Depois que, em sua região, o governo suprimiu as casas religiosas, ele dedicou-se intensamente à atividade docente.
Apesar do ambiente adverso à religião,
o beato Estêvão tornou-se o sustentáculo da vida comum, o pai dos pobres e o consolador dos aflitos.
Modelo de pároco santo, Estêvão foi beatificado por São Pio X oito dias antes do Santo Cura D’Ars. Assim, ele foi o primeiro pároco na História da Igreja a ser elevado à honra dos altares.
O beato Estêvão Bellesini nasceu em Trento, em 25 de novembro de 1774 de família de classe média. Seu pai se chamava José Bellesini e era notário em Trento e descendente de antiga família espanhola; sua mãe se chamava Maria Orsola Meichlpeck, de ilustre casa belga. Quando nasceu, o beato Estevão recebeu o nome de Luís.
Alegre, saudável, aplicado e piedoso, Luis passou a infância e parte da adolescência junto aos pais, estudando em escolas locais. Dele só temos notícias quando, aos 17 anos, conseguiu convencer o pai a deixá-lo entrar no noviciado agostiniano do convento de São Marcos, no qual seu tio materno era superior. Mudou, então, seu nome para Estevão. De Trento foi para o noviciado em Bolonha. Um ano depois fez sua profissão solene.
Professou na Ordem Agostiniana a 31 de maio de 1794. Depois de uma breve estada em Roma, retornou a Bolonha, onde estudou filosofia e teologia. Ali recebeu o subdiaconato. Porém, a tormenta revolucionária que sacudia a França penetrou nos Estados Pontifícios com as tropas de Napoleão.
No final de 1796 foi proclamada a república em Bolonha. Os frades foram expulsos, e seus bens confiscados. Estêvão Belessini voltou para seu convento em Trento, onde ainda reinava a tranquilidade. Foi encarregado então da sacristia e da pregação, o que fazia com zelo, sendo seus sermões muito apreciados e concorridos.
Uma grave enfermidade o pregou ao leito na época de sua ordenação; e como ele desejava ardentemente recebê-la, estando ainda muito débil, na data marcada fêz-se levar em maca até a igreja para a cerimônia, que teve lugar no dia 5 de novembro de 1797. Como sacerdote, continuou suas pregações ainda com mais fruto, confluindo público de toda a redondeza para acompanhar seu catecismo e seus sermões.
A Revolução, entretanto, chegou a Trento com a vitória das armas de Napoleão, e os conventos foram ali fechados. Para poder prosseguir sua pregação, o Padre Estevão precisaria prestar um juramento ímpio, semelhante ao da Constituição Civil do Clero, na França. Obviamente, recusou-se de modo peremptório a fazer tal juramento.
Não podendo mais dedicar-se à pregação, voltou-se então para a juventude. Obrigado a retornar à casa paterna, que era muito espaçosa, pensou logo em transformá-la em escola gratuita para jovens que tinham ficado à margem dos estudos, de todas as classes sociais, principalmente aos mais pobres.
O fim que o Beato se havia proposto, ao abrir tal escola, era o de educar cristãmente e no santo temor de Deus a juventude. Por isso, além de aprender a ler e escrever, os alunos recebiam também aulas de catecismo. Em pouco tempo, passaram a frequentar sua escola entre quatrocentas e quinhentas crianças.
Num tempo de convulsão, com a casa sempre cheia também de soldados a quem devia alimentar, o Beato tinha que desdobrar-se e sobretudo confiar muito na Providência Divina a fim de conseguir os meios necessários para manter a casa. Em 1812 o governo nomeou-o diretor geral de todas as Escolas em sua região, compreendendo inclusive as Escolas Normais.
Soube conquistar a confiança e a estima das autoridades civis de Trento. Quase tudo corria a contento para o Beato Bellesini. Mas nem tudo. Entrara ele para a Ordem dos Agostinianos visando, sobretudo, tornar-se um religioso. E isso não era possível em Trento, onde o convento de São Marcos permanecia fechado.
Soube ele, entretanto, que Pio VII voltara a Roma e que a maioria dos religiosos também havia retornado a seus conventos na Cidade Eterna. Para permanecer fiel à vida comunitária, da qual foi um promotor convicto, na primeira oportunidade que teve, partiu para Bolonha, renunciando ao cargo de inspetor das escolas primárias do distrito de Trento.
Ele decidiu dirigir-se para lá a fim de viver sua vocação de filho de Santo Agostinho. Para evitar que o retivessem, fez tudo em segredo. Quando chegaram as férias de 1817, ele partiu sem dizer a ninguém para onde viajaria.
Ao tomar conhecimento da partida do Beato, o governo austríaco, para tê-lo de volta, fêz-lhe várias promessas de cargos honoríficos e altos salários. Mas o coração de Estevão já estava em outro lugar. Assim respondeu à autoridade civil, que pedia voltasse:
“Senhor não faria esse convite se conhecesse a força dos vínculos sagrados dos religiosos unidos a Deus e ao Rei dos reis, a quem jurei fidelidade perpétua diante do altar com os votos mais sagrados”.
Em Roma, no convento Santo Agostinho – o principal da Ordem – foi ele designado Mestre de Noviços, cargo que exerceu depois também em Città della Pieve, na Úmbria e mais tarde em Genezzano. Um de seus noviços declarou:
“Era amável com todos; a sua mansidão, sua afabilidade e jovialidade, unida à graça no dizer, o tornaram caro e querido de quantos dele se aproximavam”.
Estêvão foi um excelente Mestre de noviços. Consagrou os últimos anos de sua vida ao ministério paroquial em Genezzano, onde morreu a 2 de fevereiro de 1840.
Foi beatificado por São Pio X em 1905.
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