sexta-feira, 13 de setembro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Subiu ao Céu”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
E
PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO(+)
REDENTORISTAS NA PAZ DO SENHOR
Participando da Glória
 
A festa da Ascensão do Senhor é um mistério de Jesus que fica à margem da reflexão e da vivência cristã. Faz parte de nossa fé. Rezamos no Creio da missa: “E subiu aos Céus onde está sentado à direita do Pai”. Contudo, se Cristo não tivesse subido ao Céu, qual seria o sentido da Ressurreição? Ele estaria vagando? Os mistérios de Cristo são um todo no qual um está unido ao outro. Sua subida ao Céu mostra que desceu, não na linguagem humana de lugar, mas em sua condição. Encarnou-Se e Se fez homem. Agora, Jesus, Homem-Deus, entra na manifestação de sua Glória. Na pessoa do Filho eterno do Pai, há uma novidade: É também Homem Glorificado. Antes da Encarnação o Filho de Deus não tinha nossa condição humana. Agora tem consigo toda Humanidade que Lhe está unida. Por isso, rezamos na oração da missa: “Ó Deus todo poderoso, a Ascensão de vosso Filho já é nossa vitória”. O prefácio da missa reza o resultado da Ascensão para Jesus: “Vencendo o pecado e a morte, Vosso Filho Jesus, Rei da Glória, subiu ante os anjos maravilhados ao mais alto dos céus. E tornou-se o mediador entre vós Deus, Nosso Pai, e a humanidade redimida, juiz do mundo e Senhor do Universo. Ele, nossa cabeça, subiu aos Céus, não para afastar-se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade” (Prefácio). Vemos o que significou sua glorificação e ao mesmo tempo sua referência a nós como o Mediador. Não se afastou, mas se tornou a garantia de nossa imortalidade. Nele somos colocados no seio da Trindade. Paulo nos convida a conhecer o que somos no mistério de Cristo glorificado e o destino de todas as coisas que convergem para Ele. 
Liturgia dos vivos. 
A Ascensão inaugura para a Igreja o dom de celebrar a Liturgia que acontece no Céu, como nos ensina Paulo VI. Sabemos que a liturgia “é o exercício da função sacerdotal de Cristo que simboliza através de sinais sensíveis e realiza de modo próprio a cada sacramento, a santificação dos homens; nela o corpo místico de Cristo, cabeça e membros, presta a Deus o culto público e integral” (SC 7). Uma das missões da Igreja é o culto que presta a Deus unida ao Cristo. Há uma única celebração, a do Cristo ao Pai, à qual Ele nos concede participar. Toda a celebração é a irrupção na comunidade do mistério do relacionamento do Filho com Pai como louvor e amor. Rezamos: “Celebrando a memória de sua Paixão que nos salva, da sua gloriosa Ressurreição e da sua Ascensão ao Céu, e enquanto esperamos sua nova vinda, nós Vos oferecemos este sacrifício de vida e santidade”. A liturgia está unida à Ascensão, pois foi em sua entrada na Glória que a humanidade, unida à humanidade glorificada do Filho, iniciou o culto em Espírito e Verdade, como Jesus disse à samaritana (Jo 4,23). 
Com os pés na terra. 
A festa da Ascensão nos convida a “conviver na terra com as realidades do céu”. Rezamos: “Fazei que nossos corações se voltem para o alto onde está junto de vós a nossa humanidade” (Pós-comunhão). Esta grande espiritualidade não pode se tornar um distanciamento das realidades terrenas e nosso compromisso com o Corpo de Cristo que sofre tantos males em nossos irmãos. É o que afirmaram os Anjos ao dizerem: “Por que estar olhando para o alto”. A celebração tem sempre uma destinação para a caridade concreta na vida social. A vida terrena de Cristo continua em todos os que creram. É o mandato da missão: “Recebereis o Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas... até os confins da terra” (At 1,8). Não percamos a meta, mas sejamos operosos na caridade. 
Leituras: Atos 1,1-11;Salmo 46; 
Efésios 1,17-23;Mateus 28,16-20. 
1. A Ascensão de Jesus é deixada de lado na reflexão e vivência. Um mistério está unido ao outro. Ele se encarnou. Assumiu nossa natureza. Agora tem em seu Ser glorificado toda a Humanidade. Sua vitória já é a nossa. É um mistério que mostra a plenitude de Cristo - Deus. Ele não se afastou de nós, mas nos garantiu. Paulo anima a conhecer a grandeza de nossa realidade em Cristo. 
2. A Ascensão inaugura para a Igreja o dom de celebrar a liturgia. Exercemos a função sacerdotal de Cristo através de sinais sensíveis. A Igreja presta culto ao Pai unida a Cristo. Cada celebração é a irrupção em nossa comunidade do mistério de Cristo em sua função sacerdotal de culto. Há uma só celebração, a do Cristo da qual participamos. Isto é adorar em Espírito e Verdade. 
3. A Ascensão convida a conviver na terra com as realidades do Céu. É preciso ter os olhos para o Céu, mas com os pés na terra assumindo o compromisso com o Corpo de Cristo que sofre em seus membros sofredores. Jesus deu a missão de ser testemunhas. 
Surfando nas nuvens 
Unida à Páscoa, festa da Ascensão é continuação da glorificação do Filho de Deus. Ele se fez pequeno e humildade para que todos pudessem entrar em comunhão com Deus através dele. Esta festa interessa muito a todos nós. “Sua Ascensão já é nossa vitória”. Unidos a sua Humanidade, participamos de sua glória. Ele é a cabeça da Igreja e a plenitude de tudo. A Palavra de Deus convida a conhecer todas as coisas boas que recebemos e receberemos do Pai em Cristo. Para corresponder, e porque acreditamos , vamos anunciar Jesus a todo mundo. Já estamos no Céu, na Humanidade de Jesus, surfando nas nuvens, mas estamos com os pés na terra para continuar a missão de Jesus.
Homilia da Ascensão do Senhor (01.06.2014)

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