domingo, 19 de julho de 2020

Homilia do 16º Domingo Comum (19.07.20)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
“O Fermento do Reino”
Paciência do Reino 
Sempre estamos falando do Reino de Deus. É preciso aprofundar sempre mais o sentido de nossa participação. O primeiro elemento é que o Reino cresce como a semente boa. Mas não é somente Ele quem planta boa sementes. O Maligno está sempre ocupado em plantar a semente maldita. O joio, em seu crescimento, parece o trigo. Os empregados se oferecem para arrancar o joio. Com isso arrancaria também o trigo. É o primeiro ensinamento. Escolhemos o Reino, mas ele vai crescer em meio das maldades do mundo. Não podemos separar. Dentro de nós temos essa situação. Isso não se arranca com a mão. É preciso paciência na prática do bem, tendo o mal semeado em nós. A força de crescimento do Reino é interna. Mesmo pequenina, pode crescer como uma grandiosa árvore. Podemos comparar com a semente do eucalipto que é um pozinho. Não depende de nós seu crescimento. E Jesus explica que essa força interior da semente é igual ao fermento. É a energia de Deus. Nós não a controlamos. É preciso paciência nesse crescimento. Semear uma planta é crer no seu crescimento. Mas não podemos espremer para que cresça logo. O crescimento vem de Deus. O Maligno semeia também e suas plantas crescem. Quanto mais crescem, mais difícil fica de acabar com elas. É preciso não deixar o Maligno trabalhar perto de nós. Depende muito de nossas opções. No final vem a separação, como se separa o joio do trigo. As sementes do Maligno vão para o fogo. 
O Espírito é por nós 
Temos dentro de nós essa batalha entre o bem e o mal. São nossas opções, não são externas a nós como algo que nos foi imposto. Temos em nós a tendência ao mal. Jesus nos anunciou o Reino. Escolhendo seu caminho vamos convivendo com nossas tendências ao mal. O mal cresce. Mas temos a presença do Espírito Santo que nos foi dado por Jesus: “O Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inenarráveis” (Rm 8,26). Nossa fragilidade se torna força pela ação do Espírito Santo que nos foi dado em nosso Batismo. Se o mal atua em nós, temos a intercessão do Espírito. Ele implora o que não sabemos dizer. Não sabemos a língua de Deus, mas Ele a sabe, e o faz em nosso favor. O mal e o bem não se equiparam. “Aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito” (Id 27). A batalha interior se desenvolve na liberdade humana. Deus não força seus filhos a amá-Lo, mas lhes dá todas as condições para vencerem. Por isso podemos seguir o que disse o dono da lavoura de trigo: “Deixem crescer um e outro até à colheita... Direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e amarrai-o em feixe para ser queimado. Recolhei o trigo no meu celeiro” (Mt 13,30). 
O Reino é sabedoria 
O Livro da Sabedoria nos mostra como Deus age. O Deus vingador não cabe no ensinamento de Jesus. “Deus cuida de todas as coisas, não é injusto no julgamento; é indulgente”... “Julgas com clemência e nos governas com grande consideração”. Esse procedimento é o maior ensinamento para nosso agir: “Assim procedendo, ensinaste que o justo deve ser humano”. “Desse modo nos deu a esperança de que Deus concede o perdão aos pecadores” (Sb 12,13,16-19). O Reino de Deus dentro em nós é regido pela sabedoria generosa compassiva. Deus não nos castiga e até cura nossas feridas. Ele nos fortalece e nos conforta com a presença de seu Espírito. 
Leituras: 
Sabedoria 12,13.16-19; Salmo 85; 
Rm 8,26-27;Mateus 13,24-43. 
1. É preciso paciência na prática do bem, sendo o mal semeado em nós. 
2. A fragilidade se torna força pela ação do Espírito que nos foi dado em nosso Batismo. 
3. O Deus vingador não cabe no ensinamento de Jesus. 
Lavoura sem cerca 
Jesus gostava das sementes para suas explicações. Ele era um homem do campo. E entendia bem. Gostamos de ver o Jesus mestre, pregador, fazendo milagres etc... mas nos esquecemos que até os trinta anos foi um roceiro. Era filho do carpinteiro. Mas tinha seu lugar para plantar para o sustento da casa. Não havia supermercado. Comia-se o que plantava. Por isso Jesus usa parábolas que caiam bem no ouvido do povo que era como Ele. Fazendo a comparação com esse problema que o homem teve em sua plantação, diz que acontece conosco do mesmo modo, pois junto de boas sementes o inimigo planta as más. Com elas temos que conviver. Na verdade é até bom porque, batalhando contra as más tendências e males, podemos ficar fortes para fazer crescer o bem. Não tiramos com as unhas. Mas defendemos com unhas e dentes o bem que há em nós.

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