Embora seja improvável que contenha qualquer informação biográfica confiável sobre Maglório, a “Vita Maglorii”, escrita por um monge da abadia de Lehon, perto de Dinan (Côtes-du-Nord), revela todas as suas grandes aptidões.
Maglório, filho de Afrelia e Umbrafel de Dol, nasceu em 535 na diocese de Vannes, à época do papa São Agapito, sob o império de Justiniano I, quando Hoel II reinou na Bretanha Armórica.
Segundo a citada “Vita Maglorii”, Maglório era primo de São Sansão e São Macuto e cresceu, de acordo com os hábitos da época, na escola de São Iltuto, em seu mosteiro em Llantwit no País de Gales, junto com Sansão.
Após a morte do abade do Mosteiro da Ilha de Caldey, Sansão o sucedeu e seu primo Maglório ordenado diácono, o acompanhou quando ele embarcou. Foram também pregar juntos nas regiões costeiras da Bretanha, quando Sansão acabou por fundar alguns mosteiros para seus discípulos. Maglório tornou-se abade de um deles nas proximidades de Dol, logo após a sua ordenação.
Com cerca de 70 anos, foi sucessor de Sansão, bispo-abade como ele de uma diocese que não se conhece o nome. Então, idoso e ansioso por viver na solidão, Maglório confiou a diocese ao monge Budoco e retirou-se para a ilha de Sark, ilha normanda inglesa perto de Guernesey.
Mesmo na Ilha de Sark, Maglório não encontrou a solidão que procurava, pois outros discípulos se reuniram ao seu redor e, assim, ele acabou fundando um mosteiro na ilha que contou com 62 monges.
Porém, Maglório viveu uma vida penitente: jejum absoluto nas quartas e sextas-feiras, comida reduzida ao mínimo nos outros dias e poucos peixes pequenos em grandes solenidades para agradar seus discípulos.
Maglório morreu após a longa fome de 586, que também atingiu a comunidade monástica de Sark, e os monges se dispersaram dois a dois pela Irlanda e pelo País de Gales.
A data de seu falecimento é incerta; o Martirológio Romano o coloca em 24 de outubro de 605, portanto, algumas décadas após o início da fome. São Maglório também é considerado bispo de Dol, ministério que desempenhou antes de se aposentar em Sark.
É claro que essas incertezas devem ser enquadradas no contexto histórico dos chamados bispos célticos itinerantes, que nos séculos V-VI-VII, caracterizaram a evangelização das duas regiões costeiras do Canal da Mancha. Tal canal era continuamente atravessado por missionários em uma troca frequente de obras e homens, portadores do Evangelho e fundadores de igrejas e mosteiros, tanto na Bretanha (França) e no País de Gales (Grã-Bretanha), e na Irlanda. As ilhas normandas do Canal da Mancha, foram palcos privilegiados desta evangelização e muitas vezes local de ermidas.
Em 850, os monges de Lehon literalmente se apropriaram das relíquias de São Maglório e as transferiram de Sark para Lehon, construindo uma igreja para mantê-las. O chamado “roubo” foi perpetrado, porque o rei da Armórica (antigo nome da Bretanha) Nominoè, ofereceu-lhes terras, desde que possuíssem relíquias.
Por medo das invasões normandas, no século X, as relíquias de São Maglório foram transferidas para Paris e colocadas na capela do Palácio Real. Após esta transferência, o culto a São Maglório experimentou uma nova difusão.
Ele é padroeiro de várias regiões francesas que o celebram localmente em 25 de outubro, enquanto a edição atualizada do Martirológio Romano o relata em 24 de outubro.
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