PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA MISSIONÁRIO REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 45 ANOS SACERDOTE |
O impacto da morte de Jesus sobre os discípulos foi arrasador. A prisão, a tortura, julgamento e morte de Jesus foram extremamente duros e dolorosos para os discípulos, tanto que se dispersaram no momento da prisão (Mc 14,51). Somente João segue Jesus de perto. Pedro também segue, mas o nega (Jo 18,15-27). Ver Jesus crucificado, morto e levado à sepultura era um caos para aqueles homens simples. Eles o amavam muito. Estavam aflitos e choravam (Mc 16,10). “Estavam fechados em casa por medo dos judeus” (Jo 20.19). Os discípulos que vão a Emaús estão entristecidos e “com o rosto sombrio” (Lc 24,47). De repente, tudo se transforma e Ele se coloca no meio deles. Deve ter sido magnífico. A alegria era tanta que não conseguiam acreditar (Lc 24,47). Jesus, então, diz: “Vede minhas mãos e meus pés. Sou eu! Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne e ossos como estais vendo que tenho”( Lc 24,39-40). Mostrou-lhes então as mãos e o lado. É Ele mesmo, aquele que fora crucificado. Agora vive. Lucas insiste que é Jesus em carne e osso, tanto que come: “Como permanecessem surpresos, disse-lhes: “tendes alguma coisa para comer”? Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado. Tomou-o e comeu diante deles “(Lc 24,41-43). O fato de comer significa que é um ser vivo. Não é um espírito que não tem carne e osso (39). Pedro diz na casa de Cornélio: “Nós que comemos e bebemos com Ele depois da Ressurreição” (At 10,41). Está a dizer: vivemos amigavelmente com Ele. Como havia a presença, os discípulos não precisavam perguntar quem era Ele, pois o sabiam (Lc. 21.12). Ele mesmo distribui o pão e o peixe (Jo 21.13). Ele vive e muito bem, e com um bom apetite. Estes detalhes parecem ser sem importância, mas não o são.
Ele vive e continua presente.
A ressurreição nos mostra um Cristo vivo que tem um corpo, embora haja uma diferença. Vemos a Madalena que não o reconheceu com os olhos, mas pelo modo com que Ele a chamava (Jo 20,11-18). Os discípulos de Emaus não o reconhecem de imediato e pensam ser um fantasma (Lc 24,37). Pensam ser um viajante como eles (Lc 24,13-35). Este fato quer significar que há uma passagem de Cristo além da vida normal. Foi além. É um corpo ressuscitado. Mas é o mesmo. Aparece só aos discípulos, porque se trata de fé, com diz Tomé: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). A fé faz a passagem entre o visível humano e o visível da fé. Mudou a significação. Com a ascensão, nós perdemos a presença aos olhos humanos, mas ele continua presente e o vemos como os olhos iluminados pela fé. Quem o ama, o vê e como podemos ler no evangelho de João, dizemos como ele diz: “É o Senhor” (Jo 21,7).
Nós o vemos! E é belo!
E nós agora? “Felizes os que creram sem ter viso”! (Jo 2019-29). Normalmente nós permanecemos e nos fixamos num Cristo devocional: uma imagem bela do Crucificado, um Sagrado Coração, ou mesmo na simbologia de uma hóstia que tomamos sem nos conscientizar. Falta-nos encontra-lo nestes meios e ir além deles, ao cristo Vivo. “Eu estarei convoco todos os dias” (MT 28,20). E preciso saber vê-lo e perceber como age. Amando-o, vamos lentamente reconhecendo sua presença.
TEXTO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2004
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