Domingos Collins nasceu em uma família de comerciantes proeminentes em Youghal, no Condado de Cork, Irlanda, por volta do ano 1566, quando Elizabeth I era rainha da Inglaterra e da Irlanda. Seis anos antes, em 1560, o Parlamento irlandês estabelecera o anglicanismo como a religião oficial do país. Esta lei ainda não era totalmente cumprida em Youghal, mas os jovens católicos tinham poucas portas abertas no tempo da juventude de Domingos.
Desta forma, Domingos decidiu deixar a Irlanda para fazer fortuna na França. Conseguiu alistar-se no exército do duque de Mercoeur, que lutava contra os huguenotes na Bretanha. Serviu com distinção na causa da Liga Católica por mais de nove anos e subiu na hierarquia. Seu melhor momento foi quando tomou um castelo estratégico e foi nomeado governador militar da região.
Com o passar do tempo, Collins tornou-se cada vez menos apaixonado pela vida militar, embora o rei Filipe II lhe tivesse concedido uma pensão e o colocado na guarnição de La Coruña, no Golfo da Biscaia, na Espanha.
Durante a Quaresma de 1598, ele conheceu um conterrâneo irlandês, um padre jesuíta chamado Thomas White de Clonmel, que fundara o Irish College em Salamanca. Collins expressou a ele sua vontade de juntar-se aos jesuítas e servir como irmão. Embora tivesse então com 32 anos, o provincial jesuíta achou que seria mais pudente atrasar sua entrada, talvez para testar a força de sua vocação. Também havia dúvidas se sua educação seria suficiente para que se tornasse sacerdote, mas Domingos estava disposto a ser um irmão leigo jesuíta. Domingos encheu o provincial com seus pedidos e foi finalmente admitido ao noviciado jesuíta, em Santiago de Compostela, no norte da Espanha, em 1598.
Assim que chegou a Santiago o Colégio Jesuíta foi atingido pela peste que grassava na cidade. Sete membros da comunidade foram infectados e muitos outros fugiram com medo de pegar a terrível doença. Collins ficou e cuidou das vítimas por dois meses, cuidando de algumas delas e confortando as outras em suas últimas horas. Provou seu valor e completou seu noviciado sem mais perguntas. Um relatório enviado a Roma por seus superiores o descreve como “ homem de bom senso e grande força física, maduro, prudente e sociável, embora inclinado a ser temperamental e obstinado”. Assim, em fevereiro de 1601 recebeu autorização para professar os votos religiosos.
A Irlanda estava em crise neste momento. Em Ulster, revoltosos estavam desafiando o poder da coroa inglesa e tentando convocar todo o país. Em 1601, o rei Filipe III da Espanha decidiu enviar um exército para ajudar os rebeldes irlandeses. Vários padres viajaram com a expedição, incluindo um jesuíta irlandês, o padre James Archer, que pediu que o irmão Collins fosse enviado como seu companheiro de viagem, embora o padre nunca tivesse conhecido Collins. A frota partiu em 3 de setembro de 1601 em dois esquadrões e os dois padres partiram também em frotas diferentes, no entanto, separaram-se durante uma tempestade. O navio de Collins teve que retornar a La Coruña antes de finalmente chegar à Irlanda. Collins chegou a Castlehaven em 1º de dezembro de 1601, a apenas 55 quilômetros de sua cidade natal, Kinsale, onde a outra parte da frota espanhola já estava instalada há dois meses.
Em 24 de dezembro de 1601 um grande exército inglês sitiou Castlehaven. As forças irlandesas convergiram de Kinsale do norte e do sul. O exército irlandês cercou os ingleses pelo lado de fora, enquanto os espanhóis enfrentariam os ingleses por dentro da cidade. Os irlandeses atacaram na madrugada da véspera de Natal, mas por motivos nunca totalmente compreendidos, sofreram uma derrota humilhante, sem ajuda dos espanhóis que permaneceram na cidade. Os irlandeses se espalharam, alguns exércitos marcharam para o norte enquanto o povo era conduzido pelo padre James Archer para a península de Beare. Domingos Collins o acompanhou na retirada. Assim, alguns meses depois, ele se viu sitiado dentro do Castelo Dunboy com 143 defensores. Como religioso, Domingos Collins não pôde participar da luta, mas cuidou dos feridos. Após um cerco amargo, com enormes baixas, os defensores se renderam. Quase todos foram mortos à espada.
Feito prisioneiro, em 17 de junho de 1602 o jesuíta foi levado acorrentado para interrogatório. Foi torturado de forma selvagem e prometeram-no ricas recompensas se renunciasse à fé católica. Embora alguns de sua própria família o visitassem e o incentivassem a fingir uma conversão para salvar sua vida, ele se manteve firme.
Em 31 de outubro de 1602, Domingos foi levado a Youghal para a execução. Antes de subir no cadafalso para ser enforcado, ele se dirigiu à multidão em irlandês e inglês, dizendo que estava feliz por morrer por sua fé. Ele estava tão animado que um oficial comentou: “Ele está indo para a morte com a mesma ansiedade que eu iria para um banquete.” Collins o ouviu e respondeu: “Por esta causa, eu estaria disposto a morrer não uma, mas mil mortes”.
Foi beatificado por São João Paulo II no dia 27 de setembro de 1992, na Cidade do Vaticano.
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