Evangelho segundo São Lucas 12,8-12.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «A todo aquele que Me tiver reconhecido diante dos homens também o Filho do homem o reconhecerá diante dos anjos de Deus.
Mas quem Me tiver negado diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.
E todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado; mas quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo não será perdoado.
Quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de responder nem com o que haveis de dizer em vossa defesa.
O Espírito Santo vos ensinará naquela hora o que haveis de dizer».
Tradução litúrgica da Bíblia
Antologia Litúrgica do Primeiro Milénio,
trad.José de Leão Cordeiro,SNL,Fátima,2004
"O Espírito Santo vos ensinará naquela hora
o que haveis de dizer"
Aqueles homens santos foram presos e levados ao prefeito de Roma, chamado Rústico. Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico perguntou a Justino: «Que doutrina professas?» Justino respondeu-lhe: «Procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a doutrina verdadeira dos cristãos». O prefeito Rústico inquiriu: «Que verdade é essa?» Justino explicou-lhe: «Adoramos o Deus dos cristãos, a quem consideramos o único Criador, desde o princípio, e autor de toda a Criação, das coisas visíveis e invisíveis, e o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, de quem foi anunciado pelos profetas que viria ao género humano como mensageiro da Salvação e Mestre da boa doutrina. E eu, que sou apenas um homem, considero insignificante tudo o que digo para exprimir a sua divindade infinita, mas reconheço o valor das profecias e sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a sua vinda ao meio dos homens». Rústico perguntou-lhe: «Onde vos reunis? Diz-me em que lugar juntas os teus discípulos». Justino respondeu-lhe: «Eu vivo em casa de um certo Martinho, nos banhos de Timiotino. Aí comunicava as palavras da verdade a quem quisesse ouvir-me». Rústico perguntou-lhe: «Portanto, tu és cristão?» Justino confirmou: «Sim, sou cristão». O prefeito Rústico perguntou a Caritão: «Diz-me tu agora, Caritão, também és cristão?» Caritão respondeu-lhe: «Sou cristão por graça de Deus». Rústico perguntou a Evelpisto: «E tu, de quem és, Evelpisto?» Evelpisto, escravo de César, respondeu-lhe: «Também sou cristão, libertado por Cristo, e por graça de Cristo participo da mesma esperança que estes». O prefeito Rústico perguntou-lhes: «Foi Justino que vos fez cristãos?» Hierax respondeu-lhe: «Eu sou cristão há muito tempo e cristão continuarei a ser». E Peão, pondo-se de pé, declarou: «Também eu sou cristão». [...] Evelpisto explicou-se: «Eu gostava de ouvir os discursos de Justino, mas a ser cristão, aprendi-o de meus pais». O prefeito Rústico disse a Liberiano: «E tu, que dizes? Também és cristão? Também tu não tens religião?» Liberiano respondeu-lhe: «Também eu sou cristão e, quanto à minha religião, só adoro o Deus verdadeiro». O prefeito disse a Justino: «Ouve, tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao Céu?» Justino respondeu-lhe: «Se tiver de sofrer o que dizes, espero entrar nessa morada, pois sei que a todos os que viverem santamente está reservada a recompensa de Deus até ao fim dos séculos». O prefeito Rústico perguntou-lhe: «Então tu supões que hás de subir ao Céu para receber algum prémio em retribuição?» Justino replicou-lhe: «Não suponho, sei-o com toda a certeza».
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