PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA MISSIONÁRIO REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 45 ANOS SACERDOTE |
Quando vemos nossas Semanas Santas de hoje, sobretudo para os mais antigos, ficamos decepcionados, pois não vemos mais aquele espírito de que ela era revestida. Havia tradições, celebrações, cerimônias, usos e costumes. Era muito bonito e interessante. A tradição criara um universo muito claro para a Quaresma e em particular para a esta semana. Antes se contavam tantas mil pessoas na procissão. Agora dizemos: tantos mil carros que desceram para a baixada santista. Podemos perguntar: qual é o mais certo? O estilo de Semana Santa foi criado no correr dos séculos, e até muito recentemente. Quando fui a Jerusalém, fizemos uma via-sacra pelas ruas apertadas do centro velho. O pobre padre, muito santinho que pregava, ficou perdido naquela confusão de gente vendendo e gritando. Pensei: A via-sacra de Jesus naquela sexta-feira sangrenta deve ter sido igual a essa. Não podemos voltar atrás, mas ir adiante. Certo que podemos recuperar alguns dados. Mas, nem tudo se ajusta ao momento atual. Além do mais o universo religioso e o conceito de religião mudou. Assim é preciso criar novas manifestações que preencham o vazio que se produziu.
Caminhos novos para Semana Santa.
A renovação litúrgica da Semana, que começou nos inícios de 1900, concretizou-se em 1955 com a reforma de Pio XII e se estabeleceu em 1969 com a publicação do missal romano. O resultado desta reforma foi levar de volta toda a liturgia ao seu centro necessário que é a Páscoa, na sua tradição primeira: Tríduo Pascal, onde celebramos a morte, sepultura e ressurreição de Jesus, culminando com a Vigília Pascal, mãe de todas as vigílias do ano. Esta celebração é fundamental, e graças a Deus, está encontrando seu lugar na cultura religiosa. A procissão do Senhor Morto era um mar de gente. Mas na Vigília Pascal havia só 100. Agora já se percebe uma mudança. Os novos costumes e tradições devem surgir deste acontecimento fundamental para a liturgia. Devemos preservar as sãs tradições litúrgicas, mas ir catequizando o povo para a nova mentalidade. Sem catequese não funciona. Como não funciona, procura-se voltar ao passado para encher o vazio que se produziu. A catequese antiga se fazia através das representações e tantas exercícios de piedade pessoal ou comunitários. Tudo é bom, desde que bem catequizado e orientado para o novo modo de compreender a liturgia. Agora criemos novas formas que nasçam da liturgia e não só da piedade.
Catequese que podemos fazer.
Uma boa catequese litúrgica parte da celebração bem preparada e bem realizada. Se a celebração se torna uma tourada, não educa. A explicação das cerimônias e a meditação dos textos, o uso de audiovisuais pode ajudar muito. Sobretudo, a compreender que a melhor maneira de participar destas celebrações é unir-se ao Cristo que se oferece ao Pai pelo mundo. Quanto mais unido a Cristo, tanto mais compreenderá o que Ele fez por nós.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MARÇO DE 2004
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