segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “A Santidade tem inimigos”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
2094. Dois inimigos da santidade 
O Papa Francisco continua em sua Exortação Apostólica “Gaudete et Exultate”, ensinando-nos a ser santos. Seu ensinamento é biográfico. Ele chama a atenção a dois perigos na espiritualidade. Perigos e inimigos que destroem tanta boa vontade: O gnosticismo e o pelagianismo. São nomes difíceis e desconhecidos. “São duas heresias que surgiram nos primeiros séculos do cristianismo, mas continuam a ser de alarmante atualidade. Ainda hoje os corações de muitos cristãos, talvez inconscientemente, deixam-se seduzir por estas propostas enganadoras” (GE 35). São dois modos de agir diferentes que pensam só humanamente, disfarçando a verdade católica. Os resultados mostram a raiz do mal. “Estas duas formas de segurança doutrinária ou disciplinar, que dão origem a um elitismo narcisista e autoritário, no qual, em vez de evangelizar, se analisam e classificam os demais e, em vez de facilitar o acesso à graça, consomem-se as energias a controlar esta graça. Em ambos os casos, nem Jesus Cristo, nem os outros interessam verdadeiramente” (GE 35). Meio complicado, mas vemos que, mesmo na espiritualidade, na devoção, nas rezas pode haver procedimentos errados que as pessoas fazem como sendo muito bons. E não se aceita correção. Vemos quase dois mil anos de caminhos espirituais que não produziram muito fruto. 
2095. O gnosticismo atual 
O Papa explica como funciona esse erro: “O gnosticismo supõe uma fé fechada no subjetivismo, no qual apenas interessa uma determinada experiência ou uma série de raciocínios e conhecimentos que supostamente confortam e iluminam, mas, em última instância, a pessoa fica enclausurada em si mesma, em sua própria razão ou em seus sentimentos” (GE 36). E chama isso de “Uma mente sem Deus e sem carne”. Por que? Santidade não é o quanto conheço, mas o quanto amo. Mede-se o grau de amor e caridade. É necessário conhecer muito, mas a santidade não está no que se conhece, como a dizer: ‘Quem não tem conhecimento, não tem santidade’. Vai mais além ainda na compreensão de Jesus Cristo. Não há interesse pela encarnação e sofrimento de Cristo, sobretudo quando temos que vê-lo nos outros. O Papa usa uma expressão até cômica: “Ao desencarnar o mistério, em última análise preferem “um Deus sem Cristo, um Cristo sem Igreja, uma Igreja sem povo” (GE 37). Não está falando dos que vivem fora da Igreja. Há muitos estudiosos cristãos que vivem essa teoria. Evangelho não é teoria. Não basta saber muito para ter já santidade. Por isso encontramos tantos estudiosos que não têm fé. Se não for uma santidade do ser humano como um todo não corresponde ao evangelho. Não podemos ter medo da reflexão sobre a fé, sobre a Palavra de Deus, sobre a Igreja. A nós foi dado aprofundar sempre mais o conhecimento das riquezas que recebemos de Deus para aprofundar as riquezas da vida cristã e ensiná-la com verdade. 
2096. Mais vivos, mais humanos 
Não é preciso ter medo da santidade. Ela não diminui o ser humano, não tira a alegria nem as forças de viver. Ela pode ser vivida em qualquer situação do ser humano. Ela pode levar a pessoa à plena realização e maturidade, libertando-a do que a faz menos humano, mesmo quando os outros não nos tratam como ser humano. O Papa cita o caso de S. Bakhita que foi feita escrava aos sete anos e sofreu muito (GE 32). A santidade não é um empecilho à natureza humana, mas a torna mais útil e fecunda ao mundo. “A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça” (GE 34).

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