Beata Judite |
Em Niederaltaich, a festividade de São Gotardo (Godehard) permitiu que a vida monástica florescesse de uma forma excelente por um longo tempo. Os monges não só levavam uma vida estrita e sagrada para si mesmos, mas eles levaram no caminho da santificação todos os que se voltavam para eles com confiança. Da Abadia de Waltgerus, uma virgem chamada Salomé veio aos monges deste mosteiro para ser guiada por eles no caminho da perfeição cristã.
Salomé, parenta próxima do rei, decidiu oferecer a Deus o seu amor abandonando a corte real. A sua formosura era o reflexo das belas virtudes que lhe adornavam a alma.
Duas empregadas dedicadas e fiéis notando na senhora mudança muito grande e querendo saber os motivos de seu recolhimento, interpelaram-na. Salomé, com suas santas argumentações, acabou despertando nelas igual desejo de pertencer só a Deus e de se afastarem do mundo. De comum acordo, e sem se despedirem de pessoa alguma, empreenderam uma viagem à Terra Santa, onde, com muita devoção, visitaram os Santos Lugares.
Salomé, que acompanhava o Divino Esposo no caminho de dor até o Monte Calvário, teve de percorrer ainda outro caminho, ainda mais doloroso para ela. Na viagem de regresso perdeu, pela morte, as fiéis companheiras. Firme, porém, era seu propósito de não voltar mais à corte real da Inglaterra e levar uma vida pobre e desconhecida no estrangeiro.
Com muitas dificuldades chegou a Regensburg, na Baviera (Alemanha), onde se aborreceu profundamente por causa de alguns galanteios à sua formosura. Humilhando-se diante de Deus, em fervorosas preces pediu que lhe tirasse os atrativos tentadores. Esta oração foi ouvida: acometida de uma enfermidade, em poucos dias perdeu a visão. Além da cegueira, Deus mandou-lhe uma doença que se parecia com a lepra e que a atormentou por algum tempo.
Hospedada em casa de uma piedosa senhora, lá poderia ter ficado se o desejo insaciável de penitência não lhe tivesse reclamado constantemente uma vida mais retirada.
O abade de Niederaltaich, tendo notícia da vida santa de Salomé, convidou-a a mudar de residência para perto do convento. Salomé foi ocupar a cela que o abade mandara construir para seu uso no coro da igreja conventual.
O rei da Inglaterra, alarmado com a excessiva demora da parente, fez repetidas buscas para descobrir seu paradeiro. Judite, sua filha, que tinha enviuvado, foi ao local onde descobriram que Salomé vivia. Grande foi o contentamento de ambas. No mesmo mosteiro a prima também se fez murar no átrio da mesma igreja.
Salomé faleceu antes de Judite, após ter suportado tremendos sofrimentos físicos. A existência das duas primas é colocada no fim do século XI.
A Ordem Beneditina festeja as Beatas Salomé e Judite de Niederaltaich no dia 29 de junho.
Fontes: www.santiebeati.it;
Há um debate considerável sobre a identidade das Beatas Salomé e Judite. Elas podem ter sido primas (ou Judite, tia de Salomé) da linhagem real anglo-saxã, que viveram por um período considerável como reclusas sob o Abade Walther (ou Walker) em Oberaltaich-am-Donau. Acredita-se que seus corpos chegaram a Niederaltaich por ocasião da destruição de Oberaltaich pelos húngaros.
Outro relatório afirma que as duas reclusas viviam em Niederaltaich por volta do século XI. O altar de São Giles fica em Niederaltaich e não em Oberaltaich, e Walker foi abade aqui de 1069 a 1098. De acordo com esta versão, estando em Regensburg após uma peregrinação à Terra Santa, Salomé ficou cega, supostamente em resposta à oração pedindo que esta aflição a livrasse dos galanteios que sua formosura atraia.
Vivendo numa cela junto à capela da Abadia de Niederaltaich, depois de algum tempo veio visitá-la sua parente, Judite. Com permissão do abade e do capítulo, a Judite também foi dada uma cela perto da igreja de Niederaltaich. As mulheres trabalhavam como servas no mosteiro. Ambas morreram antes do final do século XI, Salomé primeiro. A biografia com data do século XIII ou XIV alega que ambos os corpos foram enterrados em um túmulo diante do altar de São Giles.
Ambas foram enterradas em um caixão de pedra, e acima de seu túmulo a inscrição era: "Judith e Salomé, peça a Deus por mim"! Elas eram veneradas como servos fiéis de Deus, e sua memória é celebrada todos os anos em 29 de junho. Judith e Salomé eram veneradas em martirológios monásticos e na arte, mas não tinham culto litúrgico.
Bibliografia: Bibliotheca hagiographica latina antiquae et mediae aetatis, 2 v. (Bruxelas 1898–1901) 2:1081, 7465. Acta Sanctorum (Paris 1863—5:492-498. a. m.zimmerman, Kalendarium Benedictinum: Die Heiligen und Seligen des Benediktinerorderns und seiner Zweige (Metten 1933–38) 2:374, 376. r.
Fonte:
BAVARIA SANCTA
Vida dos Santos e Beatos do País bávaro para o ensino e edificação para o povo cristão - Editado pelo Dr. Modestus Jocham, Professor de Teologia e Conselheiro Espiritual do Arcebispo - Com a aprovação do arcebispo mais venerável de Munique - Freising, (1861)
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