Os evangelistas, Mateus, Marcos e Lucas, colocam esta mensagem de conversão no início da vida apostólica de Jesus. Mateus escreve: “A partir desse momento, começou Jesus a pregar e a dizer: ‘Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus’” (Mt 4,17); Marcos, por sua vez diz: “Depois que João foi preso, veio Jesus para a Galiléia proclamando o Evangelho de Deus: ‘O tempo está realizado e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho’” (Mc 1,14-15). Lucas não diz as mesmas palavras, mas coloca algo profundo que o animará todo o tempo: “Jesus voltou então para a Galiléia, impulsionado pelo Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a região. Ensinava nas sinagogas e era louvado por todos” (Lc 4,14-15). Neste tempo de Quaresma, essas palavras de conversão ressoam de modo muito claro, tanto na liturgia, nas pregações, como na espiritualidade. Jesus inicia sua vida apostólica como João Batista: “A palavra de Deus foi dirigida a João, no deserto. Ele percorreu toda a região do Jordão proclamando um batismo de conversão para a remissão dos pecados” (Lc 3,2-3). Lemos as palavras fortes de nossa fé: Reino de Deus, Evangelho, remissão dos pecados. Os evangelistas colocam as pedras fundamentais da vida e missão de Jesus. Ele veio para mudar. Para isso Deus preparara o coração do povo para a novidade, o evangelho. Deus se torna presente e, para que Ele possa realmente tomar “posse” de seu povo, cobra a conversão ao modo como Deus quer viver entre nós. Jesus veio como Deus Conosco – Emanuel. A presença de Jesus não era somente um profeta a mais ou uma novidade no cenário do povo de Israel. Ele é o início da renovação de todas as coisas (Ap 21,5). Essa renovação é o acolhimento de Sua Pessoa que é o Evangelho vivo. De um evangelho proclamado chegamos ao Evangelho Vivo. A conversão incide sobre a mudança total da mentalidade. A palavra conversão, em grego, tem sentido de mudar de direção. Este chamado continua vivo no meio de nós, nesta Quaresma.
Conversão do coração
A conversão não é uma mudança exterior, mas vai ao profundo de nosso coração, ali onde se tomam as decisões fundamentais de nossa vida, se fazem as opções básicas e se mantém o afeto, amor, por tudo o que Jesus nos ofereceu com o evangelho.´Temos um problema: Escolhemos uma religião e não Jesus Cristo e seu evangelho. Toda mudança tem que ser movida pelo mesmo Espírito que movia Jesus, no pensamento de Lucas. É comum ver pessoas que estão sempre na Igreja e não acolhem Jesus como vida e seu evangelho como caminho. Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). Sem mudar a direção de nosso afeto espiritual não podemos nos chamar de cristãos.
Conversão de atitudes
Não basta sentimentos para se dizer que se tem fé. É preciso que esse sentimento e nossas opções penetrem nossa vida e gere atitudes renovadas e convertidas a Jesus através de seu Evangelho. Há grande crescimento de certas religiões. No fundo está o engano que nos dá garantia de uma espiritualidade sem compromisso. Espiritualidade não é gozo espiritual. É uma atitude convertida de acordo com o Evangelho. Espiritualismo não resolve. Aliás, corremos o risco de comprometer a salvação eterna. Deus não quer uma religião de fachada, mas de coração e atitudes coerentes. Que Deus nos ajude a tomar a cruz de Jesus e seguí-lo (Mt 16,24). Conversão está na base da espiritualidade.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MARÇO DE 2011
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