Evangelho segundo São Mateus 11,11-15.
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista. Mas o mais pequeno no Reino dos Céus é maior do que ele.
Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência e são os violentos que se apoderam dele.
Porque todos os profetas e a Lei profetizaram até João.
É ele, se quiserdes compreender, o Elias que estava para vir.
Quem tem ouvidos, oiça».
Tradução litúrgica da Bíblia
(540-604)
Papa, doutor da Igreja
Homilia 20 sobre os Evangelhos, § 14
«O Reino dos Céus sofre violência e
são os violentos que se apoderam dele»
João Batista recomenda-nos que façamos grandes coisas: «Produzi frutos dignos do arrependimento» e ainda: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo» (Lc 3, 8.11). Ora, isto é também o que afirma Aquele que é a Verdade: «Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência e são os violentos que se apoderam dele». Estas palavras vêm-nos do alto e devemos meditar nelas com grande atenção. Pois como pode o Reino dos Céus ser tomado pela força? Quem pode fazer violência ao Céu? E, se o Reino dos Céus sofre violência, porque é que isso só é verdade depois do tempo de João Batista?
A Lei antiga martirizava os pecadores com penas rigorosas, mas sem os trazer à vida pela penitência. João Batista, anunciando a graça do Redentor, prega a penitência, a fim de que o pecador, morto em consequência do seu pecado, viva por efeito da sua conversão; foi, pois, verdadeiramente desde então que o Reino dos Céus se abriu aos que o tomam pela força. O que é o Reino dos Céus senão a morada dos justos? De facto, são os humildes, os castos, os mansos e os misericordiosos que alcançam as alegrias do alto. Mas, quando os pecadores se emendam das suas faltas pela penitência, também obtêm a vida eterna e entram nesse Reino. Assim, ordenando a penitência aos pecadores, João ensinou-os a fazer violência ao Reino dos Céus.
Irmãos bem amados, reflitamos, também nós, em todo o mal que temos feito e choremos. Apoderemo-nos da herança dos justos pela penitência. O Todo-Poderoso quer aceitar esta violência da nossa parte; Ele quer que tomemos, pelas lágrimas, aquele Reino que não nos era devido pelos nossos méritos.
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