terça-feira, 28 de janeiro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “A sabedoria vem do alto”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Morte como serviço 
A sabedoria de Deus ilumina a vida humana. Assim foi em Cristo. Mesmo o seu sofrimento tomou sentido, além da dor, para se tornar salvação. Jesus, continuando seu caminho iniciado no batismo, chega ao momento crucial de assumir a consequência de sua missão. As forças do mal, usando os homens perversos, conduzem o “manso cordeiro ao matadouro” (Jr 11,19). Seu sofrimento é descrito no texto da primeira leitura que nos relata a perseguição ao justo. A partir de uma atitude dos discípulos, explica a sabedoria de Deus presente em sua morte: Eles discutiam qual deles seria o maior. Vemos aí a compreensão humana que tinham de sua participação na missão de Jesus. Como amoroso mestre, sentou, chamou-os e explicou: “Se alguém quiser ser o primeiro, deve ser o último de todos. E aquele que serve a todos” (Mc 9,35). O serviço é a sabedoria presente na vida do seguidor de Jesus. Aqui podemos ver como estamos longe, como Igreja, dessa sabedoria. A vida dos cristãos na comunidade, a partir de suas autoridades, ainda não compreendeu essas palavras. O que vemos é a busca do poder e da glória. A sabedoria presente nesse momento de dor da vida de Jesus é a escola de todo poder e vida comum dos discípulos. O salmo nos ensina a responder ao sofrimento: “É o Senhor quem sustenta minha vida”. Cristo, no momento de sua terrível paixão, alimentado pela Sabedoria Divina, faz o sacrifício máximo: “Pai, em vossas mãos entrego meu espírito”. Ali é capaz de nos passar o Espírito através do último suspiro: “Expirou” – entregou o Espírito. 
Vivendo com sabedoria 
Tiago nos relata a vida inútil da comunidade cristã que ignorava a sabedoria. Relata como está má a vida daqueles que escolheram a fé: “Onde há rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más”. E continua dizendo que as paixões são a causa dos males: “De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm justamente das paixões que estão em conflito dentre vós?” (Tg 3,16). O apóstolo tem conhecimento da condição humana: “Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir”. A razão de tudo é a falta da oração: “Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal”. O que se pede é para esbanjar com os prazeres (Tg 4.1-3). A sabedoria leva a uma vida serena, de bons frutos. O fruto da justiça é semeado na paz para aos que promovem a paz (Tg 3,17ss). Com a sabedoria que nos coloca a serviço, não na ganância, podemos construir uma comunidade que é o Reino de Deus. 
Acolher os pequeninos 
A oração pós-comunhão nos indicam que o alimento que nos dão os sacramentos nos levam a colher os frutos da redenção na celebração da liturgia e na vida. A vida da comunidade é um espaço onde podemos viver o mandamento do amor que se sintetiza no serviço mútuo. Como a fé sem obras é morta, o amor sem atos concretos de serviço fraterno não resolve e nos levam ao que Tiago comenta com sabedoria. A sabedoria é a vida da comunidade. Para exemplificar, Jesus toma uma criança e a coloca no meio deles, abraçando-a, explica como deve viver uma comunidade: acolhendo os pequeninos, tanto crianças e os mais frágeis. Perguntamos: Onde estão as crianças em nossas comunidades, como estão vivendo os mais frágeis? Qual é o acolhimento que damos aos pobres, aos doentes, aos sofredores? As crianças nos ensinam a acolher e agir com normalidade.

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