PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
O ensinamento sobre a porta estreita e as exigências fortes culmina no convite a renunciar a tudo, tomar sua cruz e seguir Jesus. Só assim será discípulo. São palavras que nos parecem duras e fora de nossa realidade.
O Evangelho usa a palavra odiar, que traduzimos por renunciar e desapegar. São palavras duras e fortes. Para nós é difícil ver a contradição entre o amor que se prega para com os pais e familiares e a expressão ódio que traduzimos por desapego. Este ódio não contradiz, mas é uma força de expressão que quer dizer: quem amar mais seus pais, mulher, filhos e até a própria vida mais do que a mim, não pode ser seguidor de Jesus.
O mandamento do Antigo Testamento era: “amarás o Senhor Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças”(Dt 5,6). Não diz que não se deve amar pais, esposa, filhos e a própria vida, mas sim que a força total é para com o seguimento de Jesus. E podemos dizer que só amará muito seus pais, irmãos, esposa, filhos e a própria vida quem segue Jesus para valer.
Jesus explica que aquele que quer seguí-lo deve ver se realmente pode enfrentar este compromisso que é total. Do contrário será como o homem que começou a construir uma torre e não pode acabar, ou como o rei que sai para a guerra em condições inferiores ao inimigo.
O fracasso no seguimento de Jesus está na falta de opção real e completa por Ele.
O sentido de pegar a cruz é assumir a vida como Jesus assumiu a sua: fazer a vontade do Pai, isto é amar ao extremo do amor num serviço de amor a Deus e aos pais, irmãos, amigos, esposa, filhos e à própria vida. Por isso Ele vai dizer: “quem perde a sua vida por causa de mim vai ganha-la”( Mt 16,26).
Certamente este ensinamento é incômodo para nós, pois, como diz a segunda leitura, “o corpo corruptível torna pesada a alma” (Sb 9 15).
Nossa realidade cristã e a realidade que nos cerca dão um valor muito grande às pessoas, sobretudo da família, e têm um apreço imenso pela própria vida, pelo seu modo de pensar e agir, não permitindo a ninguém, e nem Deus, dar palpite. Com razão, pois cada um deve reger a própria vida. Se o que move é o egoísmo, podemos nos dar mal. Se for a cruz de Jesus que nos guia, como guiou sua pessoa durante a vida, poderemos segui-lo. Caso contrário é melhor assentar-se e repensar se quero mesmo segui-lo.
Como ensinamento prático para nossa vida podemos fazer a escolha: conduzir nossos relacionamentos com família, com as outras pessoas e conosco mesmos, a partir da opção por Jesus. Amar como Jesus amava, sorrir como Jesus sorria, sentir como Jesus sentia.
Como Jesus amava as pessoas?
Dando a vida por elas. A vida que damos aos parentes e o esforço pessoal que fazemos de segui-lo de perto vai dar-nos alegria de viver, força nas dificuldades e realização plena a nós mesmos. Assim a peso da cruz se torna leve.Este é o lado leve da cruz.
(Leituras: Sabedoria 9,13-18; Filemon
9-10.12-17; Lucas 14,25-33)
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