as
profundezas da sua baixeza ao ponto de nem sequer levantar os olhos ao céu, foi
elevado às alturas, e «voltou justificado para sua casa» (Lc 18,14).
A ESPADA DE DÂMOCLES
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR |
Era uma vez um rei de nome Dionísio. Morava na Sicília e possuía grandes riquezas. Era invejado por muitos.
-“Este homem deve ser o mais feliz do mundo, pois tem tanto dinheiro” pensava um pobre sitiante de nome Dâmocles. Ah! Se eu tivesse ao menos a décima parte do que ele tem.
O rei ficou sabendo do seu desejo e propôs que ficasse no seu lugar um dia apenas. Aceitou. Vestiram-no com as melhores roupas e levaram-no para a sala de jantar. Puseram à mesa as iguarias mais finas que se podia imaginar. Mas, ao levantar a vista para o teto quando levava a taça de vinho à boca, viu uma espada dependurada em cima da sua cabeça.
Perdeu o apetite. Queria sair. Dionísio perguntou assustado:
- O que foi? O jantar nem começou e já perdeu o apetite?
- Aquela espada lá em cima. Não está vendo?
- Sim! Eu a vejo todos os dias. Está sempre em cima da minha cabeça. São as inúmeras preocupações e suspeitas, os ciúmes e atentados que pesam sobre mim como uma espada ameaçadora.
Dâmocles achou melhor voltar para sua choupana.
Palavra de vida: Se queres ser feliz, vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres. (Mt 19,21)
29 DE MARÇO – ENCANTAVA-SE COM O CANTO DOS SALMOS
Santo Eustásio de Luxeuil viveu no século III. Quando jovem, gostava de freqüentar um mosteiro, dirigido por São Columbano, e se extasiava com o canto melodioso dos salmos. Columbano observou o jeito daquele rapaz piedoso e perguntou-lhe um dia:
- Como te chamas?
- Eustásio, senhor abade.
- Eu acho que Deus está te chamando para seguir seus caminhos.
- Como posso sabê-lo?
- Vem comigo. Vou ensinar-te aquilo que sei.
Eustásio deixou sua casa e tornou-se discípulo de São Columbano. Ao morrer, Columbano pediu-lhe que continuasse o seu trabalho entre os monges. Fundou vários mosteiros, restaurou a disciplina em alguns e desmanchou intrigas em outros. Chegou a congregar cerca de seis mil monges nos diversos mosteiros construídos ao redor. Instituiu o "louvor perene": Os monges se revezavam dia e noite diante do Ssmo. Sacramento. Eustásio se preocupou não só com seus monges, mas também com o povo abandonado. Saiu pelo mundo como missionário ardente e impetuoso, evangelizando muitas regiões.
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
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REFLETINDO A PALAVRA - “Bendito o homem que confia no Senhor!”
PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Árvore à beira d’água.
A vida cristã é feita de escolhas. Deus sempre propõe, nunca impõe. Nós
impomos. Talvez seja porque não temos capacidade de apresentar escolhas
consistentes. A grande proposta de Deus é uma proposta de felicidade: “Felizes
os pobres de espírito” (de Lucas 6,20). Esta proclamação da felicidade já a
encontramos no salmo 1º que é uma síntese de todo o saltério. Este salmo começa
justamente com as palavras “feliz o homem que não anda conforme os conselhos
dos perversos, mas na lei do Senhor encontra seu prazer e a medita sem cessar”
(Sl 1,1). A introdução da pregação de Jesus começa com a mesma proclamação “felizes
os pobres”. Esta felicidade como diz o profeta Jeremias, é retomada pelo salmo:
“feliz o homem que confia no Senhor”. Tanto o profeta como Jesus e o salmista
têm uma certeza: Ele é fonte da vida, como “a árvore plantada à beira d’água”.
A árvore à beira d’água tira dela sua vida e produz fruto. São João vai usar o
termo ramo unido à árvore, de onde tira vida (Jo 15). O salmo diz que esta
árvore produz fruto e as folhas estão sempre verdes. O homem perverso não tem
consistência, pois é com palha que o vento leva (Sl 1). Confiar em Deus é
firmar-se nEle. O que é produzir frutos? É uma disposição pessoal de assumir um
caminho e ter suas raízes onde estão as fontes da vida.
As fontes da vida.
O
verbo confiar tem a mesma significação de ter fé. É agir com fé. É a atitude de
quem leva a fé ao dia a dia. Assim, igualmente, confiar é estar unido à fonte
da vida. O profeta Jeremias diz: “maldito o homem que confia no homem e faz
consistir sua força na carne, enquanto seu coração se afasta do Senhor” (...),
ao contrário do homem “feliz cuja esperança está no Senhor”. As fontes da vida
estão nesta confiança em Deus, que se demonstra na pobreza (felizes os pobres),
na fome (felizes os que agora têm fome), no pranto (felizes os que agora
choram) e os que sofrem perseguição (felizes os que agora são perseguidos).
Jesus não proclama que ser pobre, ter fome e sede, sofrimento e perseguição são
fonte de alegria e felicidade, mas que aqueles que, estando nestas situações
confiam em Deus serão satisfeitos, pois terão de onde tirar as razões de se
saciarem com o pouco, de se satisfazerem e de sentirem força na perseguição.
São sempre os paradoxos de Jesus. Ele passou por isso. Ao contrário, aqueles
que têm tudo, vivem na fartura e na boa vida e elogiados por todos, se não têm
de onde tirar a segurança que dura, quando lhes faltar estas guloseimas, não
saberão como viver. Podemos assim entender o que significa crer na
ressurreição, como diz Paulo em 1ª Coríntios, que lemos na segunda leitura.
Maldito,
quem?
Quando fala
de maldito o que confia no homem, o profeta não está desprezando o aspecto
humano e necessário das relações de fraternidade Podemos encontrar até na
espiritualidade esta palavra que é muito citada: “quanto mais fui para o meio
dos homens, menos homem voltei” (Imitação de Cristo). O sentido aqui é este:
quanto mais me afastei de Deus menos homem me tornei, pois, por ter por
reprováveis as relações de fraternidade entre as pessoas, é contrário ao
Evangelho.
ORAÇÃO DE TODOS OS DIAS - 29 DE MARÇO
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se renova para mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós e dos que estão ao meu redor.
Creio em vós, Senhor. Eu vos amo e tudo espero de vossa bondade.
29 ─ Sábado ─ Santos:
Jonas, Eustácio, Secundo
Evangelho (Lc 18,9-14) “Dois homens subiram ao Templo para rezar:
um era fariseu, o outro cobrador de impostos.”
A parábola é
muito ágil e direta. E Lucas dá logo de começo a chave para sua interpretação:
“Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na
sua própria justiça e desprezavam os outros”. Isso quer dizer que nem podemos
condenar o fariseu com sua empáfia, porque não somos melhores, e estamos muito
longe de ser como o publicano humilde e consciente de suas tristes misérias.
Oração
Senhor Jesus, quando sou
sincero comigo mesmo, reconheço minha fraqueza e meu pecado,ainda que diante de
outros procure salvar minha imagem. Não tenho porque fingir diante de vós:
reconheço minhas misérias, reconheço que por mim mesmo nada posso fazer para
mudar. Por isso recorro a vós, peço vosso perdão, imploro ajuda para mudar de
vida, força para continuar firme no caminho. Amém.
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