quinta-feira, 24 de junho de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Semana Santa, tempo da graça”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
MISSIONÁRIO REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Era uma vez a Semana Santa.
 
Quando vemos nossas Semanas Santas de hoje, sobretudo para os mais antigos, ficamos decepcionados, pois não vemos mais aquele espírito de que ela era revestida. Havia tradições, celebrações, cerimônias, usos e costumes. Era muito bonito e interessante. A tradição criara um universo muito claro para a Quaresma e em particular para a esta semana. Antes se contavam tantas mil pessoas na procissão. Agora dizemos: tantos mil carros que desceram para a baixada santista. Podemos perguntar: qual é o mais certo? O estilo de Semana Santa foi criado no correr dos séculos, e até muito recentemente. Quando fui a Jerusalém, fizemos uma via-sacra pelas ruas apertadas do centro velho. O pobre padre, muito santinho que pregava, ficou perdido naquela confusão de gente vendendo e gritando. Pensei: A via-sacra de Jesus naquela sexta-feira sangrenta deve ter sido igual a essa. Não podemos voltar atrás, mas ir adiante. Certo que podemos recuperar alguns dados. Mas, nem tudo se ajusta ao momento atual. Além do mais o universo religioso e o conceito de religião mudou. Assim é preciso criar novas manifestações que preencham o vazio que se produziu. 
Caminhos novos para Semana Santa. 
A renovação litúrgica da Semana, que começou nos inícios de 1900, concretizou-se em 1955 com a reforma de Pio XII e se estabeleceu em 1969 com a publicação do missal romano. O resultado desta reforma foi levar de volta toda a liturgia ao seu centro necessário que é a Páscoa, na sua tradição primeira: Tríduo Pascal, onde celebramos a morte, sepultura e ressurreição de Jesus, culminando com a Vigília Pascal, mãe de todas as vigílias do ano. Esta celebração é fundamental, e graças a Deus, está encontrando seu lugar na cultura religiosa. A procissão do Senhor Morto era um mar de gente. Mas na Vigília Pascal havia só 100. Agora já se percebe uma mudança. Os novos costumes e tradições devem surgir deste acontecimento fundamental para a liturgia. Devemos preservar as sãs tradições litúrgicas, mas ir catequizando o povo para a nova mentalidade. Sem catequese não funciona. Como não funciona, procura-se voltar ao passado para encher o vazio que se produziu. A catequese antiga se fazia através das representações e tantas exercícios de piedade pessoal ou comunitários. Tudo é bom, desde que bem catequizado e orientado para o novo modo de compreender a liturgia. Agora criemos novas formas que nasçam da liturgia e não só da piedade. 
Catequese que podemos fazer. 
Uma boa catequese litúrgica parte da celebração bem preparada e bem realizada. Se a celebração se torna uma tourada, não educa. A explicação das cerimônias e a meditação dos textos, o uso de audiovisuais pode ajudar muito. Sobretudo, a compreender que a melhor maneira de participar destas celebrações é unir-se ao Cristo que se oferece ao Pai pelo mundo. Quanto mais unido a Cristo, tanto mais compreenderá o que Ele fez por nós.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MARÇO DE 2004

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